A Polícia Civil de Sorocaba - SP prendeu uma quadrilha que lucrava com empréstimos de dinheiro. De acordo com denúncia do Fantástico, o esquema de agiotagem movimentou R$ 118 milhões.

Os investigados são acusados de lavagem de dinheiro, agiotagem, extorsão e organização criminosa. No total, a soma das penas da quadrilha ultrapassa 427 anos segundo condenação da Justiça.

O esquema emprestava dinheiro e cobrava juros para a devolução da quantia. A proposta da quadrilha era manter a dívida pendente, cobrando juros que aumentavam o débito.

Para manter o negócio a quadrilha possuía uma corretora de imóveis e uma loja de veículos. Segundo a investigação, as empresas eram utilizadas para lavar dinheiro e imóveis recebidos pelo esquema de agiotagem.


Polícia apreendeu veículos em concessionária da quadrilha (Reprodução/Fantástico)

427 anos de prisão

O Fantástico mostrou no programa neste último domingo (19) como um esquema de empréstimo de dinheiro ilegal movimentou mais de R$ 118 milhões no interior de São Paulo.

A pena somada da quadrilha acusada de agiotagem resulta em mais de 427 anos de prisão. Antes da condenação, o líder do negócio ficou preso por nove meses após ser detido em 2018.

No entanto, o líder da quadrilha foi liberado da prisão depois que um habeas corpus ser deferido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As vítimas do negócio eram aterrorizadas após atrasos com pagamentos por empréstimos ilegais.

Duas vítimas denunciaram o esquema para a polícia, que iniciou as investigações sobre o caso. Geralmente, vítimas com menos recursos pediam emprestado cerca de R$ 2 mil para a quadrilha.

Contudo, existem casos de até R$ 1 milhão em empréstimos com a quadrilha de agiotas. Segundo a entrevista do delegado Rodrigo Ayres que conduz a investigação sobre o negócio, empresários também deviam dinheiro para a quadrilha.


“As vítimas que eram pessoas mais simples pediam o valor de dois mil, três mil reais. Mas, nós tivemos um caso aqui de um empresário da cidade também que chegou a ficar devendo mais de um milhão de reais.”

Vítimas eram ameaçadas por agiotas

O esquema de agiotagem movimentado pela quadrilha ameaçava as vítimas com pagamentos em atraso. Uma das vítimas que devia dinheiro para o grupo recebeu ameaças contra a família.

“Se a gente não pagasse, eles iam até a minha casa pegar minha mãe e minha avó.”

Dívidas em atraso com o esquema resultavam em juros e um ajuste da conta que aumentava de valor. Geralmente, o ajuste de contas acontecia no escritório da quadrilha, onde as vítimas eram ameaçadas.

Um dos entrevistados pelo Fantástico conta que foi ameaçado com uma arma de fogo por dever dinheiro aos agiotas. O delegado Rodrigo Ayres conta que os criminosos apontaram a arma para a cabeça de uma das vítimas e fez “roleta russa”.

“A situação de uma das vítimas, que foi bastante constrangedor. Tiraram toda a roupa da vítima e passaram a realizar ‘roleta russa’ apontando para a cabeça da vítima. Dizendo que ele estava brincando com a sorte.”

Com vinte empresas usadas para lavar o dinheiro do esquema de agiotagem, a quadrilha movimentou R$ 118 milhões em apenas dois anos. A pena somada dos presos pela Polícia Civil chega em 427 anos.

Por outro lado, o advogado dos acusados declara que a pena é desproporcional. Além disso, o advogado atesta que os clientes possuem o direito de não se entregarem, além de declarar que são inocentes.

Leia Mais: