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Avalanche quer transformar o Brasil no centro da tokenização global

Em entrevista ao Cointelegraph Brasil, Leandro Davó, da Ava Labs, detalha os planos da Avalanche para fazer do país o epicentro da tokenização mundial.

Avalanche quer transformar o Brasil no centro da tokenização global
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Resumo da notícia

  • Stablecoins impulsionam a expansão da Avalanche na América Latina, com foco no Brasil.

  • Tokenização de ativos será o principal vetor da revolução blockchain da rede.

  • Brasil é visto como hub global, unindo inovação, fintechs e maturidade regulatória.

Em uma prévia do que será o Blockchain Conference Brasil, Leandro Davo, da Ava Labs, organização responsável pelo desenvolvimento da Avalanche, revelou os planos da Avalanche para impulsionar o uso de blockchain e stablecoins na América Latina.

A Avalanche está de olho no Brasil — e não apenas como mais um mercado emergente. A empresa, criadora de uma das blockchains mais rápidas e escaláveis do mundo, quer transformar o país em um hub global de tokenização e inovação financeira.

Logo no início da entrevista, Davo destacou que a Ava Labs está expandindo fortemente suas operações na América Latina, com foco especial no Brasil. Segundo ele, o país reúne três ingredientes essenciais: alta penetração de fintechs, um sistema financeiro avançado e uma comunidade cripto ativa.

“O Brasil é um país interessantíssimo para nós. Estamos dedicando muitos recursos e tempo para acelerar nossa presença aqui”, afirmou o executivo.

Stablecoins: o motor da adoção cripto

Durante a conversa, Leandro Davo apontou as stablecoins — criptomoedas pareadas com moedas fiduciárias — como o principal vetor de crescimento da indústria. Ele acredita que o mercado desses ativos superará o das criptomoedas tradicionais, tornando-se o pilar das finanças digitais nos próximos anos.

“À medida que o setor amadurece, veremos as stablecoins ganhando cada vez mais espaço na capitalização total do mercado cripto”, afirmou Davo. “O dia em que uma stablecoin superar o Bitcoin em valor de mercado marcará o início de uma nova era: a da adoção em massa.”

Ele explicou que as stablecoins já estão no centro de diversas transformações — pagamentos internacionais, remessas, folha de pagamento e tokenização de ativos. A Avalanche, segundo ele, está trabalhando com parceiros estratégicos como Open Trade, Dinari e Nonco para oferecer soluções que integram blockchain a sistemas financeiros reais, conectando empresas, bancos e fintechs em diferentes países da região.

Um dos objetivos, segundo Davo, é tornar as transações transfronteiriças mais baratas e rápidas, reduzindo custos operacionais para empresas e usuários finais. Ele acredita que isso impulsionará a inclusão financeira em países da América Latina, onde o acesso a serviços bancários ainda é limitado.

O papel da Avalanche na tokenização do mundo

Ao falar sobre o futuro da rede, Davo lembrou que a Avalanche nasceu com um propósito claro: tokenizar os ativos do mundo. “Esse é o lema da Avalanche. Queremos levar todos os tipos de ativos — financeiros ou não — para dentro do blockchain”, explicou.

Essa visão se reflete na arquitetura da plataforma. Diferente de outras blockchains, a Avalanche permite a criação de múltiplas redes personalizadas (subnets) que podem interoperar entre si. Essa estrutura garante alta performance, escalabilidade e finalização instantânea das transações, um requisito fundamental para aplicações institucionais e sistemas de pagamento.

“Essas características tornam a Avalanche ideal para casos de uso como tokenização de ativos, pagamentos e finanças descentralizadas (DeFi)”, detalhou Davo. Ele também destacou que grandes empresas já estão observando a tecnologia, incluindo Toyota, que estuda soluções baseadas na rede para programas de fidelidade e gestão de clientes.

Além do setor financeiro, o ecossistema da Avalanche vem atraindo projetos de games e entretenimento digital, justamente por oferecer performance elevada e baixa latência. Segundo Davo, títulos como “The Grid” — considerado um dos jogos mais populares da Web3 — demonstram como o blockchain da Avalanche pode suportar aplicações complexas e de alta demanda de transações.

Descentralização na prática: equilíbrio entre ideal e regulamentação

Um dos pontos mais debatidos na entrevista foi a tensão entre descentralização e regulação. Escudero levantou a questão sobre o aparente movimento do mercado cripto em direção a estruturas mais centralizadas, especialmente entre empresas que emitem stablecoins ou oferecem serviços financeiros.

Davo reconheceu a tendência, mas explicou que a centralização parcial pode ser necessária para garantir conformidade regulatória e permitir que projetos se encaixem em marcos legais existentes.

“Há atividades que simplesmente não podem operar em sistemas totalmente descentralizados, principalmente as financeiras, que exigem regras de compliance e auditoria”, observou.

No entanto, ele defende que a descentralização deve ser vista em graus, e não como um absoluto. Há espaço, segundo ele, para modelos híbridos que equilibrem eficiência regulatória e liberdade de inovação.

“Bitcoin é, talvez, o sistema mais descentralizado que existe, mas até ele possui pontos centralizados, como pools de mineração. O importante é entender o nível adequado de descentralização para cada tipo de aplicação”, explicou.

Para ele, o futuro do setor não será marcado pela escolha entre centralização ou descentralização, e sim pela cooperação entre diferentes modelos. Ele citou o exemplo das blockchains federadas, como a Liquid Network, onde consórcios de empresas validam transações sem concentrar controle em um único ator. Esse tipo de arranjo, disse Davo, pode ser ideal para instituições financeiras que desejam operar em blockchain sem abrir mão da segurança jurídica.

Brasil como vitrine da nova economia digital

Ao longo da entrevista, Davó reforçou diversas vezes a importância do Brasil na estratégia da Ava Labs. O país, segundo ele, já demonstra um ecossistema vibrante em tokenização, DeFi e stablecoins, o que o torna laboratório ideal para o desenvolvimento de soluções globais.

“O Brasil combina infraestrutura financeira sofisticada, regulação em evolução e uma comunidade cripto muito ativa. É o cenário perfeito para escalar o que a Avalanche faz de melhor”, afirmou.

O executivo também deixou claro que a empresa pretende ampliar as parcerias locais e apoiar projetos que construam sobre sua infraestrutura.

“Queremos colaborar com quem está criando valor no ecossistema — sejam fintechs, startups, bancos ou universidades. Nossa missão é impulsionar a inovação e democratizar o acesso à tecnologia blockchain”, concluiu.