O Bitcoin (BTC) inicia uma semana crucial de outubro com o destino do mercado de alta em jogo. O que vem a seguir?
O Bitcoin encena uma sólida recuperação após sua maior liquidação da história, atingindo uma máxima de US$ 116.000 até agora.
Os traders estão divididos sobre o rumo do mercado a partir daqui; há até dúvidas se o mercado de alta retornará.
Um grande reset na alavancagem oferece alívio potencial para os touros, mas as posições short continuam sendo uma preocupação.
Os dados de inflação dos EUA continuam atrasados devido à paralisação do governo, enquanto o presidente do Fed, Jerome Powell, deve discursar.
O “trade de desvalorização” das criptos está em foco à medida que o ouro atinge novas máximas históricas.
“Game over” enquanto o Bitcoin e as criptos se recuperam
O Bitcoin conseguiu retornar a US$ 116.000 no início da semana, enquanto a volatilidade do fechamento semanal apareceu pontualmente.
Isso representou uma recuperação de 5,7% em relação às mínimas de sexta-feira, de US$ 109.700, que seguiram a maior limpeza de liquidez da história do mercado cripto, segundo dados do Cointelegraph Markets Pro e do TradingView.
Um único anúncio de tarifas, como parte da guerra comercial entre EUA e China, foi o suficiente para criar um pânico sem precedentes.
Até as ações e o ouro entraram no caos, mas, na segunda-feira, o metal precioso atingiu novas máximas de US$ 4.078 por onça.
“Se incluirmos a queda no pós-mercado dos futuros, o S&P 500 abriu com +120 pontos”, observou o The Kobeissi Letter em sua cobertura contínua no X.
“Isso efetivamente apagou 50% da queda vista no final da semana passada. Agora, aguardamos mais orientações do governo Trump.”
O mercado cripto, por sua vez, adicionou mais de meio bilhão de dólares em capitalização após as mínimas de sexta-feira. Como alguns traders vendidos haviam cronometrado o mercado bem demais, o cofundador Adam Kobeissi descreveu a recuperação como “game over”.
“Esta foi uma das maiores e mais rápidas transferências de riqueza da história do cripto”, disse ele.
O presidente dos EUA, Donald Trump, cuja mensagem no Truth Social iniciou a liquidação, ajudou a recuperação da mesma forma.
“Não se preocupem com a China, vai ficar tudo bem!”, ele escreveu no domingo.
Como resultado dos eventos recentes, um gráfico se destaca: a volatilidade. Conforme observou o analista on-chain Frank A. Fetter, cuja conta no X leva o nome de um economista famoso, a volatilidade implícita agora está nos níveis mais altos desde abril, auge da disputa tarifária.
“O BTC acaba de registrar um pico na volatilidade implícita — o mercado agora está precificando movimentos maiores à frente. Finalmente”, ele disse aos seguidores.
Fetter parecia se referir à natureza morna do que deveria ser o ano de clímax do atual ciclo de alta do Bitcoin. Como o Cointelegraph relatou, crescem as preocupações de que o BTC/USD possa não repetir a história com um topo explosivo no quarto trimestre.
Mercado de alta do Bitcoin depende de linha de tendência chave
Os traders enfrentam um dilema nesta semana: o pior já passou ou é apenas o início de uma grande correção no preço do BTC?
Para o trader Roman, que sempre desconfiou da força deste mercado de alta, a resposta é clara: é o início de uma nova queda.
“O crash-relâmpago da semana passada bateu perfeitamente em nossa linha de tendência ascendente desde agosto de 2024 em 40k”, ele escreveu ao lado de um gráfico no X.
“Estou esperando ao menos um reteste em 108, mas, como muitos sabem, o gráfico de longo prazo mostra sinais de baixa. Vou checar o diário quando tivermos um reteste de suporte entre 107–108.”
Roman acrescentou que uma quebra abaixo da linha diagonal “confirmaria oficialmente uma nova tendência macro de baixa e provavelmente o início do mercado de urso.”
Já o trader Skew observou que “grandes players” estão entrando conforme o preço do BTC retomou US$ 115.000.
$BTC
— Skew Δ (@52kskew) October 12, 2025
Looks like $115K was a key trigger for some large players too (likely a firm) pic.twitter.com/ta9w5iafia
“Parece tudo bem, desde que o preço não feche abaixo de US$ 112 mil no diário e na próxima semana”, ele disse, colocando o desafio dos touros em US$ 120.000.
O trader SuperBro também usou a liquidez dos order books das exchanges para mapear níveis importantes:
“Respeitem as zonas de liquidação. O mercado tradicional pode precisar retestar as mínimas, e há liquidez entre 108,5 e 113, com concentração perto dos 111 mil. A zona quente acima está entre 123–128, com concentração em torno da máxima histórica de US$ 126 mil.”
Analista: “Tenha cautela” após limpeza de liquidez cripto
O colapso da semana passada provocou um reset histórico no mercado cripto.
Dados recentes da Glassnode mostram que as taxas de financiamento em exchanges de derivativos caíram para níveis de mercado de baixa.
“As taxas de financiamento no mercado cripto despencaram para os níveis mais baixos desde o fundo do bear market de 2022”, a empresa afirmou no domingo.
“Isso marca um dos resets de alavancagem mais severos da história cripto — um sinal claro de como o excesso especulativo foi expurgado do sistema.”
O Open interest conta a mesma história: entre sexta e domingo, mais de US$ 20 bilhões desapareceram das exchanges, segundo dados da CoinGlass, antes de subir de US$ 69 bilhões para US$ 74 bilhões.
“Vimos a maior eliminação de open interest da história. Só para o BTC, mais de US$ 10 bilhões foram apagados em todas as principais exchanges,” confirmou o cofundador da Glassnode, Rafael Schultze-Kraft.
Ele acrescentou que as liquidações “quase certamente foram maiores” devido à falta de dados completos.
“Nosso gráfico de viés Long/Short do BTC, que rastreia as posições agregadas dos maiores traders na Hyperliquid, mostrou um forte aumento nos shorts a partir de 6 de outubro, bem antes dos eventos de sexta.
Embora os níveis tenham se recuperado, permanecem profundamente negativos. Mantenham a cautela.”
Falta de dados coloca Powell no centro das atenções
Dois indicadores-chave de inflação dos EUA podem ser adiados nesta semana devido à paralisação do governo.
A divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI) de setembro e dos pedidos de seguro-desemprego estava prevista para quinta-feira.
Com o impasse, as atenções se voltam ao Federal Reserve e seus dirigentes. O presidente Jerome Powell fará um discurso sobre “Perspectiva Econômica e Política Monetária” na conferência anual da NABE, na Filadélfia.
Os mercados observarão o tom de Powell em busca de confirmação sobre futuros cortes nas taxas de juros — algo desejado pelos traders de ativos de risco como vento de liquidez favorável.
Segundo o FedWatch Tool do CME Group, as expectativas seguem quase unânimes para um corte de 0,25% na reunião de 29 de outubro.
Comentando, a Mosaic Asset Company observou “profundas divisões” entre as autoridades em relação ao momento e à extensão de futuros cortes.
“As atas da reunião mais recente de definição de juros mostram que o Federal Reserve permanece no caminho de afrouxamento por enquanto”, escreveu na edição mais recente de seu boletim regular, The Market Mosaic.
“Os comentários do Fed mostram que há profundas divisões no banco central e se o mandato de pleno emprego ou de estabilidade de preços tem maior importância.”
Como o Cointelegraph relatou, a fraqueza do mercado de trabalho é uma prioridade particular para o Fed.
Todos a bordo do trem do “comércio de desvalorização”
Em meio ao caos de curto prazo, as criptomoedas e os ativos de risco podem estar no início de uma tendência muito maior, graças às mudanças de atitude em relação ao dólar dos EUA e às moedas fiduciárias.
O mais recente mercado de alta do Bitcoin acompanhou a ascensão do chamado “comércio de desvalorização”, um grande hedge contra a desvalorização cambial em todo o mundo.
“O Bitcoin começou a se mover para recordes em 2024, o que levou o Bitcoin a até US$ 125.000”, escreveu a Mosaic Asset Company.
“Similar ao ouro liderando novas máximas nos metais preciosos, o Bitcoin está liderando o caminho entre as criptomoedas.”
Com o ouro em novas máximas históricas nesta segunda-feira, a Mosaic voltou-se ao que pode se tornar um novo desafio para os touros de ativos de risco nos próximos meses: a inflação.
“Metais preciosos e criptomoedas populares viram um impulso devido a preocupações com a desvalorização da moeda após um aumento da oferta monetária global e níveis crescentes de dívida pública. Outro sintoma da desvalorização cambial pode ser uma onda inflacionária nos próximos meses”, continuou.
A Mosaic fez referência ao componente “preços pagos” nas pesquisas recentes de negócios do Fed, que, segundo ela, muitas vezes é um indicador antecedente para tendências de inflação.
“Embora o aumento nos indicadores de preços pagos se alinhe com o início da guerra comercial, a desvalorização cambial também pode ser um motor subjacente da inflação”, acrescentou.
O caráter geral dos mercados neste ano pode agravar quaisquer surpresas futuras na história macroeconômica.
O The Kobeissi Letter usou a resposta relâmpago da guerra comercial EUA–China da semana passada como um exemplo primordial da nova realidade.
“A liquidação de –US$ 19,5 bilhões em cripto e a queda de –US$ 2,5 trilhões no mercado acionário em 10 de outubro destacaram um ponto crucial. Os mercados em 2025 evoluíram para sua forma mais reacionária da história”, escreveu no X.
“Quando você combina isso com níveis recordes de alavancagem, um mercado que induz FOMO e forte participação de traders algorítmicos, torna-se violento.”
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Toda movimentação de investimento e negociação envolve risco, e os leitores devem conduzir sua própria pesquisa ao tomar uma decisão.