Resumo da notícia:
A reconfiguração da riqueza no setor cripto em 2025 foi ditada por IPOs e adoção de stablecoins.
Enquanto Jeremy Allaire (Circle) e Giancarlo Devasini (Tether) atingiram patamares recordes de patrimônio, Michael Saylor e os gêmeos Winklevoss enfrentaram quedas acentuadas.
O mercado atingiu um nível de maturidade onde o modelo de negócios e os casos de uso se tornaram mais relevantes do que a pura especulação.
O ano de 2025 foi marcado pela institucionalização definitiva do mercado de criptomoedas, com um ambiente regulatório favorável nos Estados Unidos sob a administração de Donald Trump e a abertura de capital de grandes empresas do setor.
Em um contexto político favorável que contrastou com a volatilidade dos ativos, o mapa da riqueza das principais personalidades do setor foi reconfigurado, segundo reportagem da Bloomberg.
Enquanto novos bilionários emergiram após IPOs bem-sucedidos, como Jeremy Allaire, da Circle, e Mike Cagney, da Figure Technology Solutions, veteranos da indústria como Michael Saylor e os gêmeos Winklevoss viram seus patrimônios encolherem significativamente.
Os principais catalisadores para o crescimento de fortunas de executivos de criptomoedas foram as aberturas de capital (IPOs) na bolsa americana e a expansão do mercado de stablecoins, segundo a Bloomberg.
Jeremy Allaire, fundador da Circle Internet Group, entrou para o grupo de bilionários com um patrimônio líquido de US$ 1,7 bilhão, após o IPO da empresa na NYSE em junho.
Na esteira de sua abertura de capital, a Circle, emissora do USD Coin (USDC), registrou um lucro líquido de US$ 214 milhões no terceiro trimestre, um salto superior a 200% em relação ao ano anterior. As ações da empresa chegaram a valorizar 865% logo após o IPO, saltando do preço de abertura de US$ 31 até máximas históricas de US$ 299.
Ainda no setor de stablecoins, Giancarlo Devasini, presidente do conselho de administração da Tether, emissora do (USDT), viu seu patrimônio crescer 60% no ano, atingindo a marca de US$ 13,2 bilhões. A empresa líder em capitalização de mercado distribuiu US$ 10 bilhões em dividendos aos seus controladores, consolidando-se como uma das empresas mais lucrativas do mundo.
Com uma participação de 47% na empresa, a fortuna de Devasini pode chegar a US$ 225 bilhões, considerando que a Tether atualmente está avaliada em mais de US$ 500 bilhões.
Segundo Jeff Dorman, diretor de investimentos da Arca, o sucesso da Tether é representativo do status adquirido pelas criptomoedas em 2025:
“Todos os medos que vinham segurando esse setor por uma década agora desapareceram. Não é mais um risco, é uma parte relevante do sistema financeiro.”
Mike Novogratz, da Galaxy Digital, viu seu patrimônio crescer 32%, para US$ 6,7 bilhões, impulsionado pela proliferação de empresas de tesouraria de criptomoedas (DATs). A receita bruta da Galaxy superou os US$ 28 bilhões no terceiro trimestre ao capturar taxas de administração para supervisionar as reservas em criptomoedas de mais de 20 dessas empresas.
Receita Federal aperta cerco e inclui criptoativos em intercâmbio internacional de dados financeiros
Michael Saylor, Justin Sun e os gêmeos Winklevoss estão entre os grandes perdedores
Em contrapartida, 2025 foi um ano punitivo para estratégias que antes eram consideradas infalíveis, como a de Michael Saylor, da Strategy. Saylor viu seu patrimônio despencar 37%, totalizando US$ 4 bilhões, à medida que o prêmio das ações da Strategy em relação às suas reservas de Bitcoin caiu drasticamente.
O IPO da Gemini, exchange de Cameron e Tyler Winklevoss, não igualou o sucesso de outras iniciativas de empresas do setor e a fortuna pessoal dos gêmeos caiu 59%.
O desempenho irregular das altcoins, por sua vez, provocou uma queda de 16% no patrimônio de Justin Sun, fundador da Tron (TRX), rede de camada 1 popular nos mercados asiáticos.
Patrimônios de CZ, da Binance, e Brian Armstrong, da Coinbase, ficam estáveis
Os patrimônios de Changpeng Zhao (CZ), fundador da Binance, e Brian Armstrong, fundador da Coinbase, refletiram a maturidade de modelos de negócios já consolidados. CZ manteve o status de personalidade mais rica do setor. O indulto presidencial de Donald Trump contribuiu para eliminar incertezas sobre o futuro da exchange líder do mercado de criptomoedas.
Armstrong também preservou sua posição, beneficiado pelo papel central da Coinbase na custódia de ativos de investidores institucionais e pela expansão do ecossistema da empresa por meio de diversas aquisições.
A ascensão e queda das fortunas dos executivos de criptomoedas em 2025 revelam que o mercado cripto premiou modelos de negócios validados por aplicações práticas e casos de uso reais. Independentemente do apoio político, o mercado atingiu um nível de maturidade em que a precificação dos ativos passou a ser baseada em fundamentos – e não mais em especulação.

