Mais uma vez tokens ligados a projetos de metaversos descentralizados se beneficiaram dos movimentos de grandes corporações do setor de tecnologia no sentido do desenvolvimento de ambientes digitais imersivos para se valorizar. The Sandbox (SAND) acumula ganhos de 38% em uma semana, enquanto Decentraland (MANA) registra alta de 14% no mesmo período.

Desempenho semanal do SAND. Fonte: CoinGecko

A valorização dos dois principais tokens do metaverso descentralizado coincidiu com o anúncio da criação do Metaverse Standards Forum (MSF). A organização composta por 35 empresas do setor de tecnologia foi formada com o propósito de promover a coordenação e a cooperação para desenvolvimento de uma infraestrutura comum para o metaverso.

Entre as empresas que compõem o MSF há a Meta, a Microsoft, a Alibaba e a Sony, entre outras. A declaração de fundação do Fórum afirma que as empresas estão dispostas a trabalhar em conjunto para estabelecer padrões para a criação de um “metaverso aberto e inclusivo”.

Aparentemente, a aproximação das big tech para formação de um consórcio aponta para um metaverso em que a interoperabilidade é um conceito chave. O documento observa ainda que qualquer organização é bem-vinda a integrar-se ao MSF futuramente.

Diante da disposição das grandes corporações para incorporar ao menos parte dos princípios de descentralização ao metaverso, surgiram rumores no Twitter de que a Meta poderia estar em vias de apresentar uma proposta para aquisição do The Sandbox.

A possibilidade foi mencionada em uma postagem do perfil da firma de pesquisa e análise Messari no sábado, 25 – e imediatamente rechaçada pelo CEO do The Sandbox, Sebastien Borget.

Caso @Meta comprasse um mundo virtual como @TheSandboxGame seria capaz de torná-lo otimista?

– Messari (@MessariCrypto)

Isso jamais vai acontecer.

— Sebastien (@borgetsebastien) 

Em declaração a uma reportagem do Decrypt, Borget disse que nenhum representante das empresas que fazem parte do MSF havia entrado previamente em contato com ele para apresentar os planos da nova entidade ou mesmo para convidar o The Sandbox a tomar parte dela.

O fato é que, assim como aconteceu em setembro do ano passado, quando Mark Zuckerberg anunciou a mudança do nome e da marca do Facebook para Meta, as novidades envolvendo as grandes corporações do setor de tecnologia impactou o mercado de criptomoedas e teve efeitos benéficos para os tokens do setor.

Reação da comunidade cripto

O anúncio da criação da MSF gerou desconfiança entre a comunidade de criptomoedas. Yat Siu, fundador e presidente executivo da Animoca Brands, a empresa de software e capital de risco de US$ 5 bilhões que financia diversos projetos descentralizados, incluindo The Sandbox, anteriormente havia associado as ambições da Meta em relação ao metaverso de "colonialismo digital".

Agora, ele manifestou-se desconfiado em relação ao novo consórcio em uma declaração ao Decrypt, visto que o modelo de negócios destas grandes corporações inevitavelmente está vinculado ao controle sobre os dados e ativos dos usuários de seus serviços:

"Um metaverso aberto permite acesso não permissionado, e a grande maioria dessas empresas não permitirá isso em princípio. As empresas da Web2 contam com seu acesso exclusivo aos dados."

Os críticos das grandes corporações acreditam que os princípios de descentralização da Web3 são incompatíveis com os princípios de uma empresa como a Meta. A tendência é que estas empresas criem seus próprios marketplaces para comercializar itens digitais, mantendo-os circunscritos a um ecossistema fechado.

Enquanto que o metaverso descentralizado idealmente seria composto por plataformas diferentes, porém diretamente interconectados e sem barreiras, permitindo que os usuários transitem livremente de um ecossistema para o outro de posse de seus ativos digitais únicos e exclusivos.

Assim, uma adesão de plataformas de metaverso descentralizadas da Web3 ao MSF parece pouco provável. A não ser que elas exerçam sua vontade através de seu incomensurável poder financeiro. Seja fazendo uma proposta direta de compra ou adquirindo uma quantidade de tokens capaz de lhes conceder maioria absoluta em questões de governança.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, a Nvidia, em associação com a Apple e o estúdio de animação Pixar, desenvolveu um novo suporte de rede que pretende se estabelecer como a infraestrutura básica do metaverso. Inclusive, as empresas já disponibilizam as ferramentas necessárias para que desenvolvedores possam criar produtos e soluções baseados em uma plataforma intitulada Omniverse.

A Nvidia faz parte do Metaverse Standard Forum, mas a Apple, não.

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