Resumo da notícia:
O MB estruturou uma oferta de investimento tokenizada para financiar a startup brasileira de IA Jumpad.
A operação elimina intermediários e burocracia para viabilizar o acesso de investidores do varejo a um mercado antes restrito a VCs.
A oferta da Jumpad é um dos primeiros casos no Brasil em que uma startup já nasce com estrutura societária e rodada de investimento tokenizadas.
O Mercado Bitcoin (MB) estruturou uma oferta de investimento tokenizada para financiar a rodada de captação inicial da Jumpad, startup brasileira de inteligência artificial (IA) voltada ao ambiente corporativo.
Fundada pelo cofundador do MB, Maurício Chamati, a Jumpad atua no desenvolvimento de infraestrutura para IA corporativa, com foco em controle e governança de dados.
A tecnologia da Jumpad permite que empresas adotem ferramentas de inteligência artificial generativa como ChatGPT, Gemini, Claude, Grok e DeepSeek utilizando bases de dados proprietárias. Fundada em 2023, a startup já está em operação com dez clientes em fase beta e conta com escritórios em São Paulo e Belo Horizonte.
A operação, realizada em outubro por meio da MB Startups, faz parte da estratégia da empresa de simplificar, agilizar e ampliar o acesso a investimentos em empresas em estágio inicial de desenvolvimento, conforme explica André Gouvinhas, VP de Investment & Banking do Mercado Bitcoin, em entrevista ao Cointelegraph Brasil:
“Ao atuar no ecossistema de startups, o Mercado Bitcoin amplia as possibilidades de financiamento para empresas em estágio inicial e cria uma porta de entrada para investidores de varejo, que normalmente não teriam acesso a esse tipo de ativo.”
No mercado tradicional de venture capital, o investimento em startups envolve requisitos jurídicos e financeiros que, na prática, restringem o acesso a esse mercado a investidores institucionais ou qualificados.
O modelo do MB elimina intermediários e concentra a operação em apenas três etapas na plataforma da MB Startups, destaca o executivo:
“Com a oferta tokenizada, todo trâmite burocrático é substituído por uma experiência simples e integrada: o investidor precisa apenas ter uma conta aberta no Mercado Bitcoin e pode investir em reais, com apenas três cliques.”
Gouvinhas também ressalta que o modelo simplifica a liquidação e o tratamento tributário dos tokens RWA, que são reportados à Receita Federal como ativos virtuais pelo próprio MB, conforme previsto em lei.
A captação da Jumpad inaugurou um modelo até então inédito nas ofertas tokenizadas estruturadas pelo MB. “É um dos primeiros casos no país em que uma startup nasce já com sua estrutura societária e rodada de investimento tokenizadas,” revela Gouvinhas.
O executivo explica que o novo modelo oferece ganhos de eficiência em organização societária, distribuição de participação e gestão da base de investidores:
“O modelo amplia nosso portfólio de alternativas para captações privadas, especialmente em estágios iniciais, combinando tecnologia, liquidez e governança em um mesmo ecossistema.”
O sucesso da operação valida a adoção do modelo em ofertas futuras “sempre que fizer sentido para o perfil da empresa e da rodada,” acrescenta Gouvinhas.
Sucesso das ofertas da AsaaS e da Gringo valida a adoção da tokenização no mercado de venture capital
A captação da Jumpad reforça o papel da tokenização como alternativa complementar às estruturas tradicionais de venture capital. Gouvinhas destaca também os casos da AsaaS e da Gringo:
“No caso da AsaaS, o MB tokenizou R$ 26 milhões em participação societária. Em menos de um ano, o token quase triplicou de valor, proporcionando liquidez rápida, transparente e acessível. Já a operação da Gringo, estruturada em R$ 10 milhões em warrants, contou com a participação de grandes fundos como Valor Capital e Kaszek, e culminou em um exit bem-sucedido com a aquisição da startup pela Sem Parar.”
Apesar dos benefícios do modelo, tanto para os empreendedores quanto para os investidores, a regulamentação atual ainda é um entrave para a diversificação das ofertas e a expansão do mercado, explica Gouvinhas:
“Entre as regras que restringem o mercado de equity crowdfunding no Brasil, destacam-se a limitação de porte das empresas emissoras, o teto de captação por rodada e investidor, o percentual mínimo de captação, entre outros pontos.”
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a regulamentação do mercado de tokenização será atualizada em 2026. Em setembro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma consulta pública cujo objetivo é modernizar e tornar mais abrangente o regime de crowdfunding de investimento.
A proposta busca adequação à evolução do mercado, caracterizada, por exemplo, pelo crescimento das operações de securitização e pela entrada do agronegócio, além de incorporar regras e procedimentos que se adaptem às características específicas de novos emissores e tipos de instrumentos.
