Resumo da notícia:

  • SANDChain é uma nova blockchain focada em SocialFi que visa dar novas utilidades ao token SAND, que despencou 97% desde 2021.

  • A rede oferecerá recursos para monetização de conteúdo criado em plataformas como YouTube, TikTok e Instagram.

  • O movimento revela o esgotamento da narrativa do metaverso na Web3.

O estudo de criação e fundo de capital de risco Animoca Brands e o metaverso The Sandbox (SAND) preparam o lançamento de uma nova blockchain de camada 2 da Ethereum (ETH) em uma tentativa de recuperar o valor do token SAND.

O SAND, que já foi um dos principais tokens de metaverso na Web3, é negociado hoje 96,8% abaixo de sua máxima histórica de novembro de 2021 e acumula perdas de 53% somente em 2025, de acordo com dados do CoinGecko.

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Desempenho do SAND em 2025. Fonte: CoinGecko

De acordo com o anúncio oficial, a rede vai se chamar SANDChain e será focada em aplicações sociais (SocialFi) e economia dos criadores. Como token nativo da nova blockchain, o SAND será utilizado para o pagamento de taxas de gás e como a moeda dos jogos e aplicativos desenvolvidos em seu ecossistema. O lançamento da rede de testes da SANDChain está previsto para 14 de outubro.

O desenvolvimento do projeto está sendo liderado pela SANDChain Foundation, uma entidade criada exclusivamente para coordenar as operações da rede. Sébastien Borget, cofundador do The Sandbox, atuará como embaixador global do projeto.

“O Sandbox empoderou uma comunidade global de criadores, e a SANDChain parte dessa base para criar uma camada econômica e de engajamento dedicada para criadores em qualquer plataforma, incluindo YouTube, Instagram, TikTok, AppStore, Google Play Store, Steam, Roblox, Fortnite e o próprio Sandbox", afirmou Borget em comunicado à imprensa.

O ecossistema da SANDChain utilizará recursos de finanças descentralizadas (DeFi) para estimular a atividade na rede. Os "Patron Vaults" oferecerão liquidez para os criadores baseados na rede. Os usuários poderão tomar empréstimos financiados por provedores de liquidez. Enquanto os criadores têm acesso imediato a recursos, os provedores de liquidez acumulam pontos e rendimentos com base no capital fornecido.

Já os "Creator Vaults" funcionarão como um fundo em que doações e a venda de produtos se convertem em receita direta para os criadores. Caso optem por não resgatar os lucros imediatamente e mantê-los em staking, eles receberão recompensas adicionais em SAND.

Economia dos criadores é dominada por Pump.fun e Zora

A aposta da Animoca e do The Sandbox para reerguer o SAND é arriscada, pois a SANDChain entra em um mercado competitivo com grandes players já estabelecidos.

A plataforma Zora registra cerca de US$ 160 milhões em volume mensal negociado, mas conta com o apoio da Coinbase para expandir o ecossistema de aplicações sociais da Base, rede de camada 2 patrocinada pela exchange.

Baseado na Solana (SOL), o Pump.fun é o líder absoluto desse segmento, com mais de US$ 12 bilhões em volume negociado mensalmente.

O lançamento da SANDChain ocorre pouco depois do The Sandbox ter anunciado a demissão de mais da metade de seus funcionários. A medida faz parte de uma reestruturação mais ampla da Animoca, que deixa de lado o metaverso para investir em outros segmentos, como inteligência artificial (IA) e identidade digital, inclusive com o lançamento de uma blockchain própria, a Moca Chain.

Borget afirmou não temer a dispersão de liquidez e dos usuários causada pela proliferação de novas redes:

"Lançar uma blockchain hoje é menos sobre a camada base — que se tornou uma commodity — e mais sobre a quem você serve e como você se diferencia.”

Borget destaca que a economia de criadores movimenta US$ 250 bilhões em escala global, mas ainda não dispõe de mecanismos para recompensar os produtores de conteúdo de forma justa e equitativa. A SANDChain se apresenta como uma alternativa on-chain para que os criadores desenvolvam estratégias comerciais sustentáveis, segundo o executivo:

“Ao recompensar a fidelidade dos usuários, estamos transformando fãs em participantes ativos, abrindo caminho para uma ‘Nação de Criadores’ que é construída, de propriedade, desenvolvida e financiada por seus criadores e apoiadores.”

Por outro lado, a nova estratégia do The Sandbox é apenas mais um indício do esgotamento da narrativa do metaverso. Assim como o hype do metaverso na Web3 foi impulsionado pelo rebranding do Facebook para Meta em outubro de 2020, o fracasso da divisão de realidade virtual da empresa de Mark Zuckerberg serve como um termômetro para o estado atual do setor.

Conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil, o prejuízo operacional do Reality Labs, divisão focada no metaverso da Meta, já ultrapassa os US$ 60 bilhões desde 2020.