“Agradeço às Big Techs e toda a equipe do Partido Liberal por essa grande oportunidade de aprender mais”, disse Valdemar Costa Neto, presidente do partido, dirigindo-se à plateia do 2º Seminário de Comunicação do PL, que ocorreu em Fortaleza, na última sexta-feira, 30 de maio.

O agradecimento se dirigia à Meta e ao Google, que promoveram painéis de treinamento em ferramentas de inteligência artificial generativa para os militantes do PL, conforme relatado pela Agência Pública.

O seminário, que teve seu clímax ao final com a o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro, faz parte da Agenda 22, uma caravana pelo país liderada pelo ex-ministro e secretário executivo do PL, Rogério Marinho. A série de eventos tem como objetivo promover encontros entre a cúpula do partido com militantes e eleitores para delinear os temas que vão pautar a campanha do PL nas eleições de 2026.

Enquanto cinco jovens arregimentados pelo partido ofereciam sessões individuais de treinamento em ferramentas de inteligência artificial (IA), profissionais da Meta e do Google e influencers associados ao PL apresentavam casos práticos de uso para os militantes.

O primeiro a subir ao palco foi Felipe Ventura, business education trainer da Meta. Sua apresentação começou com a orientação a todos os presentes que baixassem a Meta AI, o assistente de IA da empresa que permite a criação de textos e imagens.

A ideia era que todos testassem a ferramenta à medida que a apresentação avançasse. Ventura começou explicando o que são prompts, os comandos de texto inseridos na IA para geração de conteúdo, e as técnicas mais eficientes para alcançar o resultado esperado.

Para produção de texto, o assistente pode colaborar não apenas no estilo ou corrigir erros de ortografia e gramática, mas também para gerar ideias de postagens e argumentos para defendê-las.

Sob o slogan “messaging é um estilo de vida”, o funcionário da Meta apresentou à plateia o WhatsApp Business, uma versão do aplicativo de mensagens instantâneas que cria novas possibilidades de comunicação política com recursos de IA.

O WhatsApp é mais que uma ferramenta para interagir com amigos, familiares e colegas de trabalho — o aplicativo também serve para influenciar e convencer desconhecidos a comprar um produto ou uma ideia, disse Ventura:

“Se você não vende nada, você pode vender uma ideia.”

Ventura fez a ressalva de que é preciso transparência ao utilizar ferramentas de IA, informando o público quando o conteúdo foi gerado artificialmente. No entanto, não houve menção às regras do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que proíbem o uso de deepfakes e peças produzidas com IA sem a devida indicação, além de conteúdos que promovam desinformação.

Após influencers subirem ao palco para apresentar campanhas produzidas com a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, foi a vez de Ricardo Vilella, gerente de engajamento cívico do Google, apresentar as ferramentas de IA da empresa.

Com o tempo de apresentação reduzido pela chegada de Bolsonaro ao evento, Vilella apresentou aos militantes os recursos do VEO 3, assistente de IA do Google para geração de vídeo, lançado há poucos dias.

Considerado pelo mercado como a maior inovação na área de vídeo em IA, o VEO 3 é capaz de produzir vídeos realistas com áudio em português e perfeita sincronia labial por meio de comandos de texto.

“Google e Meta estão do lado certo", diz Bolsonaro

Antes do discurso do ex-presidente, Carlos Bolsonaro delineou seus planos para as eleições de 2026: “ocupar todos os espaços” nas redes, valendo-se do número de seguidores do pai para propagar material de campanha.

Responsável pela estratégia digital de Bolsonaro, Carlos revelou detalhes sobre sua rotina para administrar os 15 perfis do pai em plataformas como Instagram, Facebook, X, YouTube, TikTok, Kwai, Threads, WhatsApp, Telegram, Truth Social, entre outras.

Ciente do potencial que as mídias digitais têm para decidir uma eleição, Bolsonaro priorizou a defesa da liberdade em seu discurso:

“Eu lembro lá atrás quando eu criei ‘Deus, Pátria e a Família’, e faltava uma coisa. Faltava o espírito. E daí veio a palavra liberdade. Uma pessoa sem liberdade é uma pessoa sem vida.”

Assim como Costa Neto na abertura, Bolsonaro encerrou o evento com um agradecimento explícito à Meta e ao Google:

“Passou aqui o representante do Google, o da Meta. Estão do lado certo, estão junto com a diretriz da primeira emenda dos Estados Unidos. A liberdade de expressão é a nossa alma, é o nosso oxigênio, não podemos permitir que ela seja cerceada.”

Bolsonaro se referia ao projeto de lei de regulação das redes sociais travado no Congresso Nacional e ao julgamento da inconstitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet.

O artigo estabelece que redes sociais e plataformas digitais só podem ser responsabilizadas civilmente por danos decorrentes de conteúdos gerados por terceiros após a desobediência a uma ordem judicial de remoção.

Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) retomou o julgamento para julgar o mérito da questão. Se o artigo 19 for considerado inconstitucional, as plataformas deverão remover conteúdos ofensivos ou ilícitos mediante simples notificações extrajudiciais.