Resumo da notícia:

  • Analista que previu a recente queda do Bitcoin alerta que o atual ciclo de alta das criptomoedas pode ter chegado ao fim.

  • A retomada da tendência de alta depende do Bitcoin romper a forte resistência na faixa de US$ 124 mil a US$ 126 mil.

  • US$ 84 mil é a linha na areia para o preço do Bitcoin.

Há duas semanas, o analista da Crypto Investidor, Arthur Driessen, afirmara que a alta do Bitcoin rumo aos US$ 126.000 poderia ser uma típica “armadilha de touros” – e foi justamente o que aconteceu. A previsão se confirmou com a queda de 19% no preço do Bitcoin (BTC) em relação a suas máximas históricas na última sexta-feira, 10 de outubro. 

Agora, o analista alerta que a queda pode ter sido o estágio inicial de um novo mercado de baixa das criptomoedas.

Embora tenha sido potencializada pela liquidação de mais de US$ 19 bilhões em um único dia – valor superior ao do “Covid Crash” e da falência da FTX – a magnitude da correção não foi surpreendente ou absolutamente atípica para mercados de alta.

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Gráfico de liquidações nos mercados de derivativos de criptomoedas. Fonte: Coinglass/QR Asset

Murilo Cortina, diretor de novos negócios da QR Asset, afirmou no boletim semanal de análise de mercado da gestora que o Bitcoin já vinha perdendo força após atingir sua nova máxima histórica em 6 de outubro em um movimento de consolidação em torno de US$ 122.000.

Bastou uma postagem do presidente dos Estados Unidos Donald Trump nas últimas horas da sexta-feira, 10, quando o mercado acionário nos EUA se encaminhava para o fechamento, para desencadear uma correção brutal no mercado cripto:

“O anúncio de tarifas de 100% sobre importações chinesas provocou um ajuste relâmpago de risco e o BTC despencou de aproximadamente US$ 122 mil para mínimas próximas de US$ 104–107 mil em poucas horas, antes de fechar o dia em torno de US$ 113 mil.”

Cortina enfatiza que a liquidação maciça nos mercados de derivativos não foi causada apenas pela manifestação de Trump. O movimento foi potencializado pela “desancoragem de preços” — ou seja, a diferença abrupta de cotações do mesmo ativo entre diferentes exchanges — em meio ao pânico dos investidores.

No auge da crise, a correlação entre os pares BTC/USD e BTC/USDT — normalmente mantida por operações de arbitragem — não se sustentou. “Surgiram spreads de milhares de dólares entre as principais exchanges, e cotações extremas em plataformas com menor liquidez”, explicou Cortina.

A perda de paridade em ativos utilizados como garantia em operações de margem e produtos de rendimento amplificou a espiral descendente, conforme explicou o analista:

“Com o colateral marcando para baixo, os gatilhos de margem dispararam, provocando novas vendas forçadas. Isso impactou negativamente os preços, aprofundando a perda de paridade.” 

Nesse contexto, altcoins de capitalização de mercado médias e pequenas caíram entre 40% e 70%, dependendo da plataforma. Apesar da turbulência gerada pelo evento, a reação do mercado foi típica de momentos de grande desalavancagem, afirma Cortina: 

“Estabilização parcial dos benchmarks, taxa de financiamento voltando à neutralidade, juros em aberto abaixo dos picos anteriores e uma base de posições menos esticada.”

Com o recuo de Trump em relação à China e a manutenção das expectativas de cortes de juros nos EUA na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) no próximo dia 29, o mercado mantém um viés positivo, segundo a QR Asset. 

Análise de preço do Bitcoin

Apesar de o preço do Bitcoin ter se estabilizado em torno de US$ 115.000 com uma rápida recuperação após o crash da semana passada, a retomada da tendência de alta depende do rompimento da resistência estabelecida entre US$ 124.000 e US$ 126.000, afirma Arthur Driessen.

O analista da Crypto Investidor destaca que o preço do Bitcoin já foi rejeitado três vezes nessa região. Caso o rompimento se confirme, os próximos alvos de alta situam-se entre US$ 149.000 e US$ 164.000, afirma Driessen.

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Gráfico diário anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor

Em um cenário pessimista, “o movimento recente pode ter sinalizado o topo do ciclo atual, e o crash da última sexta-feira pode ter sido o gatilho inicial de uma correção mais profunda", segundo o analista. 

Se o Bitcoin voltar a ser negociado abaixo dos US$ 84.000 – as mínimas registradas no último movimento ascendente –, um pivô de baixa se confirmará, destaca Driessen: 

“Essa estrutura projetaria alvos na região de US$ 82.000 a US$ 83.000, representando uma onda 3 para baixo dentro de um processo corretivo maior.” 

Essa formação sinalizaria o início de um novo mercado de baixa, com alvos de fundo projetados entre US$ 50 mil e US$ 60 mil, conforme o gráfico abaixo, conclui o analista.

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Gráfico diário anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor

Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil, traders e analistas estão divididos sobre os rumos do mercado: enquanto alguns afirmam que um novo mercado de baixa está em curso, outros acreditam que a queda recente foi uma oportunidade para investidores montarem novas posições a preços mais baixos.

Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e negociação envolve riscos, e os leitores devem conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.