Durante um painel que reuniu CEO de diversas exchanges de Bitcoin e criptomoedas da América Latina, Rocelo Lopes, CEO da Stratum Blockchain Tech, destacou que o sistema de pagamentos instantâneos que o Banco Central do Brasil pretende lançar em 2020, pode ser uma oportunidade única que pode significar uma 'revolução' para a adoção do Bitcoin no Brasil.

Lopes argumenta que, por meio do novo sistema do Banco Central do Brasil, um banco não poderá mais 'negar' acesso a empresas de Bitcoin e criptomoedas ao sistema financeiro, como ocorre hoje, desta forma, todas as empresas de criptoativos que participarem do sistema poderão acessar o sistema financeiro tradicional para fazer a integração entre os 'mundo'.

"O Banco Central no Brasil deve lançar em o sistema de pagamentos instantâneos e isso pode mudar completamente o cenário atual, hoje, os bancos podem negar acesso a empresas de criptomoedas ao sistema, mas, com os pagamentos instantâneos, podemos ter um possibilidade única para se conectar a esta rede e isto vai permitir que as empresas possam receber e enviar fiat que é o que precisamos para realizar nossas atividades e integrar os sistemas", afirmou.

O CEO também falou sobre a Instrução Normativa da Receita Federal que determina que as exchanges de criptomoedas nacionais informem as atividade de seus clientes ao regulador. Segundo Lopes isso foi feito "a mando" de alguém pois teria sido feito de forma muito rápida, sem comunicação e jogando todo o mercado na 'ilegalidade' pois ninguém estaria reportando de forma correta e seguindo as normas da RFB.

"Não acredito que a Receita Federal tenha feito isso como uma iniciativa interna. Certamente alguém pressionou o regulador a tomar uma posição sobre o tema e construir a IN, pois foi feito muito rápido e muito mal. Da forma como está hoje, ninguém está fazendo 'direito', as exchanges não estão reportando corretamente, não porque não querem, mas porque não sabem exatamente como fazer, já os usuários não têm clareza de como fazer para estar 'em dia' com a Receita enquanto outros têm saído das exchanges em busca de outras soluções justamente por não entender o que exatamente a Receita quer e como e o que ela fará com os dados e como ela garantirá a segurança destes dados", declarou.

De fato, como noticiou o Cointelegraph, a Receita Federal com relação a Instrução Normativa, atendeu a determinações do Grupo de Ação Financeira, GAFI, que, a pedido do G20, passou a definir regras para as criptomoedas em nível global. O Brasil foi um dos primeiros países a adotar as determinações do GAFI que declarou que cobrará de todas as nações a aplicação das normas em 2020, assim como fiscalizará a implementação.

Sobre a recente decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de proibir a Stratum de oferecer o index fund, Stratum Blue, Lopes declarou que a CVM não entendeu nada sobre o negócio e que há discrepância entre os reguladores nacionais, obrigando as empresas a 'explicar' o que são seus produtos.

"A CVM disse recentemente que não podemos trabalhar com o Stratum Blue, mas ela não entende nada do que estamos fazendo, então temos que explicar o que é, como funciona, que o lucro não é garantido mas atrelado a uma cesta de ativos (...) No Brasil parece que um regulador não conversa com o outro e enquanto um diz uma coisa, outro diz outra coisa totalmente diferente então temos três reguladores que parecem não saber o que os outros estão fazendo", declarou.

No entanto, a Stratum afirmou que atenderá as determinações da CVM e que, a partir da publicação, iniciará um debate com o regulador em busca de sanar as dúvidas com relação ao Stratum Blue.

Como noticiou o Cointelegraph um pouco mais cedo, em outro painel, Huego Cuevas Mohr, CEO of Mohr World Consulting, declarou que vê com bons olhos a integração que vem sendo realizada por empresas e fintechs em todo o mundo na 'integração' do Bitcoin junto ao sistema financeiro tradicional.

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