Dados da plataforma de análise on-chain da plataforma Glassnode revelaram na última quarta-feira (7) que, nos últimos 365 dias, um total de US$ 213 bilhões em perdas realizadas foi bloqueado pelos investidores de Bitcoin (BTC), número que se compara aos lucros anuais de US$ 455 bilhões realizados pelos touros entre 2020 e 2021. Na prática, os investidores perderam cerca de 47% dos ganhos obtidos durante o mercado de alta, situação semelhante ao ciclo do inverno cripto em 2018.
Mas, a comparação entre o inverno cripto de 2022 e 2018 relacionada aos seus respectivos ganhos anteriores, visualizada no gráfico apresentado pela Glassnode, pode apresentar diferenças que vão além da amplitude nesses dois períodos, caso se confirmem as previsões catastróficas para a economia global feitas pelo historiador Adam Tooze e pelo economista Nouriel Roubini.
Over the last 365-days, a total of $213B in Realized Loss has been locked in by #Bitcoin investors.
— glassnode (@glassnode) December 8, 2022
This compares to yearly Profits of $455B realized in the 2020-21 bull.
This reflects a relative capital loss of ~47% of the bull market gains, similar in scale to the 2018 cycle. pic.twitter.com/y5jaSWEZ83
Em um cenário de curto prazo, que antecede o anúncio da inflação de novembro dos EUA e a última reunião do ano do comitê de política monetária (Fomc) do Federal Reserve, banco central da maior economia do planeta, o mercado de criptomoedas seguia lateralizado ao movimentar US$ 841 bilhões (+0,16%) na manhã desta quinta-feira (8) com o Bitcoin operando estável em torno de US$ 16,8 mil e respondendo por 38,5% de dominância de mercado.
As principais altcoins por capitalização de mercado, com exceção das stablecoins, operavam em queda de até -2%, embora algumas apresentassem ligeiros avanços, como o XRP, negociado por US$ 0,38 (+1,8%) e o MATIC, trocado de mãos por US$ 0,89 (+0,7%). Por outro lado, alguns tokens de projetos considerados robustos conseguiam se desprender, entre eles o NEXO, avaliado em US$ 0,66 (+5,3%), o EOS, transacionado por US$ 0,98 (+5,1%), e o TWT, cotado em US$ 2,48 (+4,28%).
O monitoramento do CoinMarketCap também mostrava que algumas altcoins conseguiram imprimir alta de dois dígitos nas últimas horas, entre elas o AMPL, avaliado em US$ 1,47 (+29%), o MFT, transacionado por US$ 0,0069 (+17%), o CTC, cotado a US$ 0,40 (+10%), e o ACA, avaliado em US$ 0,13 (+10,9%).
Embora o mercado de criptomoedas refletisse as consequências da falência da exchange de criptomoedas FTX, o que favoreceu a narrativa dos críticos desse segmento nos últimos dias, como o economista brasileiro Tiago Reis e o professor estadunidense Paul Krugman, o Bitcoin e cia parecem estar longe de figurarem entre as principais causas da combalida macroeconomia.
À Agence France-Press (AFP) esta semana, Adam Tooze falou em “policrises” para descrever os diversos choques na economia, que, segundo ele, aumentaram desde o começo do século. O professor da Universidade de Amsterdã acrescentou que o mundo "não vivia uma situação tão complicada desde a Segunda Guerra Mundial" ao destacar a crise provocada pela bolha do setor imobiliário dos EUA em 2008, a crise da dívida soberana, a pandemia de Covid-19 e a crise energética, problemas que, agora, os bancos centrais mundo afora não seriam capazes de resolver.
Em artigo publicado no Project Syndicate na última semana, Nouriel Roubini, economista e professor emérito da Universidade de Nova York, disse que um grande crash se aproxima e que haverá pouco que possa ser feito. Segundo ele, a “mãe de todas as crises econômicas” é resultado de “ anos de políticas fiscais, monetárias e de crédito ultrafrouxas e do início de grandes choques negativos de oferta” e que “as pressões estagflacionárias estão agora pressionando uma enorme montanha de dívidas dos setores público e privado.”
A instabilidade macroeconômica também pode ser enxergada no mercado cripto pelo aumento da procura pelas stablecoins, além da redução de apetite pelas criptomoedas em razão, principalmente, do cenário pouco animador na economia mundial. Porém, em algumas regiões, os investidores parecem mais distantes desse tipo de investimento, como o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, onde a crise da FTX reativou traumas ocasionados pelas empresas Unick Forex e InDeal, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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