A alta de 121% do Bitcoin (BTC) em 2024 não foi suficiente para atrair novos investidores brasileiros ao mercado de criptomoedas. O 8º Raio-X do Investidor Brasileiro da Anbima revela que 4% da população brasileira declarou possuir criptomoedas em 2024, mesmo percentual que no ano anterior.

O estudo realizado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) em parceria com o Datafolha mostro que o total de brasileiros que investe em criptomoedas estagnou no ano passado após dois anos de crescimento consecutivo de um ponto percentual em 2022 e 2023.

A ausência de crescimento em 2024 interrompe a tendência de alta observada nos anos anteriores: entre 2021 e 2023, o número de investidores de criptomoedas havia dobrado no Brasil.

A poupança segue como o investimento preferido da maioria dos brasileiros, embora o total de investidores tenha recuado de 25% para 23% de 2023 para 2024.

Títulos privados (6,3%), fundos de investimento (5,3%), criptomoedas (4,1%) e ações (2,8%) vêm a seguir, representando parcelas significativamente menores da população.

Série histórica dos produtos de investimento mais populares entre os brasileiros. Fonte: 8º Raio-X do Investidor Brasileiro da Anbima

O total de investidores também se manteve estável em 2024, somando 37%, assim como em 2023. Esse percentual equivale a cerca de 59 milhões de pessoas.

Os 4 perfis econômicos dos brasileiros

A 8ª edição do Raio-X do Investidor Brasileiro inclui pela primeira vez a categorização da população brasileira em quatro perfis distintos, traçados a partir de uma análise quantitativa que identificou padrões comportamentais e socioeconômicos relacionados ao uso e gestão do dinheiro.

Em primeiro lugar, o estudo divide a população entre investidores e não-investidores. Entre os não investidores, a maioria (52%) afirma não investir por falta de recursos, enquanto 12% possuem reservas, mas não as aplicam em produtos financeiros.
 
Entre os investidores, a classificação inédita revela que "há diferenças estruturais entre os brasileiros que aplicam em produtos variados e aqueles que utilizam apenas a caderneta de poupança.”

Um grande contingente de perfil homogêneo aplica seus recursos exclusivamente na poupança (20%). Já os investidores que buscam diversificação de portfólio apresentam hábitos financeiros bastante diferentes, afirma o estudo. É nesse último perfil que se enquadram os investidores de criptomoedas.

Em comum, ambos os perfis demonstram uma capacidade de economizar superior à média da população brasileira, priorizando a redução de gastos desnecessários e o hábito de guardar dinheiro sempre que possível.

“O Perfil Diversifica se destaca nesse quesito (67%), com distância de 34 pontos percentuais da média de brasileiros e brasileiras que economizaram no ano”, afirma o estudo. Apesar da menor diferença, o Perfil Caderneta (49%) também supera a média da população em 16 pontos percentuais.

Perfil dos Investidores de Criptomoedas

O estudo aponta que, dos 59 milhões de investidores brasileiros, aproximadamente 11% (6,5 milhões) possuem recursos alocados em criptomoedas, e têm um perfil majoritariamente jovem, masculino e economicamente ativo.

Perfil dos investidores de criptomoedas brasileiros. Fonte: 8º Raio-X do Investidor Brasileiro da Anbima

Trata-se de homens (68,4%), com idade média de 29,7 anos, predominantemente pertencentes à geração Z (16 a 28 anos), que representa 57,2% do total, aos millennials (29 a 43 anos), com 29,7%.

A maior parte pertence às classes B e C, que juntas somam 81,9% do total, demonstrando que o acesso ao investimento em criptomoedas deixou de ser exclusivo das camadas mais altas. 

A renda familiar mensal dos investidores de criptomoedas se concentra entre R$ 2.825 e R$ 14.121, ao passo que, entre aqueles com renda superior a R$ 70 mil, apenas 0,4% declararam possuir ativos digitais.

A predominância de pessoas economicamente ativas (88,5%), capazes de economizar recursos (66,6%) e com ensino médio completo (40%) sugere um perfil de investidor com um nível razoável de organização financeira, além da disposição para buscar alternativas fora do sistema financeiro tradicional.

Regionalmente, destaca-se a concentração de investidores no Sudeste (50,7%), enquanto em termos raciais, a maioria se declara parda (42,5%), seguida por brancos (33,5%) e pretos (19,1%). 

Por fim, a principal motivação dos investidores de criptomoedas é adquirir um imóvel próprio (28,3%), guardar dinheiro para garantir sua segurança financeira (18,9%), comprar um veículo (15,2%) ou complementar a renda na aposentadoria (14,3%).

Principais objetivos dos investidores de criptomoedas brasileiros. Fonte: 8º Raio-X do Investidor Brasileiro da Anbima

A 8ª edição do Raio-X do Investidor Brasileiro entrevistou 5.846 pessoas com 16 anos ou mais, das classes A/B, C e D/E, nas cinco regiões do país, durante os dias 4 e 22 de novembro de 2024. 

A metodologia utilizada pelo estudo estima que a segmentação adotada represente os 160,1 milhões de habitantes do país, de acordo com o Censo de 2022, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A margem de erro é de 1%, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.