O airdrop da Walrus (WAL), uma solução de infraestrutura da blockchain da Sui (SUI), foi um raro caso de sucesso recente de distribuição de tokens que agradou a comunidade cripto e teve um impacto positivo sobre o preço do ativo.

Apesar de os usuários terem enfrentado problemas técnicos para a reivindicação do WAL, a distribuição dos tokens foi considerada justa pelos usuários e se refletiu em uma alta de 27% nas 24 horas posteriores ao lançamento, de acordo com dados da CoinGecko.

O relatório “Para onde os nossos airdrops estão indo?", publicado pela Binance Research, revela que airdrops como o da Walrus, da Hyperliquid (HYPE), do Pudgy Penguins (PUDGY) e da Berachain (BERA), com regras de alocação claras e consistentes, requisitos de elegibilidade simples e prevenção contra estratégias de farming, são exceções. Ultimamente os eventos de distribuição de tokens têm frustrado a comunidade de criptomoedas.

Falhas dos airdrops

A falta de transparência, sem critérios claros de elegibilidade e alocação, alterações de última hora na quantidade de tokens distribuídos, a proliferação de bots para maximizar ganhos e o privilégio a influencers e usuários que dispõem de maior capital, ameaçam a eficácia desses eventos de contribuir com a expansão do ecossistema de criptomoedas.

Critérios de elegibilidade e alocação opacos geram expectativas infundadas entre os usuários, afirma o relatório, citando o caso do airdrop da Scroll, em outubro de 2024.

Apesar da promessa de recompensar os usuários com base em suas interações na rede, levando em consideração o volume de transações, a frequência de uso e envolvimento com a plataforma, não houve lógica na distribuição dos tokens:

“Uma análise pós-lançamento indicou que as recompensas distribuídas não estavam  consistentemente alinhadas com essas métricas, levando a acusações de favorecimento a alguns usuários e tomada de decisões arbitrárias por parte da equipe.”

Muitos projetos são acusados de beneficiar a própria equipe, os fundos de capital de risco que os financiaram e os influenciadores que criaram conteúdo para divulgá-los na distribuição dos tokens, em prejuízo da comunidade de usuários.

O relatório cita o airdrop da Kaito, realizado em fevereiro deste ano, em que 43,3% dos tokens foram alocados para a equipe e os investidores e apenas 10% para a comunidade. 

“A KAITO também gerou polêmica por ter direcionado grandes alocações para influencers que venderam seus tokens logo após o TGE (evento de geração dos tokens), afetando o preço do token e a confiança da comunidade.”

Práticas desse tipo têm se mostrado absolutamente nocivas não apenas para o preço de seus tokens, mas também para a sustentabilidade dos projetos no longo prazo.

Alterações na quantidade e nas alocações de tokens durante as campanhas de airdrops é outro equívoco que inevitavelmente resulta no descontentamento da comunidade, potencializando o fracasso de determinadas campanhas.

Por exemplo, a equipe da RedStone reduziu a alocação destinada à comunidade de 9,5% para 5% às vésperas da distribuição do token. “Essa mudança de última hora foi percebida como uma ação injusta, sinalizando falta de consideração e planejamento por parte do time do projeto", destaca o relatório.

Propostas para aprimorar as campanhas de airdrop

A Binance Research propõe que as startups de criptomoedas adotem três iniciativas para aprimorar as campanhas de airdrops.

Em primeiro lugar, a transparência é fundamental para construção de comunidades fiéis e robustas. 

Os critérios de distribuição e alocação de tokens devem ser comunicados aos usuários com clareza, de forma a direcionar o engajamento da comunidade aos propósitos do projeto.

Isso inclui a informação das métricas utilizadas para calcular os valores a serem recebidos, como a proporção de pontos por token, os limites de atividade por carteira e os pesos de diferentes interações on-chain.

“Os fundadores de projetos de criptomoedas precisam não apenas garantir que seus produtos sejam robustos e úteis, mas também que sua comunidade seja orientada por um propósito comum", afirma o relatório.

Convidar a comunidade a participar do projeto é outra estratégia sugerida, inclusive permitindo que os usuários opinem sobre a distribuição e a alocação de tokens durante a campanha de airdrop.

“No longo prazo, as pessoas gravitarão em torno de projetos que não apenas comunicam sua visão de forma clara e transparente, mas também fazem com que suas comunidades se sintam valorizadas e ouvidas", afirma o relatório.

Por fim, a Binance Research recomenda que os desenvolvedores utilizem ferramentas para monitorar as atividades on-chain em seus ecossistemas para evitar que caçadores de airdrop profissionais, que utilizam bots e múltiplas carteiras, sejam mais beneficiados do que usuários orgânicos.

As práticas de transparência, envolvimento comunitário e implementação de ferramentas tecnológicas têm o potencial de aprimorar as campanhas, restaurando a confiança da comunidade cripto nos airdrops como um meio legítimo de distribuição de tokens, conclui o relatório.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, a Binance anunciou uma campanha que vai distribuir 400 milhões de tokens GUN para os usuários da exchange.