Resumo da notícia:
A B3 já reúne 35 produtos ligados a criptoativos e movimenta mais de R$ 100 bilhões por mês no segmento.
O avanço inclui ETFs, BDRs, derivativos e ações de empresas expostas a Bitcoin e outros criptoativos.
Contratos futuros de Bitcoin lideram o volume, enquanto novas empresas do setor continuam chegando à bolsa.
Os criptoativos já movimentam cerca de R$ 30 bilhões por mês na B3 e seguem em forte expansão na bolsa brasileira. Atualmente, há 35 produtos que oferecem exposição regulada a criptoativos na B3, entre ETFs temáticos (fundos de índice negociados em bolsa), BDRs da BlackRock e da 21Shares, contratos futuros e ações de empresas do setor.
A expansão gradual da oferta desde 2021 registrou um salto exponencial ao longo de 2025, com o lançamento de 16 novos produtos. O número mais que dobrou no período, atendendo à demanda crescente dos investidores, como destacou Marcos Skistymas, diretor de Produtos da B3, à reportagem do Valor Investe:
“A negociação de criptoativos começou de forma gradual, observando o comportamento dos investidores e a liquidez dos produtos.”
Hoje, já são um nicho consolidado na preferência dos investidores — tanto que a B3 prepara a ampliação do horário de negociação desses produtos a partir de 2026, das 8h às 20h.
Ascensão dos criptoativos na B3
O Brasil e a B3 foram pioneiros na listagem de ETFs atrelados a criptoativos em 2021, quando a Hashdex lançou o Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11), com o propósito de oferecer uma exposição abrangente e diversificada ao mercado. Ainda em 2021, foram lançados ETFs de Bitcoin (BTC) e Ether (ETH) à vista. Ambos os produtos só viriam a chegar ao mercado americano em 2024.
Atualmente, a bolsa brasileira abriga 24 ETFs temáticos, que somam 400 mil cotistas e R$ 8 bilhões em ativos sob gestão.
A B3 também oferece acesso aos ETFs de Bitcoin e Ether da BlackRock por meio de BDRs. Ambos são os maiores em suas categorias nos EUA, com patrimônios líquidos de US$ 142 bilhões e US$ 25 bilhões, respectivamente.
Recentemente, a gestora suíça 21Shares lançou seis novos produtos via BDR para atender diferentes perfis de investidores, como explicou Skistymas:
“Os ETFs de criptoativos são majoritariamente procurados por investidores pessoa física, que enxergam nesses produtos uma forma simples, segura e regulada de acessar essa classe de ativos. Já os BDRs de ETFs atraem investidores que buscam diversificação internacional com a facilidade de negociar em reais.”
Futuros de Bitcoin sozinhos movimentam mais de R$ 100 bilhões mensais
Lançados em abril de 2024 com foco em traders profissionais, os contratos futuros de Bitcoin rapidamente se tornaram o principal destaque do segmento. Somente em outubro deste ano, movimentaram mais de R$ 100 bilhões.
O sucesso motivou a B3 a incluir os futuros de Ether e Solana (SOL) no cardápio de opções aos investidores. Dados da bolsa brasileira apontam que ambos movimentaram respectivamente R$ 17 bilhões e R$ 26 bilhões desde a estreia.
Também neste ano, a B3 ganhou suas duas primeiras Bitcoin Treasury Companies, empresas cujo modelo de negócios consiste na acumulação de Bitcoin para oferecer aos acionistas uma exposição alavancada ao ativo.
Em maio, a empresa de cashback e e-commerce Méliuz (CASH3) aprovou uma mudança em seu estatuto para permitir o investimento de parte do seu caixa em Bitcoin. Inicialmente, a estratégia foi bem-sucedida.
Dois meses após a primeira compra de Bitcoin, as ações da empresa atingiram uma valorização de aproximadamente 190%. No entanto, a queda do Bitcoin, associada à proliferação global de empresas que adotaram o modelo, pressionou negativamente o setor e a CASH3 praticamente devolveu todos os ganhos acumulados desde então.
Em outubro, foi a vez da OranjeBTC estrear na B3 com o propósito de ser uma empresa focada exclusivamente na acumulação de Bitcoin. Mesmo com o status de chegar ao mercado como a maior Bitcoin Treasury da América Latina, com mais de 3.000 BTC em caixa, as ações da empresa mantêm trajetória descendente, acumulando perdas superiores a 50% desde a listagem.
As ações da Strategy, empresa americana pioneira no modelo de acumulação de Bitcoin, também estão disponíveis na B3 por meio de BDRs. Sinalizando a relevância dos criptoativos na B3, os papéis da Strategy estão entre os cinco mais negociados do segmento, atrás de Tesla, Nvidia, Mercado Livre e Nubank.
Confirmando a expansão do segmento na B3, uma nova empresa do setor foi listada nesta semana, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil. A Fenynx oferece crédito com garantia em ativos digitais, permitindo que investidores e empresas utilizem Bitcoin, stablecoins e ativos tokenizados como colateral em operações de crédito.