O Brasil se destaca como um dos mercados mais maduros na adoção de stablecoins e criptomoedas, mas os casos de uso real ainda são limitados, revela uma pesquisa inédita da plataforma Oobit, que investigou o perfil de usuários locais, na faixa de 23 a 45 anos.

De acordo com o levantamento, 91,8% dos entrevistados possuem stablecoins em seus portfólios e 85% gostariam de utilizá-las de forma recorrente como meio de pagamento.

No entanto, somente 37% já usaram o criptoativo no dia a dia para fazer compras em lojas físicas ou em plataformas de comércio eletrônico.

Segundo a Oobit, os usuários brasileiros de criptomoedas não estão mais em “modo exploratório.” A adoção de stablecoins como alternativa para preservação de patrimônio e reserva de valor demonstra que os brasileiros atingiram um nível de discernimento similar ao de “investidores financeiros tradicionais", segundo a pesquisa:

“De modo geral, os usuários estão adotando as criptomoedas como principal sistema financeiro. Os comportamentos são frequentes, intencionais e sofisticados.”

A pesquisa também identificou que o (USDT) é a stablecoin mais utilizada pelos brasileiros, com uma participação de mercado de 83%. A ampla dominância demonstra que o USDT se consolidou como moeda padrão para a comunidade criptonativa do país.

Apesar da liderança da Tether no Brasil, mais da metade dos usuários locais afirma preferir outras stablecoins ou utilizar o USDT com ressalvas. Apenas 43,5% relataram usar o USDT de forma recorrente e confiar totalmente no ativo.

Infraestrutura deficiente limita adoção de stablecoins no cotidiano

A pesquisa apontou que o uso predominante das stablecoins ainda está associado a investimentos financeiros. Uma adoção mais ampla no cotidiano esbarra em problemas de infraestrutura.

Os principais entraves ao uso das stablecoins como meio de pagamento, segundo os brasileiros, são: taxas elevadas (41%), baixa aceitação nos estabelecimentos (39%), lentidão nas transações (17%) e dificuldades na experiência do usuário (11%).

Segundo Amram Adar, cofundador e CEO da Oobit, tais limitações não são exclusividade do Brasil, mas refletem um desafio estrutural da indústria de criptomoedas:

“Os usuários brasileiros estão entre os participantes mais avançados do mercado de criptomoedas globalmente. Eles confiam no USDT. Eles possuem stablecoins. Eles estão fazendo staking, negociando, investindo e estão ansiosos para usar criptomoedas no mundo real. O fato de eles ainda não poderem fazer isso diz muito sobre o quanto ainda temos que avançar.”

O panorama é semelhante em outros países com alto nível de adoção de stablecoins como ativo de proteção, incluindo Argentina, Nigéria e Turquia. “Esse é o paradoxo: apesar da adoção, não existe um sistema construído para atender às expectativas dos usuários — um sistema que seja econômico, integrado e projetado para o uso diário", diz a pesquisa.

Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, um em cada quatro clientes do Nubank inicia sua jornada no mercado de criptomoedas investindo em stablecoins.