Resumo da notícia:
Paradigm lidera aporte de US$ 13,5 milhões na Crown, emissora da stablecoin atrelada ao real BRLV.
Investimento marca a entrada do VC, que conta com Coinbase e Uniwap em seu portfólio, no ecossistema cripto brasileiro.
Com foco institucional, BRLV se diferencia por oferecer rendimentos lastreados em títulos do Tesouro Nacional e agente de garantia.
O fundo de capital de risco (VC) Paradigm anunciou um investimento de US$ 13,5 milhões na Crown, emissora do BRLV, stablecoin atrelada ao real, voltada para instituições. O aporte da Paradigm fechou a rodada de financiamento de Série A da Crown, elevando o valor de mercado da startup cripto para US$ 90 milhões.
Fundada em 2018, a Paradigm é um dos principais fundos de capital de risco voltados para o financiamento de startups de criptoativos em estágio inicial de pesquisa e desenvolvimento.
O portfólio da Paradigm inclui projetos icônicos do mercado de criptomoedas, como a gigante Coinbase, a exchange descentralizada Uniswap (UNI), o protocolo de de staking da Ethereum (ETH) Lido (LDO), o mercado preditivo Kalshi e as soluções de camada 2 Optimism (OP) e Starkware (STRK), entre outros.
É a primeira vez que o fundo de capital de risco investe em uma empresa do ecossistema brasileiro de ativos digitais.
BRLV é focado em usuários institucionais
O BRLV foi idealizado como uma versão digital do real, lastreada em títulos do Tesouro Nacional de alta liquidez e totalmente interoperável, conectando Pix, sistemas bancários e mercados offshore ao ecossistema global de criptoativos.
Lançada em outubro deste ano, a stablecoin já ultrapassou US$ 360 milhões em subscrições com uma proposta de atender instituições financeiras do mercado tradicional, investidores estrangeiros, exchanges de criptoativos e plataformas de tokenização de ativos reais (RWA) com padrões de segurança e conformidade de nível bancário, afirma John Delaney, CEO e cofundador da Crown:
“Com uma infraestrutura institucional, auditada e alinhada à regulamentação do Banco Central, somos a primeira stablecoin do mundo a conceder aos holders garantia real sobre as reservas que lastreiam o token. Isso significa que, mesmo em cenários extremos, o usuário tem proteção jurídica plena sobre os ativos que garantem o BRLV.”
Em entrevista exclusiva ao Cointelegraph Brasil, Delaney explica que a Crown montou uma estrutura em que uma entidade separada, registrada no sistema Selic como agente de garantia, detém 100% das reservas do BRLV.
“Qualquer detentor do BRLV, mesmo quem compra no mercado secundário, caso haja algum problema operacional, pode recorrer ao agente de garantia e receber o dinheiro de volta das reservas”, afirma Delaney. “Isso é algo que, hoje, não existe no mundo das stablecoins de dólar”, acrescenta o executivo.
Outro diferencial do BRLV em relação às stablecoins líderes do mercado – o (USDT), da Tether, e o USD Coin (USDC), da Circle – é que sua arquitetura viabiliza o pagamento de juros aos seus parceiros institucionais de forma eficiente e automatizada.
O foco exclusivo no mercado institucional e a distribuição dos rendimentos provenientes das reservas são os diferenciais do BRLV em relação às demais stablecoins do real em circulação, afirma Delaney:
“Os juros no Brasil estão em 15% ao ano, então você não pode imaginar que vai conseguir crescer como a Tether sem compartilhar parte da renda de suas reservas.”
O compartilhamento do rendimento das reservas oferece uma vantagem competitiva para a Crown não apenas em relação aos seus concorrentes diretos no ecossistema cripto brasileiro, mas também no que diz respeito às instituições financeiras tradicionais.
Os investidores estrangeiros que buscam exposição ao real para se beneficiar dos juros altos praticados no país ganharam uma opção mais ágil e eficiente com o BRLV, explica Delaney:
“Hoje, a maneira como os estrangeiros podem acessar os juros no Brasil é muito complexa, cara e demorada. É preciso abrir uma conta em um banco brasileiro para depois comprar títulos públicos. Esse é um processo que pode levar de cinco a seis meses. A Crown consegue oferecer condições parecidas, se não melhores, com execução em um clique e liquidez 24/7.”
Além da Paradigm, a Crown conta com investimentos de Coinbase Ventures, Paxos, Framework Ventures, Valor Capital Group, Norte Ventures e Ed Wible, cofundador do Nubank, que também integra o Conselho de Administração da Crown.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, as stablecoins atreladas ao real movimentaram R$ 920 milhões em 2024, um volume ainda modesto se comparado aos US$ 13 trilhões movimentados pelas stablecoins pareadas ao dólar.