O Brasil ocupa a sétima posição no ranking mundial de adoção de criptomoedas, aponta o relatório Geography of Cryptocurrencies (Geografia das Criptomoedas, em tradução livre), publicado pela empresa de inteligência Chainalysis em 20 de outubro. Em relação ao ano passado, o país saltou sete posições no ranking.

Os maiores casos de uso de criptomoedas no Brasil são: especulação, reserva de valor e remessas internacionais, ainda segundo dados da Chainalysis. O Cointelegraph Brasil conversou com especialistas para saber como o crescimento em adoção afeta os investidores brasileiros.

Liderança na América Latina

Thomaz Fortes, head da área de criptomoedas do Nubank, avalia que o aumento na especulação no mercado cripto, entre 2021 e 2022, foi causado pela democratização do acesso às moedas digitais. Por sua vez, essa democratização permitiu uma entrada maior de investidores do varejo. Os comentários foram publicados junto com o relatório da Chainalysis.

O Mercado Bitcoin (MB) assumiu papel de destaque no relatório em termos de captação do varejo. No gráfico feito pela empresa de inteligência, o público do MB é composto, em sua maior parte, por investidores do baixo varejo, alto varejo e traders profissionais. Esses grupos são representados por traders que investem, respectivamente: menos de R$ 5 mil, entre R$ 5 mil, e R$ 50 mil e R$ 50 mil e R$ 5 milhões.

Fonte: Geography of Cryptocurrencies/Chainalysis

O aumento nos níveis de adoção, especialmente do varejo, está consolidando o Brasil como um grande expoente cripto na América Latina, na visão de Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios da exchange. Isso faz com que novos projetos vejam vantagens em dedicar atenção ao público brasileiro.

“Alguns projetos podem enxergar nosso país como campo fértil para suas soluções. Somos um país com mais de 200 milhões de habitantes, cobertura de internet abrangente e uma população com bom acesso a smartphones”, afirma Tota.

Como exemplo de projetos que têm investido no público brasileiro, Tota menciona a Nodle, a 11ª parachain da Polkadot que utiliza smartphones para captar dados do mundo físico e transportá-los à Web3. O projeto fez seu lançamento em setembro durante o BlockchaIn Rio, evento que ocorreu no Rio de Janeiro.

“Super positivo”, mas com ressalvas

Dan Yamamura, sócio-fundador da gestora carioca Fuse Capital, classifica o avanço no ranking de adoção como algo “super positivo” para o ambiente empresarial do mercado cripto. Ele ressalta também os esforços regulatórios feitos, que se somam ao avanço da adoção e tornam o país mais atraente para novos negócios.

O membro da Fuse, no entanto, faz ressalvas ao processo regulatório, apontando melhorias que precisam ser feitos para acompanhar o avanço da adoção. “O ambiente para o investidor é uma das coisas a serem melhoradas, embora a Comissão de Valores Mobiliários tenha contribuído nesse sentido com seu último parecer, dando uma direção”, afirma.

De qualquer forma, Yamamura acredita que a disseminação dos criptoativos entre os brasileiros aumentará o fluxo de capital de fundos de investimentos internacionais para dentro do país. “Falta capital dedicado para fazer o Brasil se tornar ainda mais relevante. Nós, da Fuse, possivelmente somos os únicos dedicados completamente a investimentos em Web3 da área [América Latina]. Mas isso tende a melhorar”, conclui.

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