Resumo da notícia:
Bitcoin enfrenta teto de US$ 100 mil e risco de queda para a faixa de US$ 69 mil, aponta analista.
Tensões na Ásia, política monetária do Fed e temores de uma "bolha de IA" dificultam retomada da alta.
O ativo segue em tendência macro de baixa desde a máxima histórica.
O Bitcoin atravessa um período de consolidação com potenciais máximas limitadas a US$ 100.000 no curto e médio prazo, afirma Arthur Driessen, analista da Crypto Investidor. Segundo Driessen, o mercado de criptomoedas consolidou uma tendência macro de baixa desde as máximas históricas de US$ 126.000, atingidas em 6 de outubro.
O preço do Bitcoin (BTC) encerrou a primeira semana de dezembro estável, cotado a US$ 90.395, embora tenha oscilado na faixa entre US$ 83.600 e US$ 94.150.
A volatilidade da última semana reflete “um ambiente macro carregado de expectativas em torno do corte de juros, ajustes internos do próprio mercado cripto e eventos isolados que adicionaram ruído no curto prazo”, afirma Murilo Cortina, diretor de novos negócios da QR Asset, no boletim semanal de análise de mercado da gestora.
Desta vez, o freio a uma potencial retomada da tendência de alta se deve a turbulências originadas na Ásia, incluindo a possibilidade de aumento dos juros no Japão e uma nova ofensiva da China contra o mercado de criptoativos.
A China tornou ilegais operações com stablecoins, enquanto o Banco Central do Japão (BoJ) estuda medidas para conter a depreciação do iene frente ao dólar. Apesar do aumento das tensões no início da semana passada, os mercados financeiros se estabilizaram logo a seguir, destaca o boletim de mercado da Binance Research:
“Esses fatores negativos decorrentes de eventos pontuais foram compensados por uma inversão nas condições de liquidez macroeconômica e por uma recuperação contínua do sentimento especulativo no mercado de ações dos EUA.”
Para os analistas da Binance Research, o banimento das stablecoins na China não deve afetar a adoção dessa classe de ativos globalmente, e o espaço para aumento de juros no Japão é limitado.
A atenção dos investidores se volta para as políticas do Banco Central dos EUA (Fed). Dados recentes sobre a atividade econômica americana confirmaram a tendência de corte nos juros na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) na próxima quarta-feira, 10 de dezembro.
No entanto, as perspectivas de novos cortes em 2026 diminuíram. Segundo o boletim, espera-se que tanto o presidente do Fed, Jerome Powell, quanto os membros do FOMC adotem uma postura mais cautelosa a partir do ano que vem, visto que a inflação nos EUA se mantém resiliente:
“Dado que a maioria das autoridades expressou opiniões favoráveis à política monetária conservadora no mês passado, é provável que o corte de juros do FOMC em 10 de dezembro seja acompanhado por declarações igualmente restritivas. Assim como no corte de outubro, espera-se que Powell utilize uma linguagem cuidadosa para gerenciar as expectativas do mercado e evitar que os cortes de juros alimentem as expectativas de inflação.”
Dados da FedWatch Tool da CME apontam 87,4% de chance de um corte de 0,25% na quarta-feira. No entanto, o mercado antecipa que as taxas permanecerão inalteradas durante os últimos meses da gestão de Powell.
Bolha de IA e geopolítica são fatores de risco adicionais para o Bitcoin
Cortina alerta que, além do cenário macroeconômico, os temores acerca de uma possível “bolha de IA” têm se intensificado nos Estados Unidos, gerando pressão sobre os ativos de risco:
“Parte do mercado teme que a bolsa esteja adiantando resultados futuros em um ritmo talvez excessivo, o que, se revertido, poderia contaminar ativos de risco de forma mais ampla. Esse é um ponto de atenção legítimo e relevante para cripto, dado o grau de correlação parcial entre os ativos.”
O cenário geopolítico também pode agir como um catalisador para o aumento da volatilidade nos mercados. As negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia e um potencial ataque dos Estados Unidos à Venezuela são fatores momentâneos de instabilidade, segundo a Binance Research.
Análise de preço do Bitcoin
Após antecipar a queda do Bitcoin para a faixa dos US$ 80.000, o analista Arthur Driessen apresenta dois cenários possíveis para o Bitcoin no curto e médio prazo. Ambos confirmam que as criptomoedas estão em um mercado de baixa.
Segundo o analista, um eventual rali de alta estaria limitado à região entre US$ 97.000 e US$ 100.000, conforme o gráfico abaixo.
Uma eventual alta até esses níveis configuraria um rali de alívio antes da retomada da tendência de queda, “com projeções de preço na faixa entre US$ 69.000 e US$ 74.000”, afirma Driessen.
No entanto, em um cenário ainda mais pessimista, as máximas locais de US$ 94.000 teriam marcado o topo do rali de alívio após a recente correção, e o Bitcoin se encaminha para buscar novas mínimas, diz o analista:
“Dentro dessa leitura, os alvos permanecem na região entre US$ 69.000 e US$ 74.000, seguindo o padrão projetado para a conclusão desse movimento.”
Esse cenário se tornará válido caso o Bitcoin perca a linha de tendência de alta (LTA) destacada em azul no gráfico abaixo.
“O ponto-chave neste momento está no comportamento do preço em relação à LTA, mas os movimentos mais prováveis são de baixa”, conclui o analista.
Conforme noticiado recentemente pelo Cointelegraph Brasil, muitos analistas acreditam que os movimentos de alta do Bitcoin daqui por diante se caracterizarão como “armadilhas de touro” e preveem que o preço do BTC atinja mínimas de US$ 40.000 nos próximos meses.
Este artigo não contém conselhos ou recomendações de investimento. Todo investimento e operação comercial envolve risco, e os leitores devem realizar suas próprias pesquisas antes de tomar qualquer decisão.