Provedora da solução de privacidade preferencial do Banco Central (BC) para a plataforma do Drex, a Parfin anunciou nesta quinta-feira, 5 de junho, o lançamento da testnet “Steam.” A rede de testes é o marco inicial da implementação da Rayls Public Chain, uma blockchain pública cujo objetivo é integrar instituições financeiras do mercado tradicional ao ecossistema DeFi (finanças descentralizadas).

A rede de testes da Rayls está aberta a desenvolvedores, usuários e parceiros institucionais. Neste estágio inicial, a comunidade poderá explorar e validar as funcionalidades essenciais da Rayls Public Chain, contribuindo com retornos para aprimorar a funcionalidade, a governança e os recursos da blockchain antes do lançamento da rede principal.

Os usuários terão a oportunidade de validar transações, testar a conexão de carteiras e o processo de onboarding interagindo com o aplicativo descentralizado (dApp) da Rayls. Focada em privacidade, conformidade e alta performance, a “Steam” possui recursos de validação de KYC (Conheça Seu Cliente) e emissão de atestados em um ambiente não permissionado.

As operações na “Steam” são limitadas a tokens e ativos simulados. Para interagir com o protocolo, os usuários precisam se submeter a um processo de onboarding que simula padrões de conformidade rigorosos, um dos diferenciais da rede.

A infraestrutura da Rayls é construída sobre o Arbitrum Orbit, uma opção que visa garantir alta performance, escalabilidade e compatibilidade com a Ethereum Virtual Machine (EVM) – ou seja, tem capacidade de rodar dApps do ecossistema da Ethereum.

Missão e propósito da Rayls Public Chain: Integrar TradFi a DeFi

A Rayls busca construir um ecossistema que conecta blockchains públicas e privadas, alinhado aos padrões de privacidade, segurança e conformidade das finanças tradicionais (TradFi).

Quando entrar em operação, a rede principal da Rayls Public Chain exigirá atestados de KYC para todas as transações. A privacidade das operações será garantida pela Rayls Enigma, uma solução que possui controles locais de auditoria, sem abrir mão de agilidade, baixo custo e interoperabilidade.

Em entrevista ao Cointelegraph Brasil, Marcos Viriato, CEO da Parfin, explicou que as instituições poderão utilizar a rede para emitir ativos de forma privada por meio dos Rayls Privacy Nodes, uma solução desenvolvida com foco em alta performance e privacidade.

Esses nós, por sua vez, podem se conectar para formar Subnets Privadas com casos de uso específicos, como pagamentos interbancários ou negociação de ativos tokenizados no mercado secundário, utilizando a infraestrutura da Rayls Public Chain.

Para os players do mercado tradicional, a Rayls Public Chain tem potencial de gerar novas fontes de receita, ampliar o portfólio de produtos e serviços e atrair novos clientes. Os protocolos DeFi, por sua vez, vão se beneficiar do acesso ao TradFi, maior liquidez e do potencial crescimento de sua base de usuários. Por fim, os criptonativos terão acesso a melhores taxas, maior variedade de serviços e interações on-chain com menor risco.

TGE da Rayls Public Chain

Viriato confirmou que o roadmap da Rayls Public Chain prevê o lançamento de um token nativo, possivelmente em outubro, em paralelo à implementação da rede principal:

“O token já foi mintado, mas ainda está travado. Nós estamos fazendo o trabalho de listagem nas exchanges, agregar comunidade, trazer os dApps que vão rodar na rede, desenvolver os casos de uso. Tudo isso faz parte da preparação para o TGE, o token generation event.”

Foco no Drex e no mercado brasileiro

O Brasil é um mercado estratégico para a Rayls devido à regulação pioneira e à crescente adoção institucional da tokenização de ativos reais (RWA), uma tendência que deve se aprofundar com o lançamento do Drex, a moeda digital de banco central brasileira (CBDC), segundo Viriato.

O executivo disse que o BC ainda não definiu se a plataforma do Drex terá integração com blockchains públicas, mas vislumbra, sim, possíveis casos de uso. Os principais em um primeiro momento seriam a conversão de câmbio e pagamentos transfronteiriços, disse o executivo:

“Converter o Drex em uma stablecoin em dólar em uma rede pública para fluir para um pagamento cross-border. Esse é um dos casos de uso mais clássicos e interessantes para começar.”

Embora a possibilidade de integração da Rayls Public Chain com a plataforma da CBDC brasileira seja limitada, a Rayls é a desenvolvedora de uma das soluções de privacidade testadas no Piloto Drex.

Recentemente, ganhou elogios de Henrique Videira, auditor do Banco Central, durante um painel na Token Nation, evento que ocorre em São Paulo esta semana. Segundo Videira, a solução apresentou evolução em relação às limitações identificadas na fase 1 do piloto:

“Durante a fase 1 do piloto, três soluções de privacidade foram testadas. Uma delas — o Rayls — tem se mostrado bastante promissora e está ainda mais robusta na Fase 2, com uma versão aprimorada já sendo utilizada nos novos casos de uso. A evolução tem sido significativa e estamos bastante otimistas com os resultados até aqui.”

A Rayls é uma solução baseada em prova de conhecimento zero (ZK-Proof) que utiliza ledgers segregados, interoperáveis e compatíveis com a Ethereum Virtual Machine (EVM) para adicionar privacidade em redes DLT permissionadas.

“A versão avaliada garante a privacidade e o anonimato das transações”, diz o relatório do BC sobre a primeira fase do Piloto Drex. Contudo, tanto o BC quanto os participantes do piloto fizeram objeções à complexidade da arquitetura e à infraestrutura necessária para uma ampla adoção, conforme noticiado pelo Cointelegraph Brasil.