O Bitcoin (BTC) é o ativo financeiro mais desejado pelos brasileiros para investimentos a serem realizados em 2023, à frente de ações, imóveis, ouro e até mesmo a popular e tradicional caderneta de poupança, revelou uma pesquisa recém-divulgada do site de compilação de dados Statista em associação com a Finbold.

O mercado de baixa de 2022 não inibiu o apetite dos brasileiros por criptomoedas e 33% dos investidores ouvidos pela pesquisa disseram ter a intenção de adquirir Bitcoin em algum momento nos próximos 12 meses.

Imóveis e ações vieram em seguida, atraindo o interesse de 26% e 22% dos investidores que participaram do levantamento, respectivamente, enquanto a poupança está no radar de 15% dos entrevistados.

Os resultados foram obtidos a partir de uma pergunta direta e objetiva: "Quais desses produtos financeiros e investimentos você pretende adquirir nos próximos 12 meses?" Realizada em quatro etapas, entre outubro de 2021 e setembro de 2022, a pesquisa ouviu 2.024 brasileiros entre 18 e 64 anos. Em suas respostas, os entrevistados podiam escolher livremente entre uma ou mais opções de investimento.

A pesquisa também questionou quais ativos e instrumentos financeiros os entrevistados já possuíam acesso. Nesse caso, a liderança coube à poupança, com 55% dos entrevistados declarando ter dinheiro aplicado nesta modalidade de investimento.

O Bitcoin ficou em segundo lugar, com 26%, à frente de imóveis (20%), seguros de vida e/ou previdência privada (16%) e ações (14%).

Adoção em alta

Os números da pesquisa corroboram dados que mostram que a adoção de criptoativos está em alta no Brasil. O país se destaca neste quesito entre seus vizinhos na América Latina e está entre os líderes em adoção de finanças descentralizadas (DeFi) e tokens não fungíveis (NFTs), segundo dados disponibilizados pela ConsenSys, desenvolvedora da popular carteira cripto MetaMask, que viabiliza o acesso à Web3 através da utilização de aplicativos descentralizados (DApps).

Números do último relatório sobre declaração de criptoativos no Brasil mostram um crescimento consistente do número de pessoas físicas e jurídicas que declararam transações envolvendo criptoativos em outubro deste ano em comparação com o mesmo período no ano passado.

O número de CNPJs que declararam operações envolvendo criptomoedas em outubro chegou a 41.817, um número sete vezes maior do que em outubro do ano passado e 4,1% superior a setembro deste ano.

No que diz respeito às pessoas físicas,1,2 milhão de CPFs declararam ter transacionado criptoativos em outubro deste ano, um número 137% maior do que o registrado pela Receita há um ano.

De acordo com a Statista e a Finbold, a adoção de criptoativos no Brasil tem sido impulsionada pelo oferecimento de produtos e serviços relacionados por inúmeras fintechs que tem contribuído para expandir a inclusão financeira da população.

O lançamento de serviços de compra e venda de criptomoedas pelo Mercado Livre, a 99, e o Nubank desde o final do ano passado são apenas os exemplos mais evidentes nesse sentido.

Apenas o Nubank, menos de um mês após o início dos serviços de compra e venda de Bitcoin e Ether (ETH), somava mais de 1 milhão de usuários ativos em sua plataforma.

Além disso, diversas exchanges de criptomoedas inauguraram operações no Brasil no mesmo período, aumentando as opções de plataformas de investimento para investidores do varejo. Aliás, o varejo é a grande força por trás do crescimento do mercado de criptomoedas no Brasil.

O histórico de instabilidade econômica e inflação alta também contribui para que os investidores recorram a criptomoedas seja para dolarizar o seu patrimônio com stablecoins quanto da utilização do Bitcoin como um ativo de reserva de valor. Mesmo que nas atuais condições do mercado, o BTC tenha falhado nesse quesito.

Regulação e CBDC

Diante de um cenário global de incertezas no que diz respeito à regulação das criptomoedas, a aprovação do projeto de lei 4401/2021 na Câmara dos Deputados no final do mês passado tem potencial para favorecer ainda mais a expansão do mercado, concordam especialistas e entidades do setor.

Outra amostra de que as autoridades financeiras do país estão abertas às inovações implementadas pelos ativos digitais, o Banco Central planeja incorporar instrumentos DeFi e a tokenização de ativos digitais como elementos centrais do real digital. 

A moeda digital de banco central (CBDC) brasileira deve entrar em fase de testes já no ano que vem e seu lançamento oficial está previsto para ocorrer no máximo até 2024.

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