O Bitcoin fechou o mês de abril cotado a US$ 37.630 – o pior fechamento mensal do BTC até agora em 2022. A queda de 17,3% em relação ao mês anterior anulou inteiramente os ganhos registrados em fevereiro e março e azedou de vez o sentimento do mercado, apesar de alguns indicadores on-chain seguirem emitindo sinais positivos em relação à saúde da rede, com boas perspectivas de retomada de alta no longo prazo.
À medida que a correlação com o Índice Nasdaq se mantém em níveis poucas vezes experimentados e o Índice do Dólar (DXY) segue em alta, analistas já miram os próximos suportes a serem testados caso a zona em torno de US$ 37.000 seja quebrada.
Em uma análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil, o analista Diego Consimo, fundador da Crypto Investidor reforçou a importância dessa zona de suporte e estabeleceu os novos alvos a serem buscados caso a tendência de queda se mantenha ao longo de maio:
"O Bitcoin testou o fundo da formação de bandeira de baixa em U$37.400, essa região dos U$37.000 é de extrema importância, pois se perder esse suporte irá confirmar a formação da bandeira de baixa com alvos entre U$29.000 a U$24.000 que seria a projeção do mastro do movimento anterior."
Gráfico mensal do Bitcoin com projeção de bandeira de baixa. Fonte: Crypto Investidor (Trading View)
Índice do Dólar (DXY)
Segundo Consimo, os investidores devem ficar atentos ao comportamento do Índice do Dólar, um indicador cujo comportamento historicamente costuma se opor à ação de preço do Bitcoin. Atualmente, o DXY está em alta em função das incertezas do cenário macroeconômico e geopolítico, explica o analista:
"O DXY é um índice do valor do dólar em relação a uma cesta de moedas estrangeiras, ou seja, ele mede a força do Dólar perante as demais moedas do mundo. E ele está subindo porque os investidores estão em busca de liquidez, realizando suas posições por medo de um possível crash no mercado."
Justamente na semana em que o Banco Central dos EUA (Fed) deve anunciar novo aumento na taxa de juros como reforço às medidas de combate à inflação crescente e um programa de venda de ativos de proporções inéditas, o DXY deve passar por um teste decisivo para determinar o futuro do Bitcoin – e do mercado de criptomoedas como um todo – no curto prazo, explica Consimo:
"Nesse momento o DXY está em um momento decisivo, pois está testando sua resistência de longo prazo em 103.45. Caso consiga rompê-la, irá ocorrer o chamado “power breakout”, que é um padrão de rompimento de um retângulo de consolidação. Em geral, quando a resistência é rompida temos a aceleração de um movimento que levaria o DXY à região dos 120,75. Entretanto, podemos observar que o RSI (Índice de Força Relativa), que mede a força do mercado, está entrando na zona de sob comprado, e pode ocorrer uma correção desse movimento antes de uma possível continuidade em sua alta."
Os possíveis movimentos do DXY estão identificados no gráfico abaixo. Em caso de rompimento do triângulo de consolidação, o Índice do Dólar pode chegar aos 120,75. Em caso de correção, o DXY pode recuar até 89,30.
Gráfico semanal DXY com perspectivas de rompimento ou correção no curto prazo. Fonte: Crypto Investidor (Trading View)
Uma eventual correção do DXY pode desencadear um movimento positivo na ação de preço do Bitcoin, que levaria a maior criptomoeda do mercado a testar novamente a região em torno de US$ 48.000. No entanto, destaca Consimo, além do enfraquecimento do dólar, há alguns obstáculos a serem vencidos antes deste possível reteste:
"Ainda existe a possibilidade de o BTC testar a região dos U$48.000 mais uma vez, mas para isso o DXY teria que corrigir. Além disso, o Bitcoin precisa romper sua LTB (linha de tendência de baixa) em U$40.500 e sua resistência em U$43.000.
Recorde histórico da dificuldade de mineração
Por outro lado, métricas on-chain importantes acabam de registrar novas máximas históricas, indicando que um novo movimento de alta mais cedo ou mais tarde voltará ao horizonte.
Embora abril tenha sido um mês desfavorável para o preço do Bitcoin, a dificuldade da rede registrou dois novos recordes históricos. O último fixou a dificuldade de mineração de novos Bitcoins em 29,794 – e a tendência é de que esta alta continue.
Isso significa que apesar da queda do preço, novas entidades estão entrando no mercado de mineração ou que as empresas consolidadas estão investindo no aumento de sua capacidade.
A recente queda do preço não teve impacto negativo sobre os planos das mineradoras, destacou Ray Nasser, CEO da Arthur Mining, em declaração exclusiva ao Cointelegraph Brasil:
"Enquanto for rentável minerar, haverão novos entrantes. E o patamar de preço atual ainda é bastante rentável para novos entrantes. Estamos num momento delicado na economia global, então vimos uma redução discreta na procura de máquinas de mineração, mas ainda muito ativa e vemos grandes investimentos e captações diariamente."
Nasser destaca que os níveis de preço atuais tornam pouco provável que haja uma capitulação dos mineradores, capaz de derrubar o preço do Bitcoin a níveis inferiores aos US$ 20.000.
Nasser entende que o nível crítico para capitulação dos mineradores estaria na faixa de US$ 18.000. Por enquanto, uma queda dessa magnitude é pouco provável, mas, independentemente do preço do BTC, o CEO da Arthur Mining acredita que será inevitável uma reconfiguração do mercado de mineração em favor das empresas mais eficientes em termos operacionais:
"Hoje imagino que o preço por volta de US$ 18.000 por bitcoin seja um patamar onde se começa a reduzir a dificuldade da rede. Mesmo assim, os mineradores mais eficientes iriam comprar os de menor desempenho, causando uma consolidação de mercado. Na minha opinião, isso é inevitável no futuro."
O CEO da Arthur Mining ressaltou ainda o papel que a mineração de Bitcoin pode desempenhar como uma destrava na geração de energia limpa e renovável, causando impactos positivos para os consumidores finais e para a economia como um todo.
Arthur Mining
A Arthur Mining, da qual Nasser é um dos sócios e fundadores ao lado de Rudá Pellini, é uma startup sediada nos EUA pioneira no que vem sendo chamado de green mining (mineração verde) - a combinação de eficiência operacional e minimização dos impactos ambientais na atividade de mineração de criptoativos:
"A Arthur está posicionada para destravar energia renovável e limpar o meio ambiente simultaneamente. Conseguimos unir o útil ao agradável e nosso objetivo é ser exemplo para novos entrantes, além dos competidores atuais no mercado. Ao mesmo tempo, queremos mostrar que a mineração de bitcoin é uma solução para vários problemas globais energéticos e financeiros."
Utilizando gases normalmente desperdiçados e subvalorizados das indústrias de petróleo e gás, como por exemplo o metano, que é cerca de 25 vezes mais poluente que o gás carbônico, a Arthur Mining cresceu 250% ao longo de 2021 e projeta uma receita operacional de US$ 130 milhões para 2022 e de US$ 700 milhões para 2023, valor que tornaria possível a abertura do capital da empresa na bolsa dos EUA dentro de pouco tempo, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.
LEIA MAIS
- Investidores chineses reiniciam instalação de mineração de Bitcoin no Irã
- Endereços ativos de Bitcoin quebram marca e indicam 'fuga parabólica de preços'
- Imóveis tokenizados avançam, apesar dos obstáculos técnicos e legais
Siga o Cointelegraph Brasil para acompanhar as notícias em tempo real: estamos no X, no Telegram, no Facebook, no Instagram e no YouTube, com análises, especialistas, entrevistas e notícias de última hora do mercado de cripto e blockchain no Brasil e na América Latina.