Em um cenário global em que se buscam alternativas ao dólar e infraestruturas mais eficientes e rápidas do que o sistema SWIFT para o processamento de transações internacionais, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central (BC), afirmou que o Pix, sistema de pagamentos digitais instantâneos do Brasil, poderia ser incorporado ao sistema financeiro global.

Durante participação em um evento promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS) na Cidade do México, Galípolo disse: 

“O Pix tem potencial de integrar sistemas de pagamentos internacionais. Hoje, a tecnologia não é mais um obstáculo para essa conexão. Cada país pode ter seu próprio sistema de pagamento e a tecnologia poderá conectar diferentes sistemas de formas diferentes.”

Galípolo destacou que o BC se antecipou à corrida global por meios de pagamento mais eficientes – um dos principais casos de uso das criptomoedas – ao criar uma infraestrutura que viabiliza transações rápidas, baratas, simples e seguras.

Em seguida, acrescentou que o Pix está suficientemente maduro e dispõe da tecnologia necessária para expandir suas fronteiras além do território brasileiro:

“Dada a sua programabilidade, o Pix tem o potencial de permitir a integração em sistemas internacionais de pagamentos instantâneos.”

O principal desafio para o desenvolvimento e a implementação de um novo sistema de pagamentos global, segundo o presidente do BC, é chegar a um acordo comum sobre regras que respeitem as leis tributárias e de combate a crimes financeiros de cada jurisdição.

A adesão a um novo sistema de pagamentos internacional seria condicionada à aceitação das regras firmadas, sugeriu Galípolo:

“Para integrar o sistema de pagamento internacional, nós temos que estabelecer condições de concorrência equitativas, com o mínimo de regras comuns para pagamentos transfronteiriços.”

Brasil e o xadrez geopolítico

Como presidente do G20 em 2024, o Brasil defendeu o aprimoramento dos sistemas de pagamentos transfronteiriços, com o objetivo de facilitar a integração de sistemas, reduzir custos e ampliar a transparência em transações internacionais.

Em fevereiro de 2023, Roberto Campos Neto, ex-presidente do BC, revelou que o Brasil estava desenvolvendo um projeto de Pix Internacional com outros 4 países da América Latina: Colômbia, Chile, Equador e Uruguai.

Segundo Campos Neto, um sistema de pagamento comum tornaria desnecessária a adoção de uma moeda alternativa ao dólar, um assunto recorrente entre os países que compõem o BRICS.

Segundo especialistas em relações internacionais, o Brasil poderia acelerar o processo de desdolarização da economia global ao assumir a presidência do bloco em 2025, apesar das ameaças do presidente dos EUA, Donald Trump, conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil.

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