Os golpes financeiros registraram uma alta de 17% em 2024 no Brasil, atingindo 51% da população, revelou uma pesquisa da Serasa Experian.
Ao todo, houve 11,5 milhões de tentativas de golpe em 2024, contra 9,8 milhões em 2023, sendo que 54% resultaram em perdas financeiras para as vítimas. Esse total equivale a uma média de quase três tentativas de golpe por segundo.
Cerca de 35% resultaram em prejuízos de R$ 100 a R$ 500, enquanto 19% causaram perdas de R$ 1.000 a R$ 5.000.
As principais vítimas de golpes financeiros são pessoas com mais de 50 anos (58%), seguidas por indivíduos na faixa etária de 30 a 49 anos (51,9%), enquanto entre jovens de 18 a 29 anos o número cai para 40,8%.
O uso indevido de cartões de crédito é o crime mais comum, representando 47,9% do total, apesar de os consumidores o considerarem o meio de pagamento preferencial e mais seguro para compras no dia a dia.
Em contraste, a percepção de segurança do Pix está em queda devido ao aumento das tentativas de golpe por meio do sistema de pagamentos digitais do Banco Central. Em 2023, 32% dos entrevistados afirmaram confiar no Pix. Em 2024, caiu para 22%.
IA é uma das principais causas do aumento de golpes no Brasil
Caio Rocha, diretor de autenticação e prevenção à fraude da Serasa Experian, atribuiu o crescimento dos golpes financeiros em 2024 à disseminação das ferramentas de inteligência artificial (IA).
Com o uso de chatbots de IA, pessoas sem conhecimentos técnicos avançados podem desenvolver estratégias criminosas sofisticadas, afirmou Rocha.
Os golpes que recorrem à engenharia social ainda representam a maior ameaça aos consumidores brasileiros. Com a IA, os golpes de phishing se tornaram mais comuns e efetivos. Links e mensagens fraudulentos associados a empresas legítimas enganam os usuários, induzindo-os a revelar informações confidenciais ou a instalar programas maliciosos em seus dispositivos digitais.
Os deepfakes têm sido usados para falsificar identidades e enganar sistemas de identificação biométrica. Os criminosos também têm recorrido a dados sintéticos para criar perfis falsos capazes de burlar sistemas de segurança e prevenção antifraude.
A fragilidade dos sistemas de identificação digital e os roubos de documentos são agravantes para este tipo de crime.
Além disso, práticas de fraude como serviço, em que criminosos comercializam técnicas e dispositivos para terceiros aplicarem golpes, também vêm ganhando cada vez mais tração.
Crimes envolvendo criptomoedas movimentaram US$ 51 bilhões em 2024
Embora a pesquisa da Serasa Experian não apresente dados relativos a golpes com ativos digitais, exatamente as mesmas tendências foram identificadas pela Chainalysis em seu relatório anual sobre a segurança no mercado de criptomoedas.
Segundo o 'Crypto Crime Report 2025', os golpes envolvendo criptomoedas entraram em uma era de profissionalização com a adoção de ferramentas de IA, o uso de stablecoins e DeFi (finanças descentralizadas) para lavagem de dinheiro e a formação de sindicatos de criminosos cibernéticos, inclusive apoiados por Estados-nação.
No total, US$ 51 bilhões foram movimentados em transações ilícitas em 2024, apesar da queda nas receitas de marketplaces na dark web, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph.
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