A Ripple pretende transformar o escritório da empresa em São Paulo em um hub de tokenização de ativos do mundo real (RWA, na sigla em inglês) na América Latina, segundo entrevista de Brad Garlinghouse, CEO da startup estadunidense de pagamentos transfronteiriços, publicada pelo Valor nesta quinta-feira (17).
Segundo o executivo, um dos principais catalisadores para a aceleração das operações da empresa no país é o avanço da regulamentação através do Banco Central (BC) autoridade reguladora nacional para o mercado cripto, e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no caso da emissão de tokens de valores mobiliários. Na avaliação dele, o Brasil está à frente dos Estados Unidos quando o assunto é regulamentação.
Ao falar em “oportunidade para alcançar novos investimentos”, Garlinghouse revelou que a Ripple pretende criar no Brasil uma infraestrutura regional de tokenização RWA através da blockchain da startup, a XRP Ledger. O que pode favorecer a adoção do token utilizado pela empresa para transações transfronteiriças, o XRP.
O executivo também se mostrou otimista em relação ao RLUSD, stablecoin lastreada ao dólar americano recém-lançada pela Ripple. Segundo ele, o objetivo é avançar para mercados mais alinhados aos Estados Unidos e aproveitar a vantagem do uso de stablecoin em relação ao câmbio tradicional, já que as taxas de negociação da versão digital são mais baratas.
Ele revelou que o RLUSD deve se aproximar do modelo de casos de uso da plataforma de transferências instantâneas Circle, emissora do USDC, outra stablecoin lastreada ao dólar americano. Apesar disso, o RLUSD não deve rivalizar com o USDC, segundo Brad Garlinghouse, já que a Ripple se concentra em clientes institucionais, como bancos e provedores de pagamento, enquanto a Circle se inclina para o varejo.
Garlinghouse acrescentou que acredita na aprovação de um fundo negociado em bolsa (ETF, na sigla em inglês) baseado no XRP, independente da permanência de Gary Gensler na presidência da SEC, a comissão de valores mobiliários dos EUA. Isso porque Gensler, um conhecido opositor das criptomoedas, tentou barrar recentemente a emissão de ETFs de Bitcoin no começo do ano, mas acabou sendo obrigado a aceitar o lançamento dos fundos por decisão judicial. Ano passado, a Ripple também conquistou uma vitória judicial histórica sobre a SEC, que tentou sem sucesso enquadrar o XRP como token de valor mobiliário.
Em relação às eleições presidenciais nos Estados Unidos, Brad Garlinghouse disse que o avanço regulatório das criptomoedas no país independe da vitória de Kamala Harris ou Donald Trump.
Essa semana, a Ripple também anunciou o lançamento de staking de XRP e uma sidechain para se conectar à rede Ethereum e outras 50 blockchains, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.