O Mercado Bitcoin (MB) confirmou nesta terça-feira (16) sua saída da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), entidade cofundada pela exchange de criptomoedas brasileira em 2018, que informou não ter recebido pedido formal de desfiliação do MB.

Em nota, a exchange demonstrou insatisfação com a atual agenda da ABCripto ao ressaltar que a “decisão foi tomada após divergências estratégicas em relação à representatividade e aos objetivos da associação no atual cenário do mercado cripto”.

“A ABCripto desempenhou um papel importante na criação de marcos regulatórios, mas, na perspectiva do MB, a agenda atual não atende às necessidades de evolução do ecossistema cripto para empreendedores brasileiros”.

Em entrevista ao portal NeoFeed, o CEO do MB, Reinaldo Rabelo, disparou dizendo que a ABCripto passou a pensar em interesses mais amplos, de pessoas que não operam de forma correta no Brasil e que, segundo ele, não defendem o desenvolvimento do ecossistema nacional.

De acordo com o executivo, a associação não defende a exigência de CNPJ e representação local para empresas que atuam no mercado de criptomoedas no país. O que, segundo o representante do MB, seria uma exigência desnecessária aos olhos da ABCripto, embora tenha sido essencial na proteção dos investidores dos EUA contra supostas fraudes atribuídas a Binance, o que não teria acontecido no Brasil.

“A empresa anuncia ampliação na participação na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), em que passará a integrar o ‘Comitê de Tokenização’, e na Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), atuando como mantenedor e na ‘Vertical de Tokenização’. Essas parcerias reforçam o compromisso do MB com a inovação e a colaboração com o mercado financeiro tradicional e com o ecossistema fintech nacional”, informou o MB.

A ABCripto, por sua vez, ressaltou que “conta com mais de 50 associadas, representa o mercado da criptoeconomia de forma ampla, e está dedicada ao desenvolvimento e organização do setor. Como associação, nosso propósito é promover um ambiente seguro do ponto de vista jurídico e de negócios, sempre atuando em conjunto com os órgãos reguladores e com o mercado”.

A associação disse ainda que, em 2020 foi pioneira ao lançar a autorregulação do setor, que traz um conjunto de regras para organizar e padronizar práticas de conduta e prevenção à lavagem de dinheiro entre as empresas do mercado e que vem promovendo, nos últimos anos, uma série de ações educativas, de apoio ao setor, como o programa de assessoria para dar suporte às tokenizadoras e outras empresas do mercado na obtenção da licença de Crowdfunding

“A associação também firmou acordos de cooperação para o desenvolvimento do mercado com a Comissão de Valores Mobiliários, Companhia de Desenvolvimento e Desmobilização de Ativos do Amazonas (CADA), com a SP Negócios e com a Invest.Rio”, completou a ABCripto.

Fora da seara de novos associados que desagradaram o MB, a ABCripto entrou em campo em maio com Inter e Grêmio para promover arrecadação em criptomoedas às vítimas da enchente no RS, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.