Em 20 de abril de 2024, o Bitcoin (BTC) passou pelo quarto halving de sua história, evento que em ciclos de mercado anteriores impulsionou altas exponenciais de preço ao longo do ano seguinte.
Passado um ano desde que as recompensas por bloco minerado foram reduzidas de 6,25 BTC para 3,125 BTC, o Bitcoin valorizou menos de 40%.
O par BTC/USD fechou o dia 20 de abril de 2024 cotado a US$ 64.940. Exatamente um ano depois, era negociado a US$ 85.180, de acordo com dados da CoinGecko. A valorização no período ficou limitada a 31,1%.
Após o primeiro halving, em 2012, o Bitcoin valorizou impressionantes 7.000%; em 2016, os ganhos foram mais modestos, de apenas 291%; em 2020, a alta foi de 541%.
Excluindo-se o ciclo de 2012, cuja valorização extraordinária não oferece um parâmetro consistente com as condições atuais do mercado de criptomoedas, a valorização média do Bitcoin após os halvings de 2016 e 2020 é de 416%.
Mesmo com a aprovação dos ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos e a eleição de Donald Trump, o primeiro presidente pró-cripto na maior economia do mundo, o desempenho do preço do BTC é 13 vezes inferior à média dos ciclos de 2016 e 2020.
Valorização do Bitcoin nos anos seguintes aos halvings. Fonte: Kaiko Research
A alta que tipicamente se materializava nove meses após o halving não ocorreu neste ciclo, sugerindo que o mercado de criptomoedas entrou em uma nova fase, segundo um relatório publicado recentemente pela Kaiko Research.
Condições macroeconômicas desfavoráveis
O desempenho inferior após o halving confirma a tese de que a redução da emissão de novas moedas tem pouco impacto na dinâmica atual do mercado, ao contrário do que ocorrera em ciclos anteriores.
Excepcionalmente, o Bitcoin registrou uma nova máxima histórica antes do halving em março de 2024 – algo que nunca havia ocorrido no passado.
Além disso, as condições macroeconômicas se deterioraram especialmente no começo deste ano, com a política tarifária de Trump, como destaca a Kaiko Research:
“No primeiro trimestre de 2025, as tensões comerciais globais se intensificaram e o sentimento de aversão ao risco aumentou acentuadamente. Durante os seis meses após o halving, o Índice de Incerteza da Política Econômica (FRED) teve uma média de 317. Em contraste, o índice registrou uma média de 107 em 2012, 109 em 2016 e 186 em 2020 nos mesmos períodos após o halving.”
O boletim sugere que esta disparidade no contexto macroeconômico está exercendo uma pressão negativa sobre o desempenho do Bitcoin, diferentemente do que ocorreu nos ciclos anteriores.
Adoção institucional e o novo paradigma do Bitcoin
Um indicador importante, no entanto, sinaliza uma mudança no status do Bitcoin – a criptomoeda está integrada ao sistema financeiro, ainda que como um ativo alternativo.
A Kaiko Research aponta que a volatilidade de 60 dias do preço do Bitcoin caiu progressivamente ao longo do tempo: de mais de 200% em 2012 para aproximadamente 50% no ciclo atual.
Volatilidade do Bitcoin um ano após o halving. Fonte: Kaiko Research
A redução na volatilidade é representativa do amadurecimento e da mudança de status do Bitcoin, mas também implica retornos mais estáveis, embora significativamente mais modestos em comparação com ciclos anteriores.
Com a crescente adoção institucional do Bitcoin, o relatório conclui que os investidores devem recalibrar suas expectativas, reconhecendo que estamos testemunhando a consolidação de um novo padrão de mercado para a criptomoeda pioneira.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, analistas sugerem que a aprovação dos ETFs de Bitcoin nos EUA em janeiro de 2024 acelerou o atual mercado de alta, rompendo com o padrão histórico de quatro anos dos ciclos de mercado das criptomoedas.