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BlueBenx se defende de acusações de fraude com nova versão para 'sumiço' de fundos da empresa

Inicialmente, empresa afirmara ter sido vítima de um ataque hacker, mas agora o CEO da empresa veio à público apresentar uma nova versão dos fatos, segundo a qual a empresa foi vítima de um golpe perpetrado por um falso representante da exchange asiática Bitrue.

BlueBenx se defende de acusações de fraude com nova versão para 'sumiço' de fundos da empresa
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Cinco dias depois que a BlueBenx suspendeu os saques dos clientes, demitiu funcionários e desativou suas instalações físicas por supostamente ter sido vítima de um ataque hacker, o CEO da empresa, Roberto Cardassi, veio à público apresentar uma nova versão para justificar a perda de US$ 200 mil e 25 milhões de BENX, o token nativo da exchange brasileira de criptomoedas.

Em um comunicado distribuído à imprensa assinado pelo próprio Cardassi, ele explicou que a BlueBenx teria sido vítima de um golpe orquestrado por falsos representantes da exchange asiática Bitrue. Durante o processo de negociação para a listagem do BENX na Bitrue, os falsos representantes teriam exigido um pagamento prévio de US$ 200 mil, além do envio de 25 milhões de unidades BENX para serem disponibilizados para negociação.

Em 25 de julho, data em que foi realizada a transferência, o BENX estava cotado a US$ 0,21, de acordo com dados do CoinMarketCap. Portanto, o montante total de BENX enviado aos farsantes seria equivalente a US$ 5,2 milhões.

Após o envio dos tokens, imediatamente o falso representante da Bitrue efetuou milhares de transações drenando a liquidez do BENX dos pools de liquidez de protocolos DeFi (finanças descentralizadas) onde a BlueBenx tinha seu token listado.

A uma reportagem do Valor Econômico publicada na quinta-feira, 18,, Cardassi afirmou que a empresa tentou minimizar os danos, mas não foi possível "porque tudo ocorreu com uma velocidade muito rápida. As outras exchanges pediram um tempo para bloquear a execução dos contratos, mas já era tarde."

As demissões dos funcionários da empresa foram justificadas como um ato do Comitê de Gestão da Crise montado às pressas para lidar com a situação, e visam evitar que colaboradores e fornecedores com acesso privilegiado possam ter acesso às contas vinculadas à empresa.

Coordenado pelo escritório Nicolia Dos Anjos Sociedade de Advocacia, o comitê vai efetuar diligências de investigação de processos internos e externos para buscar soluções para o caso, além de propor um plano de recuperação.

Segundo Cardassi, foram suspensos apenas os saques dos 2.433 clientes do BlueBenx Finance e o plano de recuperação prevê que aqueles que foram afetados pela medida poderão resgatar suas aplicações a partir de 2023.

O BlueBenx Finance é um produto de investimento oferecido pela plataforma da empresa através de quatro modalidades de contratos de investimento, com lucros que variam de acordo com diferentes períodos de carência, podendo chegar a até 66% ao ano para investidores que optarem por bloquear seus investimentos por 365 dias.

De acordo com Cardassi, o lucro é garantido através de spreads de negociações à vista envolvendo diferentes criptomoedas - muito semelhante ao que fazem os fundos quantitativos, só que sem a proteção oferecida por produtos de investimento regulados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A desocupação da sede da empresa seria parte do plano de contingência e a empresa também não descarta se desfazer de parte de seus ativos para honrar os compromissos assumidos por contrato com os seus 25 mil clientes.

O vice-presidente de operações da BlueBenx, William Batista, pediu um voto de confiança à empresa e declarou ao Valor Econômico que os responsáveis estão se esforçando ao máximo para restabelecer a normalidade das operações, inaugurando um novo capítulo na história do mercado brasileiro de criptomoedas:

"Já vimos muitas empresas de cripto no Brasil que quebraram e que deixaram as pessoas a ver navios. Não é nosso caso. Queremos ser a primeira que volta a operar, paga os seus clientes e recupera a reputação. Precisamos de um voto de confiança dos clientes que sempre receberam em dia. Estamos aqui e se depender de nós vamos fazer de tudo para cumprir com o plano de recuperação da empresa."

Rastreamento dos fundos

O rastreamento da movimentação on-chain dos fundos originalmente transferidos de endereços da BlueBenx foram parar na Binance depois que o suposto falso funcionário da Bitrue liquidou os BENX recebidos em troca de USDT nas exchanges descentralizadas Dodo e BabySwap, revelou reportagem do Portal do Bitcoin. Ao todo, US$ 216.640 em USDT tiveram como destino final a Hot Wallet 6 da Binance.

Enquanto isso, investidores vítimas da Atlas Quantum entraram na Justiça pedindo um ressarcimento no valor de R$ 7 bilhões por Bitcoins custodiados pela empresa que foram perdidos depois que ela encerrou suas atividades em 2019.

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