O Bitcoin (BTC) confirmou seu primeiro fechamento mensal acima de US$ 100.000 na última sexta-feira, 31 de janeiro. No entanto, o novo marco histórico foi seguido pela maior liquidação do mercado de criptomoedas em todos os tempos.
Sob o impacto negativo da guerra comercial global declarada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, inicialmente estimava-se que US$ 2,2 bilhões haviam sido liquidados em 24 horas.
Por si só, o valor já era superior àqueles registrados nos crashes desencadeados pela COVID-19, em março de 2020, pelo colapso do protocolo DeFi Terra Luna, em maio de 2022, e pela falência da FTX, em novembro daquele mesmo ano.
Mais tarde, o CEO da exchange de criptomoedas Bybit, Ben Zhou, elevou a estimativa para algo entre US$ 8 bilhões e 10 bilhões. O executivo explicou a discrepância entre os números levantados inicialmente e o valor real das liquidações a limitações no API (interface de programação de aplicativos) adotadas pelas próprias exchanges, distorcendo os dados dos mercados de derivativos de criptomoedas.
Em um mercado enfraquecido pelo efeito DeepSeek, que reduziu a capitalização de mercado de empresas de tecnologia norte-americanas em trilhões de dólares, o Bitcoin registrou mínimas de US$ 91.231 na segunda-feira, 3 de fevereiro.
Apesar da correção de aproximadamente 10% em 24 horas, a queda generalizada no mercado de criptomoedas contribuiu para impulsionar novamente a dominância do Bitcoin acima dos 60% – o nível mais alto dos últimos quatro anos.
A título de comparação, as duas maiores altcoins em capitalização de mercado, Ethereum (ETH) e XRP, acumularam perdas de dois dígitos na esteira do “tarifaço” anunciado por Trump.
À medida que atualizações sobre as negociações dos EUA com o México e o Canadá para rever as políticas tarifárias eram divulgadas ao longo do dia, o preço do Bitcoin recuperou quase integralmente as perdas do fim de semana, voltando a ser negociado acima de US$ 100.000.
Com a volatilidade refletindo as incertezas em torno das políticas de Trump, o Bitcoin é negociado por US$ 98.700 na abertura dos mercados nesta terça-feira, 4 de fevereiro, de acordo com dados da CoinGecko.
Esta semana, dados importantes sobre o mercado de trabalho nos EUA serão divulgados, oferecendo pistas sobre os rumos da política monetária do Banco Central dos EUA (Fed).
Nesta terça-feira, será divulgado o JOLTS, relatório sobre aberturas e fechamentos de vagas em dezembro. Analistas esperam que o número se mantenha estável em relação a novembro, com a criação de 8,1 milhões novas vagas de trabalho.
O relatório de emprego dos EUA de janeiro será divulgado na sexta-feira. Os analistas estimam que as folhas de pagamento aumentem em 175.000. Qualquer número acima desse patamar aumentará as probabilidades de um "ciclo de pausa" nos cortes de juros mais longo, um cenário desfavorável para ativos de risco como as criptomoedas.
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Análise do preço do Bitcoin
Imerso em um ambiente de alta volatilidade, o preço do Bitcoin inicia fevereiro — um mês tradicionalmente positivo para o mercado de criptomoedas — sem uma direção definida, conforme apontou Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor, ao Cointelegraph Brasil.
A manutenção do suporte em US$ 90.000 não exclui a possibilidade de quedas mais acentuadas no curto prazo, segundo Driessen:
“O Bitcoin iniciou a semana testando novamente a região de suporte de US$ 90.000 a US$ 91.000, podendo ter marcado o fundo de sua onda 3 (movimento em azul) e ainda voltar a cair para finalizar com uma onda 5 entre US$ 78.00 e US$ 83.000.”
Para evitar a confirmação de uma tendência de baixa momentânea, além de manter o suporte nos US$ 90.000, o Bitcoin precisa romper a resistência em US$ 106.500", acrescentou o analista.
O rompimento indicaria que o “preço do Bitcoin está seguindo o movimento em verde no gráfico abaixo e nos encaminhamos para uma onda 3 de alta com alvo na região de US$128.000", afirmou o analista.
Gráfico diário anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
Por sua vez, a perda do atual suporte poderia aprofundar a correção em curso até os US$ 74.000, concluiu Driessen, conforme os níveis de retração de Fibonacci destacados no gráfico abaixo.
Gráfico diário BTC/USDT (Binance) com níveis de suporte de Fibonacci em destaque. Fonte: Crypto Investidor
Um período de estagnação na faixa de preço atual também não pode ser descartado. Dados dos mercados de derivativos de Bitcoin sugerem que o fundo pode ter sido alcançado na recente correção. No entanto, o medo está atuando como um limitador para a retomada da tendência de alta acima dos US$ 100.000, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.