Esta matéria foi atualizada às 20h10 com um posicionamento oficial do Itaú BBA esclarendo as informações do documento vazado

Em um movimento inédito na América Latina, a Orange BTC anunciou sua entrada no mercado com uma proposta ousada: tornar-se a primeira empresa pública da região dedicada exclusivamente ao Bitcoin como ativo de reserva estratégica.

Com um investimento inicial de US$ 210 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão), a companhia quer replicar, em solo latino-americano, a estratégia bem-sucedida da norte-americana MicroStrategy, liderada por Michael Saylor.

Diferente do que circulou inicialmente, o Itaú BBA não é o criador da iniciativa, mas atuará assessorando a Orange BTC no Brasil, apoiando na qualidade de assessor financeiro. Toda a estratégia de acumulação de Bitcoin, posicionamento de mercado e expansão é responsabilidade da própria Orange BTC.

A empresa surge com planos ambiciosos: construir uma tesouraria robusta em BTC, buscar reconhecimento institucional e preparar sua abertura de capital na bolsa brasileira. O projeto é liderado por Guilherme Gomes, ex-Swan Bitcoin, como CEO, e Guilherme Ferreira, da Bahema, como CFO. A governança conta ainda com nomes de peso como Eric Weiss, figura central na introdução do Bitcoin a Michael Saylor, e Fernando Ulrich, referência no setor cripto nacional.

A Orange BTC pretende captar recursos por meio de emissão de dívidas, venda de ações e outros instrumentos do mercado de capitais, com o objetivo de aumentar continuamente sua reserva em Bitcoin. O modelo propõe uma alternativa aos ETFs de BTC disponíveis no Brasil, com vantagens fiscais e operacionais, permitindo exposição direta ao ativo por meio de ações da empresa.

Além disso, o plano de negócios da Orange prevê um retorno estimado de 45% em BTC no primeiro ano, caso as metas de acumulação e valorização sejam atingidas. A empresa também aposta no crescimento global da adoção do Bitcoin, que ainda gira em torno de 3%, apesar do ativo já ultrapassar US$ 2 trilhões em valor de mercado.

Enquanto isso, em outra frente de sua estratégia no setor cripto, o Itaú anunciou recentemente a disponibilização de três novos tokens para negociação em seu superapp: USDC, Solana (SOL) e Ripple (XRP) — um passo que reforça o crescente interesse do banco em facilitar o acesso a criptoativos.

Itaú e criptomoedas

O Itaú Unibanco tem se destacado como um dos principais bancos brasileiros a adotar iniciativas no setor de criptoativos, abrangendo desde investimentos institucionais até a oferta de produtos para o varejo.

Desde junho de 2024, todos os clientes da plataforma Íon do Itaú podem comprar e custodiar diretamente Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH) e outras criptomoedas por meio do aplicativo do banco. A custódia dos ativos é realizada pelo próprio Itaú, oferecendo uma experiência segura e integrada para os usuários.

Para promover a educação financeira em criptoativos, o Itaú lançou o curso gratuito "Criptoativos: Domine o futuro das finanças", disponível na plataforma Íon Ed. O curso aborda temas como fundamentos do Bitcoin, riscos, formas de investimento e custódia de ativos digitais.

O banco tem investido na tokenização de ativos do mundo real (RWA), como debêntures e cotas de fundos, por meio de parcerias com empresas como Vórtx QR Tokenizadora e Liqi. Essas iniciativas visam democratizar o acesso a investimentos e aumentar a eficiência do mercado financeio.

Além disso, o Itaú é membro da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), ao lado de empresas como Visa, Mastercard e Ripple. Essa participação reforça o compromisso do banco com o desenvolvimento e a regulação do setor de criptoativos no Brasil.