Resumo da notícia
Bitcoin cai 21% e opera próximo de US$ 100 mil
Investidores institucionais reduzem exposição com saídas de ETFs
Baleias vendem em meio à queda, pressionando o mercado
Com o preço do Bitcoin lutando para manter o suporte de US$ 100 mil, uma análise da Glassnode compratilhada com o Cointelegraph Brasil, aponta que o cenário não é otimista e uma recuperação parece fora de cena no curto prazo, pelo menos não antes do EUA resolverem seus problemas econômicos mais urgentes.
De acordo com a Glassnode, desde 10 de outubro, o Bitcoin tem lutado para se manter acima do custo de aquisição dos detentores de curto prazo, resultando em uma queda acentuada para cerca de US$ 100 mil, aproximadamente 11% abaixo desse importante patamar de US$ 112,5 mil.
A empresa destaca que historicamente, descontos tão profundos a partir desse nível aumentaram a probabilidade de novas quedas em direção a suportes estruturais mais baixos, como o Preço Realizado pelos Investidores Ativos, atualmente próximo de US$ 88,5 mil .

Ampliando essa análise, a Glassnode destaca que a correção recente formou uma estrutura que lembra junho de 2024 e fevereiro de 2025, períodos em que o Bitcoin se encontrava em uma encruzilhada crucial entre a recuperação e uma contração mais profunda. A US$ 100 mil, aproximadamente 71% da oferta permanece em lucro, colocando o mercado próximo ao limite inferior da faixa de equilíbrio típica de 70% a 90% observada durante desacelerações de meio de ciclo.
Esta fase costuma apresentar breves recuperações em direção ao preço de custo dos detentores de posições de curto prazo, embora uma recuperação sustentada geralmente exija consolidação prolongada e novos fluxos de demanda. Por outro lado, se uma maior fraqueza levar uma parcela maior da oferta a perdas, o mercado corre o risco de transitar da atual tendência de baixa moderada para uma fase de baixa mais profunda, historicamente definida por capitulação e reacumulação prolongada.

Prejuízos ainda contidos
Para melhor distinguir a atual queda, a empresa destaca que é preciso avaliar a Perda Não Realizada Relativa, que mede as perdas não realizadas totais em USD em relação à capitalização de mercado. Ao contrário do mercado de baixa de 2022-2023, em que as perdas atingiram níveis extremos, a leitura atual de 3,1% sugere apenas um estresse moderado, comparável às correções de meio de ciclo no 3º-4º trimestre de 2024 e no 2º trimestre de 2025, que permaneceram abaixo do limite de 5%.
Enquanto as perdas não realizadas permanecerem dentro dessa faixa, o mercado pode ser classificado como uma fase de baixa moderada, caracterizada por uma reavaliação ordenada em vez de pânico. No entanto, uma queda mais acentuada, elevando essa proporção acima de 10%, provavelmente desencadearia uma capitulação mais ampla e marcaria a transição para um regime de baixa mais severo.

Segundo a Glassnode, apesar da intensidade de perda relativamente contida e de uma queda moderada de 21% em relação à máxima histórica de US$ 126 mil, o mercado permanece sob uma pressão de venda silenciosa, porém persistente, por parte de investidores de longo prazo. Essa tendência vem se desenrolando desde julho de 2025, mesmo quando o Bitcoin atingiu um novo pico no início de outubro, pegando muitos de surpresa.
Assim, a análise aponta que durante esse período, o fornecimento de LTH diminuiu em cerca de 300 mil BTC (de 14,7 milhões para 14,4 milhões de BTC). Ao contrário das ondas de distribuição anteriores no início do ciclo, quando os detentores de longo prazo venderam em momentos de alta, desta vez, eles estão vendendo em momentos de baixa.
Em outras palavras, estão se desfazendo de suas moedas enquanto o preço oscila e continua a cair. Essa mudança de comportamento sinaliza maior cansaço e menor convicção entre os investidores experientes.
Pouca munição
Além disso, ela também afirma que os ETFs de Bitcoin à vista nos EUA apresentaram uma desaceleração acentuada nas últimas duas semanas, registrando saídas líquidas consistentes entre -US$ 150 milhões e -US$ 700 milhões por dia. Isso contrasta fortemente com a forte onda de entradas observada ao longo de setembro e início de outubro, que havia sustentado a resiliência dos preços durante esse período.
A tendência recente aponta para uma moderação na alocação de capital institucional, à medida que a realização de lucros e o menor apetite por novas exposições afetam a pressão de compra agregada de ETFs. Esse arrefecimento da atividade está em consonância com a fraqueza generalizada dos preços, evidenciando um declínio na convicção dos compradores após vários meses de acumulação persistente.

De forma geral, para a empresa, o mercado permanece em um equilíbrio frágil; sobrevendido, mas sem pânico, cauteloso, porém estruturalmente intacto.
O próximo impulso direcional provavelmente dependerá de se a demanda renovada conseguirá absorver a distribuição contínua dos detentores de longo prazo e recuperar a região de US$ 112 mil a US$ 113 mil como suporte firme, ou se os vendedores manterão o controle e estenderão a atual tendência de baixa.
