O futuro da tokenização de ativos reais (RWA) está no ecossistema do Bitcoin, segundo a Tether, emissora do (USDT), a maior stablecoin por capitalização de mercado.
Em novembro de 2024, a empresa lançou a Hadron, uma plataforma de tokenização de ativos reais destinada ao uso institucional que permite que empresas, gestoras de ativos e estados-nação emitam e gerenciem ações, títulos, stablecoins, pontos de fidelidade e outros tokens RWA.
A plataforma conecta-se ao ecossistema de soluções de camada 2 (L2) do Bitcoin (BTC) para criar uma infraestrutura na qual os mercados de capitais possam operar nativamente na rede, em conformidade com os mais altos padrões de identificação de clientes (KYC) e prevenção à lavagem de dinheiro (AML). A Hadron também é compatível com L2s da Ethereum (ETH).
Segundo um comunicado divulgado pela Tether nesta semana, “a camada base do Bitcoin oferece garantia de liquidação incomparável, com total segurança, intolerância a falhas e interoperabilidade global.
“Enquanto as instituições financeiras tradicionais sempre pressionaram por ecossistemas fechados e opacos para os cidadãos, a Hadron reforça o compromisso da Tether de construir um futuro mais inclusivo", afirmou Paolo Ardoino, CEO da Tether.
A iniciativa da Tether baseia-se no princípio de um futuro “hiper-bitcoinizado”, no qual o Bitcoin se torna o padrão monetário global, substituindo moedas fiduciárias como ativo preferencial para investimentos, transações de valores e infraestrutura financeira.
“A política monetária deixaria de ser controlada pelos bancos centrais, à medida que as moedas inflacionárias perdessem relevância, enquanto sistemas sem confiança, baseados em provas criptográficas e contratos inteligentes, reduziriam a dependência dos intermediários tradicionais.”
Apesar da aposta em um futuro dominado pelo Bitcoin, a Hadron também é compatível com L2s da Ethereum (ETH), a maior plataforma de contratos inteligentes do mercado cripto atualmente.
L2s do Bitcoin oferecem suporte a tokenização de ativos reais
A blockchain do Bitcoin não oferece suporte para contratos inteligentes, mas, segundo a Tether, o desenvolvimento de soluções de camada 2 permite que os mercados de capitais sejam transferidos de sistemas fechados para o ambiente on-chain, com ativos do mundo real tokenizados e liquidados através de protocolos baseados no Bitcoin.
“Os protocolos de camada 2 ampliam as capacidades do Bitcoin, utilizando sua camada base sem modificar as regras de consenso subjacentes. Esse design preserva a segurança e a descentralização do Bitcoin, ao mesmo tempo em que introduz recursos úteis para casos de uso específicos. Para a tokenização de ativos como imóveis, crédito privado, commodities ou títulos soberanos, essas melhorias são essenciais.”
Atualmente, quatro L2s se destacam por oferecer funcionalidades essenciais para a tokenização de ativos reais: velocidade de transação, custos reduzidos, programabilidade e privacidade.
A Liquid Network é uma sidechain federada que já opera em produção e está totalmente integrada à plataforma Hadron da Tether. A rede viabiliza transferências rápidas e confidenciais, com tempos de confirmação de apenas dois minutos, permitindo transações privadas onde os valores permanecem ocultos – um recurso fundamental para instituições financeiras.
O protocolo suporta a emissão nativa de ativos digitais, incluindo stablecoins e títulos tokenizados, e já é utilizado por grandes exchanges de criptomoedas como Bitfinex e Kraken para liquidação inter-exchange.
A Liquid possui ainda uma infraestrutura adequada à tokenização e negociação de ativos reais como títulos imobiliários, commodities e outros ativos financeiros complexos.
O RGB Protocol é uma L2 que funciona off-chain, utilizando a blockchain apenas para ancoragem de compromissos criptográficos, o que garante total privacidade dos dados compartilhados.
Este design permite que contratos complexos sejam executados sem sobrecarregar a rede principal e sem expor informações sensíveis publicamente, tornando-o ideal para instrumentos financeiros que exigem confidencialidade absoluta, como imóveis fracionados, crédito privado e fundos de investimento.
O Ark Protocol busca resolver um dos maiores desafios à ampla adoção do Bitcoin – o custo e complexidade das microtransações – através de um modelo de "pools compartilhados" que agrupa múltiplas transações para liquidação periódica na blockchain principal, eliminando a necessidade de canais pré-financiados como ocorre na Lightning Network.
O protocolo é focado em casos de uso como pagamentos frequentes e de baixo valor, incluindo programas de fidelidade tokenizados, micropagamentos, distribuição automática de dividendos de ativos tokenizados e pagamentos regulares de juros em títulos de dívida.
Com capacidade de processar milhares de transações por segundo com taxas próximas de zero, o Ark Protocol é visto pela Tether como uma infraestrutura essencial para a financeirização completa do ecossistema Bitcoin.
Por fim, o Taproot Assets promove a convergência entre a segurança do Bitcoin e a velocidade da Lightning Network, permitindo a emissão de ativos diretamente na blockchain principal com compatibilidade nativa para pagamentos instantâneos.
Baseado na atualização Taproot do Bitcoin, o protocolo fornece liquidez para negociação de stablecoins e tokens RWA com custo baixo. O Taproot Assets desbloqueia inúmeros casos de uso comerciais: empresas podem pagar fornecedores com ativos tokenizados, funcionários podem receber salários em cestas diversificadas de ativos, e a integração nativa com Lightning facilita a criação de mercados de câmbio descentralizados onde diferentes ativos podem ser transacionados instantaneamente.
O Taproot Assets permite que diferentes ativos digitais circulem como moeda, com a segurança e descentralização do Bitcoin.
A Hadron faz parte de um planejamento estratégico da Tether para diversificar suas operações para além do mercado de stablecoins. Em maio, a empresa adquiriu participação majoritária na Adecoagro, gigante latino-americana do agronegócio, visando o mercado de commodities tokenizadas.
Esta semana, adquiriu 32% das ações da empresa canadense de royalties de ouro Elemental Altus Royalties, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.