O avanço na regulamentação do mercado de criptomoedas e a adoção da tecnologia blockchain colocam o Brasil na vanguarda mundial quando o assunto é a digitalização financeira por meio da tecnologia disruptiva. O que situa o país em um "nível de maturidade único", por meio de iniciativas como o Drex, a versão brasileira de moeda digital emitida por banco central (CBDC, na sigla em inglês), também serve de catalisador para o aumento das operações da Visa no país, segundo a head de Soluções Cripto para a América Latina e o Caribe, Catalina Tobar.
Foi o que a representante da gigante mundial de pagamentos revelou em entrevista à Exame, publicada esta semana. Segundo ela, a Visa criou um time blockchain e cripto em 2018, que conta atualmente com um 50 pessoas, com propósito de "pensarem como alavancar a tecnologia blockchain, como melhorar a infraestrutura atual e também melhorar a rede da Visa, mas também sobre como começar a desenvolver novas soluções com blockchain para a área de pagamentos." 
Ao frisar que o país é uma das prioridades da empresa, a executiva argumentou que:
"O Brasil está sendo pioneiro em fomentar esse processo através de uma regulação clara e uma agenda digital específica, fomentando essa participação de diferentes players digitais.”
Ela também revelou que a Visa está desenvolvendo uma plataforma de tokenização para “oferecer a diferentes instituições a possibilidade de entrar no mundo da tokenização com uma mudança técnica mínima, disponibilizando APIs, experiência simples e a possibilidade de experimentar de maneira escalável casos de uso específico e emitir, trocar e queimar tokens externa e internamente, sem mudanças grandes de infraestrutura.” 
"O que dá força à tokenização é a possibilidade de atualizar a infraestrutura atual, e isso não significa que hoje a infraestrutura não funcione bem, mas podemos ter novas eficiências operativas, diminuir intermediários, custos, fazer uma ponte para que diferentes setores consigam implementar diferentes casos de usos de uma forma mais eficiente", justificou. 
Em relação ao Drex, que tem a Visa como um dos consórcios participantes dos testes do piloto da CBDC, Catalina Tobar destacou a importância das entidades bancárias a partir do acesso ao “Real Digital.”
“Elas [as instituições] estarão no meio do caminho, permitindo o vínculo com a camada de infraestrutura regulada, com garantia de reserva, mas também desenvolvendo tokens, que são stablecoins, versões tokenizadas de instrumentos financeiros já respaldados e com diferentes casos de uso", emendou. 
A executiva ainda avaliou que o avanço da tecnologia pode trazer mais liquidez e novos mercados nos próximos anos pela possibilidade de fracionalidade e programabilidade, que conseguem alcançar pequenos investidores, atualmente fora do mercado financeiro tradicional.
Essa semana, a edição anual do Índice Global de Adoção de Criptomoedas, da empresa de análise de dados, software e pesquisas relacionadas a blockchain Chainalysis revelou que o país caiu duas posições em adoção de criptomoedas, mas manteve a liderança na América Latina, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.