Resumo da notícia:

  • O Mercado Bitcoin lança token RWA inédito para financiar empreendimentos sociais.

  • A iniciativa visa captar R$ 3,6 milhões, com um retorno estimado de 8% ao ano aos investidores.

  • Tokens podem ser adquiridos via Pix ou cartão de crédito na plataforma do Mercado Bitcoin.

O Mercado Bitcoin (MB), em parceria com a ONG Gerando Falcões, anunciou uma iniciativa que utiliza a tokenização de ativos reais (RWA) para financiar projetos de impacto social.

O projeto, apresentado a investidores e empresários em São Paulo na semana passada, visa conectar o capital financeiro ao desenvolvimento econômico da favela, substituindo a filantropia tradicional por um modelo de investimento com expectativa de retorno, operacionalizado via tokenização.

A oferta inicial prevê a captação de R$ 3,6 milhões destinados ao projeto Favela 3D, uma iniciativa da ONG Gerando Falcões desenvolvida em 15 comunidades em diferentes estágios de implantação. Já na primeira semana, metade da meta foi alcançada.

Ao contrário das doações a fundo perdido, Edu Lyra, fundador da Gerando Falcões e Diego Barreto, CEO do iFood, estruturaram um modelo de geração de crédito para fomentar iniciativas de infraestrutura e geração de renda em comunidades carentes, com uma rentabilidade de 8% ao ano para os investidores.

O capital arrecadado será gerido pela Gerando Falcões em parceria com associações de moradores locais, transformando recursos privados em microcrédito.

“Serão mais de 250 famílias beneficiadas e aquela comunidade ganhará investimentos em infraestrutura e a possibilidade de ampliação de suas rendas familiares,” explicou Felipe Whitaker, diretor de Wealth Management da MB Ultra, em uma postagem no LinkedIn.

“É a construção de um caminho em que a comunidade se torna protagonista da própria transformação, com mecanismos transparentes, sustentáveis e orientados a resultados.”

Reinaldo Rabelo, CEO do MB Euro, acrescenta que a tokenização reduz fricções operacionais e simplifica a jornada do investidor, permitindo aportes via PIX ou cartão de crédito por meio da plataforma da exchange.

Segundo Whitaker, a tecnologia permitiu estruturar o modelo com rapidez e eficiência, evidenciando "como os ativos digitais podem servir de ponte entre capital privado e impacto social concreto.” Da ideia à emissão da oferta inicial de tokens, passaram-se apenas 90 dias.

Além da agilidade, o modelo oferece rastreabilidade integral, permitindo que o progresso dos projetos e o fluxo de pagamentos sejam acompanhados em tempo real.

“Projetos assim mostram que tecnologia brasileira, quando bem aplicada, conecta mundos diferentes (da Faria Lima às comunidades) e cria modelos replicáveis para transformar a vida de milhares de famílias,” destacou Rabelo, também no LinkedIn.

Impacto Social, Escalabilidade e a Expansão Global do Modelo

O projeto-piloto beneficiará diretamente 250 famílias de uma comunidade localizada na Zona Sul de São Paulo. O modelo prevê um ciclo de retorno do investimento de cinco anos, ao longo do qual os beneficiários deverão efetuar pagamentos mensais fixos em torno de R$ 290 para compensar o investimento inicial. A ideia é que, dessa forma, os beneficiários se comprometam com os empreendimentos financiados.

A iniciativa baseia-se em cinco anos de experiências da Gerando Falcões na gestão de projetos comunitários de desenvolvimento econômico e social. Um exemplo de sucesso, as intervenções de urbanismo social e capacitação na Favela Marte, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, resultaram em uma redução na taxa de desemprego local de 70% para menos de 6%.

A iniciativa estabelece uma conexão direta entre o mercado financeiro e as comunidades vulneráveis através de um modelo que poderá ser replicado no futuro, inclusive em outros mercados.

Rabelo revelou que o MB disponibilizará os tokens para investidores europeus por meio do MB Portugal, braço internacional da exchange, ampliando as fontes de liquidez da iniciativa.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, Rabelo deixou o cargo de CEO do MB para dedicar-se à expansão da empresa na Europa. Em seu lugar, Lucas Lopes assumiu a presidência das operações do MB no Brasil.