Imagine acordar todos os dias e não saber o destino do dinheiro que você investiu? Pelo menos 21 mil investidores têm vivido essa sensação depois de aplicar na A2 Trader, que deixou um saldo de pelo menos R$ 7,5 milhões de prejuízos.

O Ministério Público da Bahia protocolou nova ação civil pública contra a A2 Trader “em razão da empresa realizar operações com Bitcoin sem informar aos consumidores sobre os riscos da arbitragem, atuando no mercado financeiro sem autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e do Banco Central.”, explica o comunicado do MP-BA

A promotora de Justiça Joseane Suzart explica na ação que “a empresa disponibiliza criptomoedas por meio de supostos Contratos de Investimento Coletivo (CICs) não cumprindo a legislação vigente”. 

Além disso, a empresa oferece, segundo a magistrada, “uma garantia infundada de ganhos elevados para os consumidores sem especificar os riscos inerentes da atividade, gerando-lhes expectativa irreal de ganhos”

O MP-BA requer na ação que a Justiça determine que a empresa não veicule a falsa expectativa de que possui estrutura sólida e regular no mercado; não continue ofertando aos consumidores investimentos com base em criptomoedas (bitcoins) em desrespeito ao Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC); e interrompa a oferta e realização do marketing multinível, em razão do modelo negocial ser comprovadamente insustentável, concedendo aos consumidores afiliados expectativas irreais de ganhos fáceis.

Vale lembrar que também foram acionados o sócio da empresa A2Trader Kleyton Alves Pinto, o contador Loilson Rodrigues; a empresa Pepper Hall Shows e Eventos, da qual Kleyton também é sócio; e os sócios da empresa Pepper Elias Gonçalves, Eros Henrique Miranda e Matheus Martins.

Na ação, o MP requer também que as empresas respeitem os direitos básicos dos consumidores quanto à obtenção de informação adequada e clara sobre os serviços que contratarem; e resolvam as demandas dos consumidores sobre informação, dúvida, reclamação, suspensão ou cancelamento de contratos e de serviços, devendo estar disponível, ininterruptamente, durante 24 horas por dia e sete dias por semana. Além disso, devem constar o número do Serviço de Atendimento ao Consumidor (Sac) de forma clara e objetiva em todos os documentos e materiais impressos entregues aos clientes no momento da contratação do serviço e durante o seu fornecimento, bem como na página eletrônica da empresa na Internet. 

A A2 Trader é uma empresa que oferecia supostamente arbitragem de investimentos em Bitcoin através de sua plataforma. O dono da A2 Trader é Kleyton Alves, que já era investigado pelo junto com a empresa pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte por fraude e pirâmide financeira

A empresa foi fechada em novembro de 2019,  quando a Comissão de Valores Mobiliários abriu um processo para investigar a empresa por crime de pirâmide financeira. 

Depois disso, Kleyton Alves chegou a mentir em um vídeo, dizendo que a CVM não investigava a empresa e desafiando a autarquia: “se fechar o site, eu abro outro”.

O fim da empresa se desenrolou em dois meses. Enquanto bloqueava pagamentos de clientes e as investigações da CVM avançavam, Kleiton Alves decidiu encerrar a empresa no começo de novembro de 2019. 

Na época, ele disse que a empresa recebeu uma “enxurrada de processos por motivos banais” e que a decisão teria sido tomada “antes que houvesse um bloqueio judicial nas contas”.

Depois do anúncio nas redes sociais, investidores prejudicados pelo esquema chegaram a entrar na sede da A2 Trader em Natal, saquearam o imóvel e depredaram as instalações, até que a polícia foi chamada para acabar com a confusão.

Em janeiro de 2020, o Ministério Público do Rio Grande do Norte abriu um inquérito civil para investigar a A2 Trader e Kleyton Alves, que desde novembro não aparecia mais nas redes sociais. 

Até que, em março de 2020, Alves surgiu em um vídeo dizendo que o dinheiro dos investidores havia sido retido pela empresa de pagamentos Urpay, que também atuou no passado em parceria com a Unick Forex. 

Ao todo, a A2 Trader deixou um rastro de 21.000 investidores prejudicados e um saldo de R$ 7,5 milhões de prejuízo, segundo o próprio Kleyton Alves.

 

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