Mais de oito mil credores da InDeal estão aptos ao recebimento parcial de R$ 448 milhões investidos na empresa de criptomoedas gaúcha, acusada de ter lesado 23 mil pessoas em um esquema de pirâmide baseada em criptomoedas. No entanto, esse total pode superar R$ 2,1 bilhões, caso o montante investido em Bitcoin (BTC) não tenha sido convertido antes da ação contra a InDeal.
Esse total coincide com o valor aproximado dos números divulgados em maio de 2019, quando a Polícia Federal (PF) deflagrou a primeira fase da Operação Egypto, resultado de inquérito instaurado em janeiro daquele ano para apurar a atuação da InDeal, sediada em Novo Hamburgo (RS), sob suspeita de pirâmide financeira mediante promessa de retorno mensal de 15% sobre os investimentos em criptomoedas.
No rol dos desdobramentos, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e o Federal Bureau of Investigation (FBI) apreenderam US$ 24 milhões em Bitcoin que seriam ligados à InDeal, a pedido das autoridades brasileiras.
Segundo informações do Jornal Zero Hora, o escritório Medeiros Administração Judicial, nomeado pela Justiça para administrar a massa falida, há 8.028 credores da InDeal habilitados ou que aguardam análise para o recebimento de valores. Já o plataforma OffshoreAlert informou em maio uma petição do escritório de inclusão da InDeal no Capítulo 15 do Código de Falências dos EUA (Bankruptcy Code), que trata de casos de insolvência transfronteiriça.
Em abril do ano passado, a 7ª Vara Federal de Porto Alegre condenou 15 pessoas por organização criminosa, além do ressarcimento de R$ 448 milhões aos 23 mil investidores. Esse montante, segundo informou em nota o escritório, diz respeito “apenas ao capital investido, sem incluir os rendimentos prometidos ou valores já resgatados”.
Por outro lado, observou a reportagem, esse montante se referia a 3.537,21068616 custodiados por uma exchange dos EUA em uma carteira mantida pela InDeal, não sendo possível afirmar se o montante foi convertido para stablecoin outras altcoins. Caso o tenha permanecido em Bitcoin, o montante dos investimentos pode superar R$ 2,1 bilhões em razão da valorização acumulada do BTC, em cerca de 1.800% desde maio de 2019.
A advogada Caroline Boff, que representa 120 vítimas, mostrou-se otimista e deu a entender que os Bitcoins não foram convertidos. Já o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) informou em nota ao G1 que “aguarda o trânsito em julgado da condenação criminal para viabilizar a repatriação dos recursos e o ressarcimento das vítimas”. O Zero Hora informou que questionou o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) sobre a repatriação dos Bitcoins, mas não recebeu resposta até o momento da publicação.
Os investidores da GAS Consultoria, outra empresa acusada de pirâmide financeira baseada em criptomoedas, também renovaram suas esperanças de ressarcimento recentemente pela deportação de Mirelis Zerpa, esposa do Faraó dos Bitcoins, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.