Apesar de apresentar um ecossistema de criptomoedas vibrante e em expansão, o Brasil ainda enfrenta barreiras significativas à adoção em massa dos ativos digitais. Questões cruciais como a segurança dos fundos investidos, a volatilidade do mercado e as deficiências na educação financeira dos cidadãos são os principais obstáculos ao crescimento do mercado de criptomoedas no Brasil, conforme revelado pelo "Relatório Blockchain Latam 2024 – Atualizações Chaves de Ecossistema e de Regulamentação na América Latina."

Publicada em 1º de abril pela Sherlock Communications, a quinta edição do relatório revela também que apesar dos entraves à adoção, o Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número relativo de usuários de criptomoedas – 24% da população –, atrás apenas da Argentina, com 31%.

Barreiras à adoção das criptomoedas no Brasil

Na seção do relatório que investiga os obstáculos à adoção de criptomoedas no continente, 42% dos entrevistados brasileiros declararam não investir em criptomoedas por temer pela segurança dos seus fundos. 

Apesar de US$ 1,8 bilhão terem sido perdidos em hacks e golpes envolvendo criptomoedas em 2023, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, a segurança no espaço de ativos digitais tem se tornado mais robusta ao longo do tempo. No ano passado foi registrada uma queda de 52% nos fundos roubados, uma vez que em 2022 o total chegara a US$ 3,8 bilhões, de acordo com um relatório da empresa de análise de dados Chainalysis. 

A falta de experiência nos mercados financeiros e a educação financeira deficiente vem logo a seguir como fatores preponderantes para travar a adoção, com 32%. Por fim, 23% dos entrevistados disseram temer a volatilidade do mercado de criptomoedas.

Os brasileiros lideram o ranking em todos estes três quesitos, à frente dos entrevistados dos outros cinco países ouvidos pela pesquisa – Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. 

Dados do Relatório Blockhain Latam 2024. Fonte: Sherlock Communications

A pesquisa ouviu 3.438 pessoas em seis países da América Latina para analisar a opinião pública e o conhecimento sobre tópicos relacionados à tecnologia blockchain e às criptomoedas. O estudo exclusivo foi feito por meio de um painel online em fevereiro de 2024 e entrevistou 827 brasileiros. A metodologia da pesquisa permitia que os entrevistados optassem por mais de uma resposta para cada item investigado.

Outros motivos apontados pelos brasileiros para não possuírem criptomoedas incluem a não aceitação de moedas digitais como meio de pagamento corrente (23%), temores de que o governo possa decretar as criptomoedas ilegais no país (11%), e a insatisfação com a regulação do setor (8%).

Criptomoedas despertam a curiosidade dos brasileiros

Ao mesmo tempo em que os brasileiros se destacam por serem mais avessos aos riscos inerentes ao investimento em criptomoedas, também se mostram os mais dispostos a estudar e compreender a natureza desta nova classe de ativos financeiros. 

Caso tivessem acesso a "informações para entender melhor as criptomoedas", 65% dos entrevistados poderiam mudar de ideia, fazendo um primeiro investimento neste mercado. A segurança e a experiência do usuário das plataformas de negociação de criptomoedas seriam outro fator determinante para 41% dos brasileiros.

Benefícios da tecnologia blockchain

Embora céticos aos investimentos em criptoativos, os brasileiros mostraram-se confiantes em relação aos potenciais benefícios econômicos e sociais da tecnologia blockchain no âmbito dos serviços públicos.

Prontuários médicos de pacientes das redes públicas e privadas de saúde poderiam ser armazenados em redes blockchain, revolucionando o sistema de acesso à informação para 59% dos entrevistados.

A tecnologia blockchain também poderia ser utilizada para "gerar impacto social em comunidades menos favorecidas", segundo 48% dos brasileiros ouvidos na pesquisa.

Por fim, 48% acreditam que o uso da tecnologia blockchain para votações eletrônicas tornaria o sistema eleitoral brasileiro mais confiável.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o sistema de doação de órgãos do Brasil vai adotar a tecnologia blockchain para garantir a integridade de suas informações.

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