O CFO da exchange brasileira Bitybank, Ibiaçu Caetano, defendeu a regulamentação como facilitadora do avanço de soluções em blockchain para pagamentos internacionais. O executivo foi um dos participantes do painel “A dinâmica da indústria de Pagamentos Cross-border”, que aconteceu na tarde da última quarta-feira (6) no Blockchain Rio.
O debate, que teve como objetivo analisar com mais profundidade os avanços tecnológicos que vêm transformando os fluxos financeiros internacionais e promovendo uma maior integração econômica global, contou ainda com a presença de outros representantes da indústria cripto brasileira: Nicolas Afonso (Caliza), Márlison Silva (Transfero) e Glauber Mota (Revolut).
O painel abordou como a redução de custos nos pagamentos internacionais pode ampliar a inclusão financeira e contribuir para a expansão de negócios impactados por barreiras fronteiriças. Os participantes ressaltaram que tecnologias como stablecoins e a infraestrutura blockchain já estão disponíveis e operacionais, oferecendo soluções mais rápidas, seguras e acessíveis. O principal desafio, no entanto, deixou de ser técnico e passou a ser regulatório.
O problema não é a conversão ou a transferência em si, mas entender as exigências dos reguladores, que ainda não possuem normas específicas para o uso de stablecoins, avaliou Ibiaçu Caetano.
Outro ponto abordado foi o alto custo da insegurança regulatória, já que a incerteza obriga empresas a contratarem consultorias jurídicas especializadas e a realizarem investimentos expressivos para interpretar normas vagas. Sobre essa questão, o CFO do Bitybank pontuou que “é preciso dinheiro para interpretar o que não está escrito nas entrelinhas”. Enquanto isso, players internacionais optam por atuar apenas dentro de ambientes com regulação claramente definida, o que desacelera a adoção de inovações, segundo ele.
A discussão também tocou na percepção de risco ainda associada ao setor de criptoativos. Mesmo empresas que operam com seriedade e transparência são frequentemente classificadas como de “alto risco”, o que gera tarifas elevadas e dificulta relações com bancos tradicionais. Para Caetano, “cripto é um ativo. O risco não está no ativo em si, mas no uso que se faz dele. Com regulação clara, poderemos diferenciar os setores, identificar quem opera de forma segura e oferecer acesso a preços mais justos.”
O painel ainda enfatizou a importância da transparência nos fluxos internacionais. No sistema financeiro tradicional, os intermediários cumprem o papel de checar origem e destino dos recursos, enquanto, no ecossistema cripto, essa verificação ainda é um desafio, sobretudo na identificação do beneficiário final. O que aumenta a chance de recusas em transações legítimas, porque os painelistas concordaram que a tecnologia avança mais rapidamente do que a regulação, e que um esforço conjunto entre empresas e órgãos reguladores será essencial para acompanhar esse ritmo.
Para o representante da exchange, o painel mostrou que, embora a ousadia seja fundamental para transformar o mercado, a segurança jurídica, aliada a profissionais capacitados e boas práticas de compliance, é o que permitirá a consolidação de soluções sustentáveis no cenário internacional.
O grande vencedor desse processo regulatório é, com certeza, o consumidor final. Ele vai acessar mais soluções de pagamentos transfronteiriços, com melhor qualidade, melhores preços e também com um nível muito alto de segurança, não apenas regulatória, mas também em relação à prevenção à lavagem de dinheiro, concluiu.
Por sua vez, Juan Carlos Reyes também defendeu regulação rígida e atacou especuladores do setor cripto. O presidente da Comissão Nacional de Ativos Digitais de El Salvador foi outro que marcou presença no Blockchain Rio e disse, em outro painel, que “os primeiros a entrarem em qualquer indústria são os criminosos”, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.