O financiamento de projetos de inteligência artificial (IA) por bancos e empresas públicas no Brasil acumulam mais de R$ 2 bilhões segundo um levantamento da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) realizado a pedido do jornal O Globo, divulgado nesta quarta-feira (25).

Os dados foram coletados junto às instituições públicas integrantes do Sistema Financeiro de Fomento (SNF), como a Caixa e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que responde pela maior fatia dos repasses. Nesse caso, os investimentos começaram despontar em 2020 e incluem um montante de R$ 1,4 bilhão entre janeiro de 2023 e junho desse ano. Desde 2017, a Finep já custeou 433 projetos voltados à IA, 214 nos últimos dois anos.

Entre as instituições atendidas pelo financiamento da Finep está o Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS), através de duas soluções em IA que envolvem um total de R$ 7,8 milhões. Uma delas voltada à análise de raio-x de tórax, que emite alerta em caso de identificação de prioridade, e outra destinada à redução do tempo de aquisição de órteses, próteses e materiais especiais, que demorava até 15 dias sem o uso da tecnologia.

O levantamento da ABDE mostrou que, de 2023 para cá, a maior parte dos recursos foi repassada a projetos de IA de micro e pequenas empresas, seguidas por médias e grandes empresas. Dados que também incluem repasses, em menor quantidade, do Banco do Brasil (BB) e Banco do Nordeste.

Quanto ao BB, o banco desembolsou R$ 50 milhões em projetos de IA através de uma linha de crédito destinada à ciência e tecnologia, embora o BB acumule, desde 2013, 190 soluções envolvendo IA processos internos e experiência do cliente.

O Brasil, no entanto, ainda está “engatinhando” quando se fala volume de crédito para inteligência artificial, na avaliação da sócia-líder de Dados e IA da Ernst & Young (EY), Telma Luchetta. 

Para a executiva, a posição do país pode estar relacionada à popularização precoce da IA, antes do entendimento dos potenciais caso de uso, pelas instituições financeiras. Não por acaso, os projetos envolvendo novas aplicações de IA representam 91% dos repasses desde 2017.

Nessa esteira, um relatório recente lançado pela Febraban e a Accenture apontou que, em um futuro próximo, a IA permitirá que usuários utilizem o WhatsApp como interface para fazer Pix, pagamentos, solicitar empréstimos, gerenciar investimentos e até mesmo receber consultoria financeira personalizada. 

Em contrapartida, o escritor, professor e estudioso de inovação e economia digital Gil Giardelli declarou recentemente que os entraves à IA podem deixar o país para trás da “nova economia gigante do mundo”, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.