O rompimento da resistência em US$ 88.700 na terça-feira, 22 de abril, pode ter sinalizado o início do último e mais explosivo movimento do mercado de alta do Bitcoin, afirma o analista Diego Consimo, fundador e CEO da Crypto Investidor.
O preço do Bitcoin (BTC) voltou a ultrapassar e se consolidar acima dos US$ 90.000 pela primeira vez desde 7 de março com uma alta de 6,6% nas últimas 24 horas, reforçando a tese de que a maior criptomoeda do mercado está se descolando do mercado acionário dos EUA.
No fechamento semanal no último domingo, o Bitcoin registrou uma alta de 1,7%, após tanto o índice Nasdaq quanto o S&P 500 terem encerrado o pregão na última sexta-feira no vermelho.
Ainda que os dois principais índices de ações dos EUA tenham recuperado parte do terreno perdido no começo desta semana, ambos ainda estão abaixo dos patamares em que se encontravam em 2 de abril, o Dia da Libertação, ocasião em que Donald Trump anunciou a implementação de tarifas a todos os parceiros comerciais dos EUA.
Sob o impacto da guerra comercial do presidente dos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq registram perdas de 8,32% e 10,38% nos últimos 30 dias, respectivamente, enquanto o Bitcoin acumula ganhos de 8,3% no mesmo período, de acordo com dados da TradingView.
Esses movimentos opostos “recolocam o bitcoin em destaque como uma alternativa em um cenário de incerteza global", afirmou o boletim semanal de mercado da gestora de ativos digitais QR Asset.
Ainda não é possível afirmar se o descolamento é apenas um movimento pontual, mas a confirmação desta tendência nas próximas semanas poderá confirmar o status do Bitcoin como “ouro digital”, diz o boletim:
“Por não estar intrinsecamente ligado a nenhuma economia específica, o Bitcoin pode se beneficiar desse momento de fragmentação nas cadeias de comércio internacional. Neste cenário, esse movimento sugere que o mercado pode estar começando a considerar o ativo digital como uma forma de proteção nesse novo ambiente.”
A fraqueza das ações e a resiliência do Bitcoin coincidem com novas mínimas do Índice de Força do Dólar (DXY), que retornou a mínimas abaixo de 100 que não eram vistas desde 2022. Historicamente, o Bitcoin mantém uma correlação negativa com a moeda norte-americana.
No cenário macroeconômico, Trump aumentou o tom de seus ataques contra Jerome Powell, presidente do Banco Central dos EUA (Fed), ameaçando-o até mesmo de demissão caso ele não promova a flexibilização da política monetária com cortes nas taxas de juros em um futuro próximo.
Analistas sugerem que ambos os desfechos da queda de braço entre Trump e Powell tendem a beneficiar o Bitcoin.
Uma intervenção direta sobre a liderança do Fed seria um golpe sobre a autonomia da autoridade monetária, capaz de abalar a confiança no sistema. Já uma possível retomada dos cortes nos juros traria mais alívio para os ativos de risco.
Apesar da pressão de Trump, a probabilidade de que os juros sejam reduzidos já na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcada para 7 de maio, é de apenas 7,4%, de acordo com dados da FedWatch Tool da CME.
Por outro lado, as estimativas atuais apontam que quatro cortes nos juros podem ocorrer até o final de 2025.
Análise do preço do Bitcoin
O rompimento da resistência em US$ 88.700 marcou um topo ascendente relevante para o preço do Bitcoin, “que tecnicamente pode indicar o fim da onda 4 corretiva e o início da Onda 5 de longo prazo”, segundo Diego Consimo.
“Se esse movimento se confirmar, os alvos projetados estão entre US$156.000 e US$179.000", diz o analista, projetando o possível topo do atual mercado de alta.
Gráfico de 4 horas anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
O analista projeta dois cenários otimistas daqui por diante:
“No cenário 1, o Bitcoin já teria finalizado uma onda 1 curta na região dos US$94.000, entrando agora em uma onda 2 corretiva antes de iniciar a onda 3 — que historicamente é a mais explosiva do ciclo", afirma o analista, conforme delineado no gráfico abaixo.
Gráfico de 4 horas anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
A outra possibilidade é que o Bitcoin consolide uma onda 1 estendida nos próximos dias, com um alvo logo abaixo da máxima histórica atual de US$ 109.000, “indicando maior força compradora e possível entrada institucional nesse rompimento", diz o analista.
Gráfico de 4 horas anotado BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
Adicionando fatores macroeconômicos à equação, Consimo aponta que o DXY “está em um ponto decisivo e uma queda mais acentuada pode reforçar a entrada de capital em ativos de risco, acelerando a retomada da alta.”
Gráfico semanal anotado DXY (Îndice da Força do Dólar). Fonte: Crypto Investidor
Ao mesmo tempo, a recente recuperação do mercado acionário nos EUA sugere que “o S&P 500 marcou fundo técnico e pode estar desenhando sua última pernada de alta rumo aos 7.000 pontos — o famoso blow-off top", diz Consimo.
“Esse tipo de exaustão no mercado tradicional costuma coincidir com topos de ciclo para as criptomoedas", acrescenta o analista.
Gráfico diário anotado S&P 500. Fonte: Crypto Investidor
“Se esse cenário for validado, estamos testemunhando o começo do último e mais poderoso impulso de alta do Bitcoin neste ciclo", conclui Consimo, ponderando que uma eventual falha na confirmação destes cenários pode resultar em um reteste da zona entre US$ 69.000 e US$ 72.000.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, há três fatores em jogo que podem limitar a alta do Bitcoin aos US$ 90.000 no curto prazo: o arrefecimento dos investimentos institucionais, a falta de liquidez nos EUA e a política monetária do Fed.