Uma rede varejista dos EUA com mais de 100 anos de existência está tentando reinventar sua estratégia empresarial e lançou uma campanha de marketing agressiva e "selvagem" no Twitter para atrair clientes das novas gerações para o seu novo ramo de atuação: o mercado de criptomoedas.

Além dos tradicionais produtos eletrônicos aos quais os velhos clientes da marca estão acostumados, a RadioShack adicionou ao seu site uma seção que oferece a compra e venda de ativos digitais, informou nota publicada na segunda-feira, 4, na Folha de São Paulo.

Para conquistar espaço em um setor dominado por gigantes como Coinbase e FTX, entre outras exchanges, e ainda por cima desaquecido em virtude das grandes perdas que o mercado vem enfrentando ao longo de 2022, a RadioShack está usando o Twitter como plataforma para divulgar uma campanha de marketing baseada em piadas e comentários de teor sexual, referências constantes a álcool e drogas, e eventuais menções – quase sempre ignoradas – a celebridades.

Quem pensa que o twitter da RadioShack é selvagem, lembre-se: assistimos uma sala de tribunal cheia de pessoas falando sobre Amber Heard cagando na cama do Capitão Jack Sparrows ao vivo na TV.

— RadioShack 😈 (@RadioShack)

O chefe de marketing que está à frente da nova campanha, Abel Czupor, enfatizou em reportagem do The Washington Post que a RadioShack não é mais a loja de eletrônicos a qual os norte-americanos estavam acostumados a muitas gerações, mas sim uma exchange de criptomoedas on-line que também "vende baterias":

“É a nossa voz, uma nova voz, uma voz para se conectar com as pessoas. O público da RadioShack era composto apenas por gerações mais velhas, mas, como os tempos mudaram e o comércio eletrônico tornou-se dominante, a velha voz da RadioShack tornou-se irrelevante.”

Crise de identidade

O declínio da RadioShack coincide com a popularização da internet, especialmente depois da virada do milênio. Após uma década de maus resultados comerciais, as ações da RadioShack deixaram de ser negociadas na bolsa em 2015. Em crise de identidade, a rede pediu falência duas vezes já no século 21 e sua rede de lojas nos EUA caiu de 5.200 lojas em 2014 para cerca de 400 em 2020, quando a foi comprada pela empresa de capital privado Retail Ecommerce Ventures (REV).

Os acionistas majoritários da empresa são um influenciador digital que ostenta um estilo de vida luxuoso nas redes sociais e o criador de um site de relacionamentos. Para aproveitar o hype em torno das criptomoedas desencadeado pelo ciclo de alta do mercado, a dupla resolveu criar uma exchange descentralizada (DEX) utilizando a velha marca e lançaram um token de governança – o RADIO.

Em um relato publicado em maio, a empresa revelou que mantém uma média diária de volume de negociação entre US$ 500.000 e US$ 2 milhões. Negociado desde o final de abril deste ano, poucos dias antes do colapso do Terra Classic (LUNC), o token atualmente está cotado a US$ 0,008482 78% abaixo de sua máxima histórica, registrada exatamente no dia de seu lançamento, de acordo com dados do CoinMarketCap.

Desempenho do RADIO desde o seu lançamento em 28 de abril. Fonte: CoinMarketCap

Resultados da campanha

As reações à campanha de marketing no Twitter estão divididas entre aqueles que embarcaram na proposta e aqueles que a caracterizam como "infantil", para dizer o mínimo. O estagiário da RadioShack que se apresenta como responsável pelas postagens transformou-se em um personagem em si, embora não tenha tido sua real personalidade revelada. Muitas vezes, ele utiliza o espaço para dirigir-se ao público em primeira pessoa, reafirmando a estratégia de comunicação da empresa.

Estagiário da Shack aqui. Eu queria ter um segundo para refletir sobre o meu post. Eu sei que vocês estão esperando que eu diga que nem nos meus sonhos mais loucos eu pensaria que esse tweet se tornaria viral, e vocês querem que eu peça desculpas. Mas eu postei porque eu sabia que essa merda era fogo. Não, não fomos hackeados, e não, não fui demitido. Segura a onda, vagabunda

— RadioShack 😈 (@RadioShack)

Sem apresentar números, a RadioShack afirma que os resultados são positivos. Por outro lado, alguns críticos dizem que o engajamento no Twitter não necessariamente reverte-se em real adoção da plataforma.

Embora algumas postagens possam ser consideradas ofensivas e afastem certos grupos de usuários da plataforma, a RadioShack fez uma aposta radical para tentar atrair atenção em um momento extremamente desfavorável para o lançamento de seu produto.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, o atual comportamento dos mineradores de Bitcoin (BTC) revelam que o fundo do atual ciclo de baixa pode ainda não ter chegado e haverá ainda mais dor para os traders no curto prazo.

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