O rebaixamento da nota de crédito dos Estados Unidos pela Moody's na última sexta-feira, 16 de maio, cria a tempestade perfeita para o Bitcoin (BTC) decolar e alcançar novas máximas históricas, afirmou Jeff Dorman, diretor de investimentos do fundo de hedge de criptomoedas Arca.

Agências de classificação de crédito já haviam reduzido a nota de crédito dos EUA em outras duas ocasiões no passado. O fato de a Moody's ser a terceira agência a tomar essa decisão explica o impacto inicialmente limitado nos mercados.

Mesmo assim, para Dorman, o rebaixamento é um símbolo explícito da confiança reduzida na capacidade dos EUA de honrar ou simplesmente reduzir sua dívida crescente. “O Bitcoin ama isso e, como resultado, deve disparar", escreveu Dorman em uma thread publicada no X.

Rebaixamentos da nota de crédito dos EUA

A primeira vez que os EUA testemunharam o rebaixamento de seu score de crédito foi em 2011, após a aprovação da Lei de Controle Orçamentário.

Na ocasião, a Standard&Poor's argumentou que o plano de controle fiscal “não propõe o que seria necessário para estabilizar a dinâmica da dívida de médio prazo do governo.” A S&P também observou o enfraquecimento da eficácia e da estabilidade da formulação de políticas nas instituições americanas.

Doze anos depois, em agosto de 2023, a Fitch rebaixou a nota de crédito dos EUA ressaltando a deterioração nos padrões de governança nos últimos 20 anos, com pouco ou nenhum avanço na previdência social e na reforma dos sistemas de saúde do país, além de citar também a dívida crescente.

Na última semana, foi a vez de a Moody's reduzir a nota de crédito de AAA para AA1, afirmando que, “apesar da força da economia e das finanças dos EUA, nós acreditamos que ela não é suficiente para contrabalançar o declínio das métricas fiscais do governo.

Em uma análise no X, Victor Alfa, Head de Conteúdo do DeFiverso e Diretor de Research da WeSearch, destaca que “a dívida pública dos EUA alcançou US$ 36,2 trilhões (98% do PIB em 2024) e pode chegar a 134% do PIB até 2035, enquanto o déficit fiscal deve atingir 9% do PIB em 2035 (contra 6,4% em 2024).”

Como efeito imediato, o analista aponta três consequências: um aumento no custo do financiamento da dívida pública, que já está afetando os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de longo prazo; uma diminuição da confiança nos mercados financeiros tradicionais; e um abalo no prestígio do dólar e sua posição como moeda de reserva global.

Relação do preço do Bitcoin com a nota de crédito dos EUA

Em sua análise, Dorman traça um paralelo com esses momentos no passado em que agências de classificação de risco rebaixaram a nota de crédito dos EUA para antecipar os próximos movimentos do preço do Bitcoin.

Em 2011, o Bitcoin ainda era um ativo pouco relevante e descorrelacionado dos mercados tradicionais. Ainda assim, na semana que se seguiu ao rebaixamento da nota pela S&P's, o preço do Bitcoin caiu 25%, de US$ 13,43 para 10.

“Essa queda foi parte de uma correção mais ampla após seu primeiro grande rali no início do ano – e provavelmente não está diretamente ligada ao rebaixamento da classificação de crédito dos EUA.”

Em 2023, o Bitcoin manteve-se estável logo após a divulgação da notícia, mas acabou caindo 10% ao longo das semanas subsequentes. No entanto, em uma janela que compreende os seis meses seguintes, o criptoativo disparou 200%.

No início desta semana, o Bitcoin se manteve estável, assim como os índices de ações dos EUA, enquanto os títulos do Tesouro dos EUA atingiram patamares superiores a 4,5%.

Antecipando o rompimento da máxima histórica registrado nesta quarta-feira, 21 de maio, Dorman citou a crise de confiança no sistema financeiro e previu uma explosão do Bitcoin por decorrência disso:

“O BTC NÃO age como o ouro como um porto seguro quando os mercados estão em desordem causada por guerras, desvios de alavancagem ou operações baseadas no medo. Mas o BTC funciona perfeitamente como uma proteção contra a perda de confiança em bancos e governos locais.”

Em análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil, Arthur Driessen, da Crypto Investidor, também previu a renovação das máximas históricas do Bitcoin ao longo desta semana. No entanto, o analista alertou que possivelmente haverá uma correção para valores abaixo de US$ 100.000 após o ativo atingir os preços-alvo entre US$ 110.000 e US$ 120.000.