A paixão dos brasileiros por esportes e novas tecnologias faz do Brasil o maior mercado global da Chiliz, afirmou Bruno Pessoa, Country Manager da empresa, em entrevista exclusiva ao Cointelegraph Brasil.

Com uma base de 450 mil detentores de fan tokens, o Brasil representa 22,5% do total de usuários da Socios.com globalmente, superando mercados pioneiros, como a Turquia, e países que possuem ligas de futebol poderosas como Itália, Inglaterra e Espanha, destacou Bruno:

"Embora a Turquia seja um mercado super interessante e tenha sido um dos primeiros a adotar os fan tokens, o Brasil tem registrado um crescimento mais rápido, com taxas anuais superiores a dois dígitos desde que a empresa chegou aqui."

A Chiliz é pioneira na criação de fan tokens, ativos digitais que proporcionam uma nova forma de interação entre os torcedores e seus times do coração. A posse de fan tokens permite que os usuários participem de uma comunidade exclusiva e tenham acesso a experiências únicas.

Por sua vez, os clubes obtiveram uma nova fonte de receita, além de criar uma relação mais próxima e engajada com a base de fãs que lhes dá sustentação.

O primeiro clube brasileiro a ter um fan token lançado pela Chiliz foi o Atlético Mineiro, em agosto de 2021. No lançamento, foram vendidas 850 mil unidades do $GALO, gerando uma receita de aproximadamente R$ 9 milhões, dos quais 50% foram destinados ao clube.

O sucesso da parceria com o Atlético Mineiro despertou a atenção dos clubes brasileiros e, ao longo de 2021 e 2022, novos contratos foram fechados. Atualmente, o Grupo Chiliz tem parcerias com dez times da Série A do Campeonato Brasileiro para emissão de fan tokens e promoção de eventos e campanhas relacionadas.

Em pouco mais de três anos, foram realizadas mais de 4 mil campanhas digitais e resgatados 50 mil prêmios, afirmou Bruno. Além das votações em enquetes e do resgate de colecionáveis digitais, a Chiliz promove eventos presenciais juntamente com os clubes, cujo objetivo é proporcionar experiências que fãs comuns jamais seriam capazes de vivenciar.

"São muitas histórias, muitas experiências e prêmios que vem transformando a maneira como os torcedores interagem com seus clubes e ligas do coração, algo que, além de reforçar os laços, aumenta a possibilidade de dar escala e globalizar essa relação, levando a proximidade com os clubes para torcedores do mundo todo", afirmou Bruno. Em seguida, citou alguns exemplos marcantes de promoções realizadas no Brasil.

Alguns torcedores do Flamengo tiveram a oportunidade de participar do Jogo do Penta, em que os detentores do $MENGO disputaram uma partida amistosa ao lado de jogadores que foram campeões brasileiros pelo Flamengo, como Adriano "Imperador", Júlio César e Adílio.

O São Paulo promoveu uma Watch Party, na qual um holder do $SPFC teve o privilégio de assistir a final da Copa Sul-Americana em um camarote do estádio do Morumbi acompanhado de 30 amigos.

Dois torcedores do Bahia viajaram à Inglaterra com tudo pago para acompanhar de perto a delegação do Manchester City ao longo de um fim de semana, culminando com a oportunidade de assistir o atual campeão do Mundial da FIFA no camarote do Etihad Stadium.

Por um dia, os detentores do $VERDAO, fan token oficial do Palmeiras, tornaram-se alunos de Raphael Veiga em um workshop de cobranças de pênaltis. 

"Proof-of-Passion"

Este ano, a Chiliz lançou a campanha Proof-of-Passion, que distribui colecionáveis digitais exclusivos de oito times a cada rodada do Campeonato Brasileiro da Série A. Os colecionadores concorrem a diversos prêmios – desde experiências virtuais customizadas até itens utilizados pelos jogadores nas partidas, como camisetas, braçadeiras, e outros produtos oficiais autografados.

Bruno explica ainda que a campanha foi criada com um incentivo adicional para os fãs: "criar uma disputa saudável entre as maiores torcidas do país para ver qual delas demonstra maior paixão por seu clube do coração na rede da Chiliz."

Na segunda fase da campanha, os usuários que não resgataram os cards em tempo hábil terão a oportunidade de adquiri-los no mercado secundário para concorrer aos prêmios.

Torcedores que colecionarem os 38 colecionáveis disponibilizados antes de cada jogo do seu time do coração, receberão um card especial ao final da temporada. Até o momento, mais de 200 mil cards já foram mintados, com o Bahia na liderança, à frente de Palmeiras e Flamengo, que ocupam a segunda e a terceira colocações.

Chiliz Chain

Em 2023, a Chiliz iniciou um processo de transição para focar no desenvolvimento do ecossistema SportFi com o lançamento da Chiliz Chain, uma blockchain pública cuja ambição é se tornar a infraestrutura dominante na Web3 para projetos que unem ativos digitais e esportes.

Recentemente, um projeto de colecionáveis digitais criado independentemente pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) em associação com a plataforma Gotas Social lançado na Chiliz Chain alcançou grande sucesso, impulsionado pelas Olimpíadas de Paris.

Embora a Chiliz não esteja diretamente envolvida com a iniciativa, a escolha da Chiliz Chain como plataforma para emissão e comercialização dos itens da coleção reforça a liderança da empresa no setor de SportFi, afirmou Bruno:

"Por sermos a principal blockchain para esportes do mundo, a CBV entendeu que faria sentido que suas campanhas de Web3 fizessem parte desse ecossistema, pois além de já haver uma grande comunidade de fãs do esporte envolvida e engajada ali seria possível futuramente desenvolver outros projetos de Web3 em parceria com essas instituições de forma muito mais simples."

Os colecionáveis digitais de jogadores e jogadoras do vôlei brasileiro foram disponibilizados para mintagem gratuita por meio da distribuição de códigos em stories no Instagram da CBV. O resgate era gratuito por 24 horas.

Oferecendo suporte ao projeto, a Chiliz vai criar um marketplace para comercialização dos itens da coleção. Este modelo aponta para a nova estratégia da empresa no momento. 

Segundo Bruno, os esforços não estão concentrados em fechar novas parcerias nos moldes das que foram feitas com os clubes de futebol, mas sim focar na expansão do ecossistema de acordo com as demandas do mercado:

"Cada dia estamos menos envolvidos no desenvolvimento dos produtos. Chegamos em um estágio onde hoje o foco é trabalhar cada vez mais para comunicar o valor da nossa chain e da nossa comunidade esportiva para que as próprias entidades utilizem a nossa rede para o desenvolvimento de produtos. Nosso projeto é se consolidar como infraestrutura para expandir o setor como um todo."

A expansão do ecossistema para incorporação de outras modalidades esportivas, além do futebol, é um movimento natural para a Chiliz, afirmou o executivo: 

"A demanda por inovação e renovação da base de fãs existe em qualquer modalidade, qualquer clube. O projeto da CBV, por exemplo, não fomos nós que desenvolvemos. A própria CBV percebeu a oportunidade de criar os colecionáveis e desenvolveu a ideia em parceria como uma terceira parte, a plataforma Gotas Social. A Chiliz foi escolhida para o lançamento por conta da natureza e do potencial da nossa rede."

Estratégia para expansão da Chiliz no Brasil

Bruno negou que a mudança de foco da empresa estaria associada ao esgotamento da narrativa dos fan tokens. Os tokens associados a grandes clubes do futebol mundial alcançaram grande popularidade durante o mercado de alta de 2021, mas perdeu força à medida que o mercado de criptomoedas entrou em declínio em 2022.

"O mercado de criptomoedas ainda é muito novo e, na verdade, os fan tokens não são uma narrativa antiga, mas sim uma categoria que ainda tem muito para crescer e evoluir assim como outros setores do mercado cripto", afirmou o executivo.

Segundo Bruno, existe um potencial ainda não realizado dos fan tokens, tanto para as entidades esportivas quanto para os fãs de esportes. O aprendizado precisa evoluir por meio de experiências práticas. O executivo acredita que a atração de novos usuários passa pelo aprimoramento dos produtos e a educação dos usuários:

"Sempre gosto de dizer que o futuro não será menos digital. As coisas tendem a ficar cada vez mais digitais, e a blockchain é uma forma segura, descentralizada e eficiente de registro de atividades. É o desenvolvimento de novos produtos, soluções e integrações na rede da Chiliz que irão potencializar e ampliar a utilidade desses ativos e entregar maior valor para os holders."

Bruno destacou as novas parcerias fechadas recentemente pela Chiliz no Brasil para promover a adoção da tecnologia blockchain. A associação com o Arena Hub, o principal ecossistema brasileiro de startups esportivas, visa aproximar os empreendedores do ambiente da Web3, apresentando o potencial desse mercado.

Em outra frente, a empresa vem estabelecendo um relacionamento regular com a comunidade de desenvolvedores locais por meio de uma parceria com a startup de soluções de infraestrutura para Web3, Lumx Studios.

As ferramentas desenvolvidas pela Lumx tornam mais simples o desenvolvimento de projetos para Web3, potencializando a ​​construção de soluções que expandam a utilidade dos fan tokens.

"Obviamente já construímos coisas incríveis, são mais de 140 milhões de fan tokens vendidos em todo o mundo e mais de 2 milhões de pessoas que já tiveram algum contato com nossos produtos, mas, considerando as possibilidades da tecnologia blockchain, ainda estamos longe de atingir nosso verdadeiro potencial", concluiu Bruno.