A semana que se encerra foi marcada pelo retorno do otimismo ao mercado de criptomoedas, com o Bitcoin voltando à faixa entre US$ 90.000 e US$ 100.000 e o preço justo calculado com base na taxa de hash atingindo o recorde histórico de US$ 130.000.
Após meses de intensa volatilidade e medo extremo provocados pela guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, um movimento coordenado do governo, do Banco Central (Fed) e do Tesouro para proteger a economia americana vem ganhando força e sinaliza uma mudança de tendência para os ativos de risco, especialmente o Bitcoin (BTC).
O alinhamento entre as ações do governo, a flexibilização monetária e estímulos fiscais pode inaugurar uma nova onda de valorização do Bitcoin, segundo o mais recente boletim de mercado da Capriole Investments.
O “Put Triplo” é configurado por uma atuação sincronizada dos principais agentes econômicos do país, com ações decisivas da Casa Branca para revisar sua política tarifária; perspectivas renovadas de cortes de juros do Fed; e as garantias do Tesouro de prover liquidez ao sistema financeiro em momentos de tensão.
Desde o caos instaurado nos mercados financeiros em 2 de abril, o Dia da Libertação, Trump recuou em sua guerra comercial. O presidente propôs uma pausa de 90 dias na implementação das tarifas, ao mesmo tempo em que reduziu as alíquotas em aproximadamente 50% e abriu diálogos para negociação de novos termos com a China.
Segundo o boletim, essa postura evidencia que o governo vai agir para estabilizar os mercados de ações e renda fixa quando necessário.
Apesar dos embates entre Trump e Jerome Powell, presidente do Fed, sobre possíveis cortes de juros, há indicadores efetivos de que o aperto monetário está próximo do fim. O mercado já precifica a possibilidade de até três cortes de juros ainda em 2025, segundo dados da FedWatch Tool da CME.
Por fim, o Tesouro dos EUA também passou a atuar de forma decisiva para estabilizar o sistema financeiro, sinalizando disposição, caso necessário, de realizar recompra de títulos e lançar mão de políticas para garantir a liquidez e a confiança dos investidores no dólar.
Preço justo do Bitcoin atinge US$ 130.000
Diante dessas circunstâncias, o Capriole Bitcoin Macro Index, que reúne mais de 70 indicadores macroeconômicos e de criptomoedas, está sinalizando uma reversão significativa no sentimento do mercado:
“Essa nova tendência de alta nos fundamentos também é reforçada pelo fato de que o Macro Index foi efetivamente resetado. Em outras palavras, vimos uma tendência significativa de baixa nos fundamentos que foi zerada para o “valor justo” e, em seguida, retomou uma tendência de alta.”
Em paralelo, o Valor de Energia do Bitcoin, um indicador da Capriole que calcula o preço justo do Bitcoin com base na taxa de hash da rede, atingiu US$ 130.000 pela primeira vez na história.
De acordo com o indicador, o Bitcoin está sendo negociado com um desconto de 40% em relação ao seu “preço justo”:
“Como se pode ver no gráfico abaixo, esses descontos sempre podem aumentar, mas o Bitcoin sempre reverteu para seu valor justo ao longo do tempo. Um desconto de 40% um ano após o halving é bastante raro e um desdobramento muito bem-vindo.”
Gráfico do Valor de Energia do Bitcoin. Fonte: Capriole Investments
A manutenção do suporte em US$ 91.000 é crucial para a continuidade do otimismo, afirma o boletim. Uma eventual quebra nesse nível pode desencadear correções mais acentuadas e nova fuga de capitais do mercado cripto.
Os principais riscos nesse sentido concentram-se em possíveis reviravoltas na guerra comercial e na política monetária do Fed. Aumentos inesperados nas taxas de juros ou novas declarações explosivas de Trump têm potencial para gerar volatilidade e impactar negativamente o mercado de criptomoedas, segundo o boletim.
Apesar das ressalvas, as perspectivas para o Bitcoin são muito otimistas no momento, com uma confluência sólida entre fatores técnicos, fundamentalistas e de sentimento. Além disso, o Bitcoin está sendo negociado com um desconto relevante, diferentemente do que ocorreu em mercados de alta anteriores, como em 2017 e 2021, quando o ativo estava historicamente sobrevalorizado nesta altura do ciclo, conclui o boletim.
Apesar do atual momento de otimismo, a alta do preço do Bitcoin um ano após o halving é 13 vezes menor do que em ciclos anteriores, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil. O Bitcoin valorizou menos de 40% desde 20 de abril de 2024, data em que ocorreu o quarto halving de sua história.