Além do bloqueio do X (antigo Twitter) no Brasil e das multas impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à empresa, Elon Musk poderá arcar com novos prejuízos em sua batalha contra o ministro Alexandre de Moraes.
A suspensão temporária do X no Brasil pode impactar significativamente sua base de usuários locais, revela um levantamento da Broadminded, braço de pesquisa da Sherlock Communications.
Quase um quarto (24%) dos 1.045 usuários do X entrevistados pela Broadminded declararam que não pretendem voltar a usar a plataforma caso a suspensão seja revogada. Além disso, 34% relataram uma melhora em sua saúde mental depois que o acesso à rede social foi bloqueado em 30 de agosto.
O abandono dos usuários brasileiros, no entanto, é uma tendência anterior ao bloqueio da plataforma pelo STF, revela a pesquisa. Um em cada cinco (19%) usuários do X disse ter reduzido os acessos ou deixado de usar a plataforma antes mesmo da suspensão, devido à proliferação de conteúdos impróprios.
Até a suspensão, o Brasil figurava entre os 10 países com a maior quantidade de usuários ativos do X. Entre os entrevistados pela Broadminded, 51% relataram ser usuários frequentes da plataforma, ao passo que 30% afirmaram utilizá-la eventualmente.
A pesquisa revelou ainda que a maioria dos usuários (56%) preferiu utilizar redes sociais nas quais já estavam cadastrados antes da suspensão, em vez de adotar novas plataformas. Entre aqueles que buscaram alternativas similares ao X, 22% aderiram ao Threads, vinculado ao Instagram, e 15% ao protocolo descentralizado BlueSky.
Bloqueio do X divide as opiniões dos usuários
O bloqueio rachou a comunidade brasileira de usuários do X. Segundo a pesquisa, 43% se mostraram contrários à decisão do STF, ao passo que 39% declararam apoio à medida. O restante (18%) preferiu não opinar por falta de informações suficientes sobre o caso.
Apesar do equilíbrio entre opiniões contrárias, 82% dos usuários brasileiros do X acreditam que as plataformas de rede social devem ser responsabilizadas pela disseminação de fake news e discursos de ódio
Além disso, 80% defendem que as plataformas de rede social devem se submeter às leis dos países em que operam, e 72% acreditam que cabe às empresas controlar o conteúdo veiculado pelos usuários.
Por outro lado, mais de um terço dos entrevistados (35%) se alinharam a Musk, manifestando preocupação com os riscos à liberdade de expressão decorrentes da decisão do STF.
O impacto comercial da suspensão do X foi limitado. Segundo uma pesquisa encomendada pelo site Nomophobia.com à Broadminded, 28% dos entrevistados afirmaram que a suspensão da rede social impactou diretamente suas campanhas de marketing e estratégias comerciais de conteúdo, engajamento e alcance. Apenas 9% disseram se sentir mais distantes de seus clientes com o bloqueio da plataforma.
O ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão do X no Brasil em 30 de agosto, depois que Musk se recusou a apontar um representante legal no país, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil na ocasião.
Em sua decisão, o ministro argumentou que Musk estava usando o X para promover e incentivar discursos extremistas e antidemocráticos. Além disso, a empresa estaria desobedecendo as leis brasileiras ao não seguir determinações judiciais para bloqueio de contas e moderação de conteúdo.
Há dez dias, Musk começou a recuar, suspendendo contas de ativistas acusados de disseminar conteúdos falsos e discriminatórios. Em seguida, indicou a advogada Rachel de Oliveira Villa Nova como representante legal da empresa no Brasil.
Na última sexta-feira, 27 de setembro, Moraes manteve sua decisão e condicionou o fim da suspensão ao pagamento adicional de R$ 10 milhões em multas. O ministro também exigiu a retirada do recurso movido pela Starlink para revogar a transferência dos recursos da empresa de satélites de propriedade de Musk para as contas da União, visando o pagamento das penalidades impostas ao X pelo STF.