As stablecoins lastreadas no real brasileiro (BRL) movimentaram R$ 5 bilhões em 2024, segundo um levantamento da Iporanga Ventures divulgado nesta terça-feira (5) pelo Valor. Segundo o estudo, os tokens BRL se concentram no envio de remessas, com ajuda do Pix.
Na avaliação da empresa, o volume de stablecoins do real pode ser considerado modesto pela preferência dos investidores por stablecoins do dólar americano. Mesmo assim, o mapeamento apontou crescimento nesse tipo de infraestrutura de pagamentos digitais, em modelos business to business (B2B).
O relatório da Iporanga apontou que, em junho, o volume de stablecoins de real em circulação alcançou R$ 70 milhões, 70% acima do mesmo período do ano passado, com a concentração de 96% dos tokens entre as três principais emissoras de stablecoins BRL, o que não chega a 1% no comércio exterior e fluxo de remessas, segundo o estudo.
O principal caso de uso, o de remessas, conta com ajuda do Pix para aquisição dos tokens e envio a exterior, e vice-versa. Isso porque, a demanda por dólar é muito maior, já que a moeda é vista como reserva de valor, o que não é o caso do real. Segundo o estudo, os investidores entendem que o holding de stablecoins de dólar representa uma forma de se beneficiarem dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, sem os terem em mãos.
Na avaliação de Renato Valente, sócio da Iporanga, apesar das iniciativas que buscam repassar a Selic para detentores de stablecoins BRL, esse tokens continuam sendo vistos como uma forma de envio de remessas e não como reserva de valor, mesmo posicionamento de Rodrigo Trindade, analista de blockchain da empresa.
O estudo ainda destacou outra frente de transferências internacionais de stablecoins lastreadas no real, que são os pagamentos de fornecedores e funcionários que trabalham em países estrangeiros. Nesse caso, a Iporanga citou o consórcio da stablecoin BRL1, que une Cainvest, Bitso, Foxbit e Mercado Bitcoin (MB), focada em soluções de pagamento para outras empresas.
O levantamento apontou a tokenização como outro horizonte para o crescimento das stablecoins lastreadas no real. Nesse caso, o estudo apontou que a utilização mais ampla de stablecoins de real em mercados monetários, “junto com outros princípios financeiros, poderia reduzir a necessidade de custódia de ativos de clientes e permitir liquidações mais fluidas em cadeia com outros protocolos”.
A Iporanga ainda pontuou como desafio o excesso de emissores de stablecoins de BRL, o que pode fragmentar a liquidez, apesar da iniciativa de casos de uso nichados, com a emissão de stablecoins por bancos.
Recentemente, uma pesquisa da plataforma Oobit apontou que 85% dos jovens brasileiros querem adotar stablecoins para compras no dia a dia, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.