A média móvel de 50 períodos no gráfico semanal do Bitcoin traça o limite entre a continuação do mercado de alta e o potencial início de um novo inverno cripto, afirma Diego Pohl, analista da Crypto Investidor.
Após mostrar resiliência em comparação com o mercado acionário dos EUA e manter-se estável ao longo da semana, o preço do Bitcoin perdeu o suporte de US$ 80.000 poucas horas antes do fechamento semanal no domingo, 6 de abril.
O Bitcoin (BTC) e as criptomoedas responderam com atraso ao movimento de aversão ao risco dos mercados tradicionais, motivado pelo anúncio das tarifas comerciais do presidente Donald Trump e seus potenciais impactos negativos sobre a economia dos EUA.
Cotado a US$ 78.430, o par BTC/USD consolidou uma velha vermelha de 4,8% em antecipação à abertura dos mercados asiáticos e às expectativas de uma repetição da segunda-feira negra de 1987.
De fato, o S&P 500 abriu o pregão nesta segunda-feira, 7 de abril, em queda de mais de 10% em uma semana, de acordo com dados da TradingView, configurando um mercado de baixa para as ações dos EUA pela primeira vez desde 2022, como destacou uma postagem do perfil de análise macroeconômica The Kobeissi Letter no X.
Impactos das tarifas de Trump sobre a economia dos EUA
Ao analisar os efeitos da nova política comercial de Trump, o Budget Lab, centro de pesquisas de políticas da Universidade de Yale, na Califórnia, projetou uma redução de 0,9% a 1% no crescimento do PIB dos EUA em 2025.
No longo prazo, a economia americana deve encolher permanentemente de 0,3% a 0,6%, o que equivale a um prejuízo anual de US$ 90 bilhões a US$ 180 bilhões, com reflexos diretos sobre o PIB global.
No curto prazo, a inflação deve subir de 2,1% a 2,6%, resultando em custos adicionais entre US$ 3.400 e US$ 4.200 para os consumidores norte-americanos. O impacto maior recairia sobre os preços dos alimentos, que devem subir 3,7%, quase o dobro da taxa de inflação atual do setor.
Com a confirmação da entrada em vigor das tarifas sobre a China na quarta-feira, 9 de abril, sob a ameaça de uma taxação adicional de 50%, e a divulgação do Índice do Preço ao Consumidor (CPI) de março nos EUA no dia seguinte, a volatilidade continuará dando as cartas no mercado.
Com os mercados sob estresse e a pressão de Trump para que o Banco Central dos EUA (Fed) reduza as taxas de juros imediatamente, o mercado já começa a antecipar um afrouxamento na política monetária.
Dados da FedWatch Tool da CME apontam a probabilidade de que o Fed promova quatro cortes nas taxas de juros até o final deste ano, começando na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de 18 de junho. Se a previsão se confirmar, os juros fecharão 2025 entre 3,25% a 3,5%, 1% abaixo da taxa atual.
Análise de preço do Bitcoin
Nas primeiras horas do dia, o Bitcoin aprofundou suas perdas recentes com mínimas de US$ 74.600, seu menor patamar de preço desde a eleição de Trump em novembro, em uma queda antecipada pelos analistas da Crypto Investidor na semana passada.
A sustentação do suporte nesta região é fundamental não apenas para uma potencial reversão de tendência de curto prazo como para a própria continuação do mercado de alta, destacou Diego Pohl em análise para o Cointelegraph Brasil:
“É muito importante acompanharmos durante as próximas semanas o comportamento da ação de preço do Bitcoin em relação à Média Móvel de 50 períodos no gráfico semanal, que costuma servir como um claro indicador de tendência, e reversão de ciclos.”
Principal suporte do preço do Bitcoin nas circunstâncias atuais, a MMA-50 se encontra na faixa dos US$ 76.300, conforme a linha verde no gráfico abaixo.
Gráfico semanal BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
A partir da manutenção deste nível de suporte, o Bitcoin pode dar início ao seu próximo impulso de alta para buscar alvos na região de U$130.000 a U$150.000, afirma o analista.
Gráfico semanal de perpétuos BTC/USDT (Binance). Fonte: Crypto Investidor
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, o suprimento dos detentores de longo prazo do Bitcoin voltou a subir em março após a correção de 30%.
Entre julho e outubro de 2024, esse mesmo indicador antecipou a disparada do Bitcoin rumo a novas máximas históricas acima dos US$ 100.000, como destacou o mais recente relatório de mercado da Binance Research.