O mercado de criptomoedas recuava a um market cap de US$ 3,72 trilhões (-0,9%) na manhã desta quarta-feira (6). O Bitcoin (BTC) orbitava US$ 114 mil (-0,9%) com retração acumulada semanal de 3,7%, dominância de mercado a 61%, sentimento de neutralidade dos investidores (52%) e a maioria das altcoins no vermelho.
A pressão vendedora de BTC ocorria na esteira da saída de capital líquido e busca por proteção dos investidores com o início da vigência de tarifas alfandegárias extras a diversos países, impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O que também era perceptível pelo recuo dos S&P 500 e do Nasdaq, já que os índices historicamente associados ao desempenho do Bitcoin encerraram o pregão do dia anterior a 6.299,19 (-0,49%) e 20.916,55 pontos (-0,65%). Enquanto isso, stablecoins lastreadas no ouro, como o Tether Gold (XAUT), eram trocadas de mãos por US$ 3.359,57 (+0,15%) com variação intradiária de 1%.
Apesar da narrativa de busca por recuperação na balança comercial, o tarifaço de Trump é visto como uma tentativa de o republicano transferir para outras nações os impactos previstos pelos analistas para o Big Beautiful Bill (“grande e belo projeto", na tradução em português). Trata-se de um projeto de Trump aprovado em julho pelo Congresso, uma proposta de mais de mil páginas direciona recursos para a repressão à imigração e reduz incentivos à produção de energia limpa como forma de compensar parcialmente a perda de arrecadação. Mesmo assim, o Escritório de Orçamento do Congresso estimou que o projeto de Trump deverá acrescentar US$ 3,8 trilhões à divida federal atual, de US$ 36,2 trilhões. A tramitação do projeto ocorreu na esteira do rebaixamento da agência Moody’s às notas de crédito dos Estados Unidos, de Aaa para Aa1.
A complexidade do cenário macroeconômico causado pelas medidas de Trump não se resumia às criptomoedas e ao mercado de ações, porque o índice de força do dólar americano (DXY) se encontrava recuado a 98,60 pontos (-0,16%). Nesse caso, a retração podia se traduzida como desconfiança dos investidores e a consequência da saída de capital dos Estados Unidos, respondida pela elevação do rendimento de títulos do Tesouro, os Treasuries, como forma de o governo reter liquidez.
A favor de mercados como o de criptomoedas, mas não necessariamente a favor do governo Trump, está a ascensão a 85% da projeção dos analistas pelo corte de juros do Federal Reserve (Fed), depois que o Departamento do Trabalho divulgou resultados preocupantes através do payroll na última sexta-feira (1º). Isso porque o relatório de folhas de pagamento não agrícolas apontou esfriamento do mercado de trabalho em julho nos EUA. De acordo com os documentos, foram 73 mil novas vagas ante 106 mil estimados pelos analistas.
O monitoramento da Coinglass do mercado de Futuros de criptomoedas mostrava retrocesso a US$ 177,9 bilhões (-2,7%) no Interesse Aberto e US$ 267,5 bilhões (-3%) no volume de negociações. A liquidação de traders alavancados nas últimas 24 horas girava em torno de US$ 297,6 milhões (-2%), com desvantagem para os touros, já que US$ 210 milhões eram de posições compradas (long), que são as apostas de alta para revenda do empréstimo.
O mapa de calor da Coinglass relacionado ao índice de força relativa (RSI) majorava as criptomoedas em zona neutra, compra ou sobrecompra, com o RSI médio a 47,15 pontos.
O VIX, “índice do medo” calculado pela Bolsa de Valores de Chicago (CBOE) a partir do desempenho das empresas de capital aberto que compõem o S&P 500, encontrava-se elevado a 17,67 pontos (+0,9%). Já os fundos negociados em bolsa (ETFs) estadunidenses de Bitcoin se mantiveram sob pressão vendedora em recuaram em líquidos US$ 196,18 milhões, enquanto os ETFs de Ethereum (ETH) foram em direção oposta e registraram US$ 73,22 milhões em entradas líquidas, segundo dados da plataforma SoSoValue.
O mapeamento CoinMarketCap mostrava manutenção do fluxo de saída de capital nas altcoins, porque o índice altseason, que se referencia pelas 100 maiores capitalizações de mercado de altcoins, encontrava-se recuado de 42 para 36 pontos. No grupo das mil maiores altcoins em market cap, o LTC girava em torno de US$ 116,82 (-8,8%), o FARTCOIN estava precificado em US$ 0,95 (-7,5%), o PENGU estava precificado em US$ 0,033 (-7,1%), o BONK valia US$ 0,000024 (-7,2%), o PUMP avançava a US$ 0,0034 (+6,6%) e o MNT era comprado por US$ 0,89 (+2,4%).
Quanto às altas de dois dígitos percentuais, o MYX era trocado por US$ 2,06 (+38%), o PROVE representava US$ 1,19 (+31,4%), o ZBCN atingia US$ 0,0056 (+10,3%), o TROLL se equiparava a US$ 0,19 (+66%) com acumulado semanal de 382%, o ORBR respondia por US$ 0,097 (+18,6%), o EPIC era trocado por US$ 2,08 (+12,7%), o GFT se nivelava por US$ 0,022 (+41,1%) e o ICNT era vendido por US$ 0,25 (+19,7%).
Entre as novas listagens em exchanges de criptomoedas estavam ALL na Binance Futuros, SCA na Bitrue, TDS na MEXC, TOWNS na Bitget, Poloniex e Binance, PROVE na Bitvavo, Binance, Biconomy, Upbit, LBank, Bithumb, CoinEx, Bitrue, IN na Bitget.
No dia anterior, as baleias rotacionaram capital e adiaram o rali do Bitcoin, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.