A Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil (BB) se encontram e fase de testes que envolvem dois consórcios distintos do Drex. A ideia das instituições monetárias é viabilizar o uso da versão brasileira de moeda digital emitida pelo Banco Central (CBDC, na sigla em inglês) de maneira off-line. O que poderia abarcar 29 milhões de pessoas, sem acesso à internet no Brasil.

A ideia é conectar celulares ou cartões de pessoas nessas regiões à chamadas maquininhas do tipo Point of Sales (POS), que funcionam como terminais de contato com as instituições bancárias via satélite ou até por linha telefônica, já que 16% dos domicílios do país não contam com internet, segundo um levantamento TIC Domicílios de 2023, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

No caso do consórcio integrado pela Caixa, composto também pela empresa de pagamentos Elo e a Microsoft, a ferramenta em desenvolvimento está focada nas regiões remotas do Brasil e tem como um dos potenciais casos de uso o recebimento de um voucher pelos beneficiários do programa Bolsa Família. O que evitaria o deslocamento dessas pessoas para outras cidades para recebimento do benefício.

Em relação ao Banco do Brasil, cuja parceria envolve a empresa alemã Giesecke + Devrient (G+D), o anúncio foi feito em março e está focado em desenvolver soluções que permitam que brasileiros realizem pagamentos usando a CBDC brasileira, sem a necessidade de acesso à internet, fornecendo uma solução de pagamento complementar ao dinheiro e a outros meios de pagamento. O que, segundo o BB, vai permitir ampliar a avaliação dos testes de uso da moeda digital em transações cotidianas, como pequenas compras no comércio, pagamentos de serviços e mesada, por exemplo. 

Na avaliação da vice-presidente de negócios digitais e tecnologia no BB, Marisa Reghini, "com o pagamento offline, poderemos levar facilidade e tecnologia a pessoas com dificuldade de acesso à infraestrutura tecnológica".

“Brasileiros podem ser beneficiados com a solução no seu dia a dia, realizando transações seguras em comércios locais, por exemplo, sem necessidade de conta bancária ou de Internet", explicou.

O BB acrescentou que, para efetuar os pagamentos, a solução pode ser utilizada em carteiras digitais, cartões de plástico, wearables eSIM ou celulares. A partir do contato entre os dispositivos, o valor é debitado do pagador e creditado no recebedor. As transferências dos dados criptografados entre as contas são garantidas pelo protocolo de segurança criado pela G+D. 

O interesse da instituição também está calcado em uma pesquisa recente da Tecban que identificou que 29% dos brasileiros utilizam o dinheiro físico como uma das principais formas de pagamento no dia a dia. Nas classes C, D e E esse número sobe para 32%. Na região Nordeste do país, o índice chega aos 40%. Os números evidenciam que, mesmo diante de uma maior bancarização e a popularização do Pix, o uso do dinheiro em espécie ainda é expressivo. Entre os motivos pela preferência em usar papel-moeda estão falta de conta ou cartão de crédito e dificuldades de conexão com a internet.

Recentemente, a Prosegur afirmou ao Cointelegraph Brasil que a empresa de segurança está preparada para oferecer um bunker de custódia offline para o Drex.