A janela de oportunidade da inteligência artificial (IA) está aberta, e o Brasil não pode ficar para trás na mais nova onda da transformação digital, afirma Junior Borneli, fundador da StartSe, uma startup brasileira de educação com operações nos EUA e na China, principais polos globais de tecnologia.
Em novembro do ano passado, a StartSe lançou o "Movimento IA Brasil" com a meta de introduzir e especializar pelo menos 1 milhão de brasileiros em IA por meio de cursos gratuitos.
Borneli afirma que a IA deveria ser tratada como uma questão de estado para que o Brasil não fique para trás no desenvolvimento e na adoção da tecnologia que deve moldar o futuro da humanidade:
“É a maior inovação tecnológica de todos os tempos. Supera a Revolução Industrial e a agrícola. É um assunto de soberania nacional, alvo de políticas públicas. Quem tem acesso à IA são as pessoas que produzem mais e se desenvolvem mais rapidamente.”
"IA para Todos"
Em pouco mais de dois meses, a StartSe atingiu a marca de 12 mil alunos. Agora, a startup busca fechar parcerias e acordos de patrocínio com empresas privadas para ampliar o alcance de sua plataforma e atingir a ambiciosa meta de 1 milhão de usuários. A gigante do setor de tecnologia IBM foi a primeira empresa a se associar ao projeto.
Intitulado “IA para Todos”, o primeiro curso oferecido pelo Movimento IA Brasil é dividido em quatro módulos. Segundo Borneli, o objetivo é introduzir os alunos aos conceitos básicos da tecnologia, casos de uso e principais ferramentas de IA disponíveis no mercado, além de abordar questões éticas e de impacto social, como vieses discriminatórios e transformações no mercado de trabalho.
O objetivo é “alfabetizar” os alunos, preparando-os para alavancar seu desenvolvimento pessoal e profissional com as ferramentas de IA:
“Chamamos isso de uma nova alfabetização. A IA pega tudo o que a gente sabia fazer nos últimos 40 anos e muda completamente a mecânica disso. Quem continua fazendo do jeito que sempre fez vai ser menos produtivo, ganhar menos e ter mais dificuldade no seu negócio. Não é se proteger para não ficar para trás. É se atualizar para ser muito mais relevante.”
Na segunda fase do projeto, serão disponibilizados cursos temáticos, abordando casos de uso e ferramentas específicas para diferentes nichos de mercado.
Investimento público e regulamentação da IA no Brasil
No ano passado, o governo federal anunciou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), com um investimento previsto de US$ 23 bilhões.
Embora modestos em comparação com os investimentos de US$ 380 bilhões nos EUA e US$ 306 bilhões na China, os aportes do governo brasileiro superam o apoio estatal ao setor na França e no Reino Unido.
"O Brasil não entra no jogo para sermos meros consumidores ou fornecedores de dados para os gigantes tecnológicos globais”, afirmou a ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em agosto, logo após o anúncio do PBIA.
Entre os projetos de maior destaque a serem desenvolvidos no âmbito do PBIA estão um supercomputador com capacidade de processamento de 5,1 petaflops/s (5,1 quatrilhões de operações matemáticas por segundo), um sistema de computação em nuvem abastecido por dados públicos e um chatbot de IA generativa treinado com dados nacionais, tendo o português como língua nativa.
Em paralelo, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei para regulamentação da IA no Brasil. O Projeto de Lei 2.338/2023 foi aprovado no Senado Federal em 10 de dezembro, sob protestos e tentativas da bancada de oposição ao governo federal de adiar a votação, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.
O texto aprovado seguiu para apreciação na Câmara dos Deputados.