Avaliada em mais de US$ 2,5 trilhões, a capitalização total do mercado de criptomoedas não é justificada pela geração de receitas de protocolos e aplicações, revela um estudo conjunto da 5 Phút Crypto e da Storible divulgado recentemente.

A análise de dados de 4.928 projetos de criptomoedas realizada entre 10 e 27 de fevereiro revela que, em média, 85% não geram receitas mensais superiores a US$ 1.000, independentemente de suas capitalizações de mercado.

Surpreendentemente, mesmo entre projetos avaliados em mais de US$ 1 bilhão, 86% não atingem a marca de US$ 1.000 em receitas mensais.

No caso de protocolos e aplicações de DeFi (finanças descentralizadas), os números são ainda piores: 95% não geram mais de US$ 1.000 por mês em receitas.

Receitas de projetos de criptomoedas por faixa de capitalização de mercado. Fonte: 5 Phut Crypto/Storible

A desconexão entre capitalizações de mercado elevadas e o desempenho financeiro insignificante confirma que a especulação – e não casos de uso reais e modelos de negócios consolidados – segue sendo o principal catalisador do crescimento da indústria.

As estatísticas revelam traços de bolhas financeiras e “levantam preocupações sobre a sustentabilidade do mercado, especialmente em ciclos de baixa, quando o entusiasmo dos investidores diminui", destaca o estudo.

Projetos de sucesso crescem de forma acelerada

Embora a maioria dos projetos não atinja níveis sustentáveis de maturidade financeira, algumas exceções se destacam pela velocidade de crescimento e escala, superando empresas de tecnologia da Web 2:

“As empresas tradicionais de tecnologia levam uma média de 12,2 anos para atingir US$ 500 milhões em receita anual. Em contrapartida, em média, os projetos de criptomoedas bem-sucedidos conseguem atingir esse marco em menos de seis anos.”

Para descobrir o tempo médio necessário para atingir US$ 500 milhões em receita anual, o estudo utilizou uma amostra de 25 empresas de tecnologia e outras 25 do ecossistema de criptomoedas.

De acordo com o estudo, uma alta capitalização de mercado não garante o sucesso e a sustentabilidade financeira de um projeto. Apenas destaca a vantagem competitiva dos projetos de criptomoedas em relação a empresas do mercado tradicional:

“A natureza digital dos projetos de criptomoedas permitem que eles escalem rapidamente sem as restrições logísticas enfrentadas pelas empresas tradicionais, como obstáculos regulatórios, custos de infraestrutura e flutuações na cadeia de suprimentos.”

O estudo também rejeita a prerrogativa de que o lançamento de tokens nativos é fundamental para o sucesso de protocolos e aplicações na Web3.

Como exemplo, são citados os casos das carteiras autocustodiais MetaMask e Phantom, que geram receitas por meio das transações dos usuários, e da Photon, um serviço de ferramentas automatizadas para traders de DeFi, cujo modelo de negócios baseia-se em assinaturas.

O estudo conclui que, com a entrada de investidores institucionais e o estabelecimento de um marco regulatório nos EUA, as métricas do mercado tradicional tendem a ser cada vez mais adotadas na montagem de portfólios de criptomoedas:

“À medida que o mercado evolui, é provável que investidores e usuários priorizem projetos com receita real e de longo prazo em vez de ganhos especulativos de curto prazo. O futuro das criptomoedas pode não pertencer àqueles com as maiores avaliações, mas sim àqueles que conseguirem criar modelos de negócios duradouros e escaláveis.”

Exceção à regra, a plataforma de lançamento de memecoins Pump.fun levou dez meses para atingir US$ 100 milhões em receita.

Apesar do colapso do mercado de memecoins, a plataforma lançou sua própria exchange descentralizada (DEX) em março deste ano. Em apenas uma semana, a PumpSwap atingiu US$ 1 bilhão e gerou US$ 2,1 milhões em receitas, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.